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Abril Indígena destaca cultura, tradição e atual realidade dos povos originários do Brasil

por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana publicado 26/04/2019 20h53, última modificação 29/04/2019 12h28
Programação contou com a presença da indígena Opetahra Puri, que falou sobre sua experiência, luta e reconhecimento.
Abril Indígena 2019

Renan Torres administra o projeto nas redes sociais "Povos Indígenas do Brasil".

Centenas de alunos do IFF Bom Jesus se acomodaram no auditório Professora Amanda Celeste Pimentel nessa quinta-feira, dia 25, para assistirem à programação do Abril Indígena 2019. Músicas, depoimentos, conhecimento, compartilhamento de experiências e muito debate marcaram o dia reservado à valorização da cultura, história, tradição, atuação e presença dos povos originários brasileiros.

A abertura teve início às 8h30, com a palavra do diretor-geral do Campus Bom Jesus, Carlos Freitas. “Um evento como esse traz ao aluno outro olhar da realidade na qual as populações indígenas vivem. Precisamos mostrar aos estudantes como valorizar os povos que originaram nosso país, resgatar a cultura deles e tentar fortalecer uma política de reconhecimento da população indígena como cidadãos atuantes em nossa sociedade”, destacou.

O professor Renan Torres é bonjesuense, descendente da etnia Puri e estudioso da temática indígena há mais de 10 anos. “Pude me reconhecer enquanto ser por meio das questões indígenas, da construção do conhecimento nessa temática”, contou aos presentes. Participando do evento pela terceira vez, ele destacou a necessidade de superar preconceitos e ideias “fantasiosas” sobre o indígena brasileiro. “Conhecer mais sobre essa realidade é entender melhor os indivíduos e o próprio Brasil”, enfatizou.

Também descendente da etnia Puri, Opetahra Puri encantou a plateia com seus relatos sobre a ressurgência indígena na região. Ela ministrou a oficina de grafismo, explicando sobre os significados, rituais, espiritualidade e elementos utilizados na pintura, como o jenipapo e o urucum. Emocionou-se ao lembrar dos costumes deixados para se inserir na sociedade, em especial a troca da pintura corporal por roupas. “A pintura, além de ser nossa vestimenta, é a nossa escrita: ela fala com a gente”, analisou, explicando que é possível identificar uma série de informações nos traços desenhados na pele, como estado civil, número de filhos e até emoções como alegria e tristeza.

O principal aspecto destacado por Opetahra, contudo, foi a necessidade de esclarecimento sobre a presença e diversidade dos povos indígenas brasileiros. “Os alunos precisam se atualizar, para não ficarem naquela ideia estereotipada colocada nos livros, limitada a uma única raça, um único povo e uma única língua. As pessoas conhecem apenas o Guarani, mas temos 275 línguas, 306 povos. Os estereótipos dos livros, do índio moreno, de franjinha, cocar e nu, não existe. Somos diversos”, explica. Para o estudante Bruno Fernandes, do curso técnico integrado em Química, a interação proporcionada pelo evento foi a principal atração. “Quebrou o estereótipo que temos de que índio fica na oca, no meio do mato. Isso é muito importante. Esse ano foi ainda melhor do que a última edição”, avalia.

A aluna Vitória Costa Sampaio afirmou-se transformada pelo evento. Ela pôde conhecer elementos da cultura indígena e até fazer uso de alguns, como o urucum. "O Abril Indígena dá voz ao outro lado da história, porque a gente cresce e nosso conhecimento sobre o assunto é muito cheio de estereótipos. No evento todos eles são quebrados, porque ouvimos a história da boca dos próprios indígenas. Isso tem muito valor não só na nossa formação acadêmica, mas humanista: aprender a respeitar e abraçar a cultura do próximo", relata.

Quase quatro horas de debate encerraram a programação do dia, sob a mediação do projeto Cineclube Debates, coordenado pelo professor Rafael Tardin. Servidores, alunos de vários cursos do Campus Bom Jesus e membros da comunidade externa participaram da discussão, pensando sobre a contribuição dos indígenas nas relações humanas e alimentares, envolvendo alimentos funcionais e fitoterápicos. Visões técnico-científicas e saberes indígenas se encontraram por meio dos conhecimentos compartilhados por Opetahra, profissionais e estudiosos do assunto.

Feira Sabores, Saberes e Saúde – Também durante o evento aconteceu a segunda Feira Sabores, Saberes e Saúde, realizada quinzenalmente pela Rede Sabores e Saúde. Produtores rurais de toda a região ofereceram alimentos agroecológicos diversos, além de artesanatos, biscoitos, doces, entre outros.