CAMPUS CAMPOS CENTRO

Notícias

"A Colonização do ensino de Arquitetura", em exposição na entrada do Bloco B

por Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 19/10/2018 19h53, última modificação 23/10/2018 15h23
Projeto expõe relações étnico-raciais e de gênero para a reflexão em momento de renovação da matriz curricular do curso.
De quem e para quem?

Maquete com gráfico que reflete a bibliografia atual do Curso de Arquitetura e Urbanismo (Foto: Raphaella Cordeiro)

A exposição consiste na maquete de um gráfico que ilustra o quantitativo de escritores que publicam na área de arquitetura, considerando os seguintes recortes: nacionalidade, gênero e etnia. O levantamento dos dados para o projeto teve como base os autores que constam na primeira matriz curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo do Campus Campos Centro, feita há 12 anos atrás e que atualmente passa por um período de reformulação.

O trabalho foi idealizado pelo professor Zander Ribeiro que fez recentemente o Curso de Pós-Graduação Docência no Século XXI. Seu trabalho final da disciplina apresentou a análise do impacto da visão de gênero e relações étnicos raciais nas bibliografias do curso de arquitetura. O Centro Acadêmico, por sua vez, aderiu à ideia do professor e uniu forças para a realização da exposição. "A gente se juntou pra montar essa exposição, principalmente para ser exibida na semana de integração (recepção dos alunos novos)", explica o graduando Adelmecilio Júnior, do quinto período.

Visão de mundo - Segundo Zander, a ideia parte da frase do José Saramago: "a gente precisa sair da ilha para ver a ilha".  Os alunos e professores contam que o objetivo é ampliar os horizontes do curso e valorizar outras culturas nesse momento de renovação do curso. 

- A ideia é melhorar a visão do curso. Acredito que essa matriz vigente não foi montada com o objetivo de segregar, com objetivo de ser machista e sim nas boas intenções de quem assim fundou o curso. Então a ideia é sempre rever um lado existente e essa exposição traz isso. Infelizmente o resultado foi esse, pois retrata não somente uma visão do curso, e sim de toda uma visão do ensino brasileiro, e até mesmo ocidental. - comenta o professor.

O estudo revelou uma baixa diversidade de autores na bibliografia do curso, com a predominância de homens brancos europeus. Segundo a graduanda Letícia Siqueira, do quinto período, os autores brasileiros presentes tratam mais de assuntos relacionados às normas de arquitetura no país, enquanto as áreas que trabalham teoria e arte "a gente estuda muito os autores europeus" e que com isso "acaba esquecendo dos outros países e da importância que eles tiveram para a história da arquitetura", reflete Letícia conclui:  

- Será que existem esses autores e a gente não está querendo estudar? Ou será que eles nem chegaram a produzir conteúdos? Não é criticar o modelo atual, porque sabemos que foi feito da melhor maneira que poderia ter sido feito na época, mas como a gente está nesse período de atualização é importante trazer essas questões que são até novas, não discutimos esses assuntos da mesma forma como a gente discute hoje, então é importante trazer essas questões para que elas não fiquem esquecidas mais uma vez. - reflete ela.