Avaliação dos Possíveis Impactos Gerados pelo Manejo do Sistema Hídrico na Lagoa Feia, Região Norte do Estado do Rio de Janeiro

por Ronald Rocha publicado 24/09/2019 13h48, última modificação 03/12/2019 14h44

Vicente de Paulo Santos de Oliveira
 Manildo Marcião de Oliveira

A lagoa Feia é a maior das 132 lagoas existentes na região Norte Fluminense. Ocupa partes dos
municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes em uma área de aproximadamente 200 km². As
regiões de baixada que compõem a bacia hidrográfica da lagoa Feia, especialmente no seu entorno,
apresentam baixa declividade e são naturalmente suscetíveis a alagamentos nos períodos de chuva.
Durante esses períodos, o espelho d’água se ampliava até que a barra da lagoa se rompia, natura lmente.
Com o objetivo de minimizar esses alagamentos para ampliar as áreas de cultivo e pastagem, o pioneiro
José de Barcelos Machado abriu o canal do Furado em 1688, o que se configurou na primeira grande
intervenção antrópica no regime hídrico da lagoa Feia. Progressivamente foram sendo implementadas
obras para a ampliação de áreas cultiváveis, especialmente motivadas pela ampliação da cultura da
cana de açúcar, o “carro chefe” da economia da região. A partir do século XIX, vários estudos técnicos
são el aborados através de órgãos públicos e Comissões de Saneamento com a finalidade a subsidiar
intervenções no sistema hídrico regional. A partir da criação do Departamento Nacional de Obras de
Saneamento DNOS, em 1940, são erigidas inúmeras obras na bacia h idrográfica da lagoa Feia,
incluindo drenagem de áreas alagadiças, aberturas de barras, retificação de cursos d’água, abertura de
canais artificiais e construção de diques de contenção. A construção do Canal da Flecha em 1944
marcou o início de um período em que a interferência antrópica no nível da lagoa Feia se eleva a um
novo patamar. Isto evidenciado pela expressiva redução do espelho d’água de 290 km² em 1939
(imediatamente anterior à construção do canal da Flecha) para 200 km² em 2010. Recentemente,
p rodutores rurais e pescadores têm relatado processos de dessecamento de corpos hídricos, redução de
áreas de lagoas e salinização de corpos d’água. A lagoa da Ribeira, antigo braço da lagoa Feia,
localizada no município de Quissamã, tem se mostrado especia lmente sensível às manobras de abertura
e fechamento das comportas, uma vez que a mesma se localiza em cota média mais elevada que a
lagoa Feia, com a qual se comunica por meio de um canal. Neste trabalho buscou se avaliar a
procedência desses relatos e os possíveis impactos gerados pela operação do sistema de controle de
nível na lagoa Feia e seu entorno. Para se atingir este objetivo foram realizadas entrevistas com os
principais atores sociais envolvidos, levantamento de dados junto aos órgãos públicos, pesquisa de
campo para diagnóstico das condições da lagoa Feia e seu entorno e análises laboratoriais da água.
Palavras-chave : Obras de drenagem. Lagoa da Ribeira. Canal da Flecha

The Feia lagoon is the largest of 132 lagoons that exist in the Norte Fluminense region. It occupies
part of the Quissamã and Campos dos Goytacazes counties, covering an area of approx imately 200
km². The lowland regions that make up Feia lagoon’s watershed, especially around its perimeter, have
low declivity and are naturally susceptible to flooding during rainy seasons. During those periods, the
surface area grew until the lagoon’s ba r naturally ruptured. With the goal of minimizing those floods
to enlarge usable crop and pasture areas, pioneer José de Barcelos Machado opened the Furado Canal
in 1688, which became the first large scale anthropic intervention in Feia lagoon’s water regi me.
Constructions were progressively implemented to expand cultivable land, motivated by the expansion
of sugar cane crops., which were the most important commodity of the local economy. From the 19th
century onwards, many technical studies were elaborated through public agencies and Sanitary
Commissions with the goal of subsidizing interventions in the regional water system. Through the
creation of the Departamento Nacional de Obras de Saneamento DNOS, in 1940, multiple projects
were erected at the Feia lagoon watershed, including drainage of flooded areas, rupturing lagoons’
bars, straightening water courses, opening canals and building dikes. The construction of the Flecha
Canal in 1944 marked the beginning of a period in which the anthropic interferenc e in the Feia
lagoon’s water level reached a new level. This is evidenced by the expressive reduction in surface area,
from 290 km² in 1939(immediately before the building of Flecha Canal) to 200 km² in 2010. Recently,
farmers and fishermen have been repor ting drying processes happening in the water bodies, a
reduction in lagoon areas and water salinization. Ribeira lagoon, a former part of Feia lagoon, located
at the county of Quissamã, has been shown to be especially sensitive to the maneuvers of opening and
closing the floodgates, since it is located upstream of Feia lagoon, to which it is connected through a
channel. This article is aimed at evaluating the veracity of these reports and the possible impacts
generated by the operation of Feia lagoon’s leve l control system and its surroundings. To reach this
objective, interviews were conducted with the main people involved, data will be gathered with public
agencies, and field research will be done to diagnose the conditions of Feia lagoon, along with water
analyses.
Keywords : Drainage projects. Ribeira Lagoon. Flecha Canal.

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