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Consumo de bebida alcoólica por alunos preocupa equipe médica

por Vitor Carletti / Comunicação Social Campus Campos Centro publicado 16/09/2019 14h30, última modificação 17/09/2019 12h59
A Fiocruz divulgou em agosto o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira. No IFF Campos Centro, médicos relatam casos até de coma alcoólico entre alunos.
Equipe médica orienta sobre os malefícios do uso contínuo do álcool

Heloiza, Gabriela, Letycia, Wilza, Tatiane: equipe médica. (Foto: Rakenny Braga/Comunicação Social)

Considerada porta de entrada para o começo da dependência química, a bebida alcoólica tem tido espaço significativo na vida dos jovens de 12 a 17 anos, como apontou o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). E o álcool na vida dos estudantes tem sido presenciado pela equipe médica do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro, que se mantém preocupada com a situação.

Coordenadora do setor de Saúde e Qualidade de Vida do campus, a médica Gabriella Guedes afirma que, mesmo sendo lícita a venda e o consumo, a bebida é considerada uma droga e que o uso sistemático poderá levar ao desenvolvimento de uma cirrose hepática, pancreatite e até o agravamento da diabetes.

“Nos ambientes escolares geralmente é onde a gente encontra (a bebida alcoólica). Hoje a gente pode dizer que houve um aumento considerável, porque é onde a gente encontra a aglomeração desses adolescentes. Aqui no Campos Centro e conversando com médicos de outros campi, psicopedagogas de escolas municipais e estaduais a gente encontra um aumento. Na pesquisa (da Fiocruz) apontou esse aumento. Existe a preocupação, sim. Esses alunos estão na fase do desenvolvimento, tem um prejuízo intelectual e cognitivo”, alerta.

Iniciação - Segundo a pesquisa da Fiocruz, que é o levantamento mais completo sobre o uso de drogas no Brasil divulgado em agosto, 7 milhões de indivíduos menores de 18 anos disseram ter consumido bebida alcoólica na vida. A idade mediana de início de consumo foi de 15,7 anos, entre os homens, e 17,1 anos entre as mulheres.
Gabriella afirma que, para diminuir o consumo de bebida alcoólica entre os adolescentes, é preciso que os pais, professores, inspetores escolares e até os amigos fiquem atentos e incentivem a não consumir. “A gente faz acompanhamento multidisciplinar com psicólogos quando somos procurados”, disse.

A médica Heloiza Rangel disse que a bebida alcoólica é uma porta de entrada perigosa para outras drogas ilícitas, como a maconha e a cocaína, e que o uso precoce poderá levar à dependência química.

“Eu vejo que, na maioria das vezes, é uma forma de fuga deles (alunos) por estarem passando por algum drama familiar ou ausência da família. E aí eles tentam sufocar isso com o prazer da bebida. A gente encaminha para o psicólogo e quando o aluno é menor comunicamos aos pais. Já tivemos que remover um estudante para o hospital em coma alcoólico”, conta.

Contramão - Alunos do Curso Técnico de Eletrotécnica do campus, de 17 anos, relataram que é comum presenciar alunos da mesma faixa etária consumindo bebida alcoólica. “Sempre tem gente que fica bebendo e fumando, garotos da nossa idade. Isso não dá futuro. Eles deveriam se empenhar em ter uma carreira”, conta um.

“Acho que quem já consumiu fica incentivando o amigo a beber também. Tive um amigo que se envolveu com bebida e piorou o desempenho nos estudos”, relata o outro.
Os nomes dos alunos foram suprimidos porque a reportagem entendeu que o fato de eles serem menores de idade e o tema ser sensível e passível de críticas pelos responsáveis poderia acarretar desentendimentos, o que não é o objetivo.

O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira foi coordenado pela Fiocruz e contou com a parceria de várias outras instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton, nos EUA.