A Cadeia Produtiva da Silvicultura Como Opção de Desenvolvimento Sustentável Para as Regiões Norte e Noroeste Fluminense

BURLA, R.S. A cadeia produtiva da silvicultura como opção de desenvolvimento sustentável para as regiões Norte e Noroeste Fluminense. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. Campos dos Goytacazes: RJ. 2011, 160 p.
As regiões Norte e Noroeste Fluminense vêm ao longo das décadas experimentando declínio em suas atividades agrícolas tradicionais (café e cana-de-açúcar). Os fatores que fizeram com que a cana-de-açúcar, principal cultura agrícola, entrasse em declínio foram a extinção do PROÁLCOOL que investia pesados recursos financeiros e o preço do petróleo que a partir de determinado período passou a ser mais atraente do que o álcool. A partir do declínio destas principais culturas passou a dominar em termos de área a pecuária de leite e de corte de forma extensiva, utilizando-se de grandes extensões de terras. A pecuária nestas regiões tem sido historicamente conduzida com baixa tecnologia, em áreas inadequadas como, por exemplo, áreas de alto declive, o que tem levado a degradação ambiental. As regiões Norte e Noroeste juntas possuem aproximadamente 600.000 ha de pastagens. Este estudo objetiva investigar a inserção da silvicultura econômica nestas regiões. Foram levantadas diversas características
regionais necessárias para a viabilização da instalação da silvicultura e apontados alguns grandes empreendimentos ligados a cadeia produtiva da madeira. Foram analisadas as características populacionais, edafoclimáticas, uso e ocupação de solo, instituições que possam apoiar a atividade, legislação, entre outros. Foi percebido que a proposta de exploração de 88.710 ha pela silvicultura não compete com a produção de alimento nem interfere numa possível expansão da mesma, tendo em vista que apenas as pastagens ocupam cerca de 600.000 ha. Foram apontadas 11 espécies vegetais (nativas e exóticas) a serem cultivadas e estas foram selecionadas devido às condições edafoclimáticas adequadas, além das mesmas possuírem diversos tipos de utilizações. As análises simplificadas de custos de produção, retorno financeiro e de geração de empregos demonstram que somente na produção de matéria-prima (madeira em pé) é possível obter retorno atraente. Cabe ressaltar que este trabalho não apoia a exploração desta atividade na forma de monocultura, mas sim, um sistema de parceria formal entre empresário e produtor rural, onde a empresa fornece os meios necessários ao cultivo florestal e o produtor fornece a área e parte da mão-de-obra. Neste processo há ganhos para ambos e evita o êxodo rural. Neste modelo de exploração é possível ainda aliar outras atividades econômicas complementares como, por exemplo, a apicultura, produção de substrato, frutos, óleos essenciais, taninos, produtos medicinais e captação de recursos mediante aos créditos de carbono. Outra atividade que pode dinamizar a economia de determinadas localidades é instalação de Unidades de Produção de Mudas que venham atender as demandas por mudas para recomposição vegetal de áreas de preservação e demanda por mudas para exploração comercial. Tendo em vista a localização estratégica das regiões Norte e Noroeste Fluminense em relação ao Complexo Portuário do Açú, a disponibilidade de terras, condições edafoclimáticas adequadas a várias espécies, mercador consumidor local em franca expansão, as atividades propostas se bem conduzidas podem trazer grande benefício sócio-econômico-ambiental.