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“Porque Temos Esperança” encerra Mostra Cinema e Direitos Humanos
O documentário produzido por Susanna Lira mostra a jornada de uma mulher pernambucana, Marli Maria dos Santos, fundadora da Associação Pernambucana das Mães Solteiras, e sua rejeição a tudo aquilo que parece não ter jeito. Vivendo profundos dilemas na vida pessoal e na tentativa de reconstruir outras vidas, ela inicia uma trajetória pelos presídios de Recife, na intenção de que pais reconheçam seus filhos.
Durante a saga, depara-se com duras realidades de presidiários, cujas vidas são marcadas pela ausência dos pais e vê como este fator está diretamente ligado à entrada desmedida desses homens no crime.
Ela também encontra muitas mulheres grávidas que sangram o abandono por seus maridos, que cumprem pena em regime fechado. Estes, mesmo na prisão, nunca deixam de lado o sonho da paternidade, simbolizado pelo ato de assinarem seus nomes nas Certidões de Nascimento de seus filhos.
Marli é muitos elos. Une maridos e esposas separados por uma dura realidade social; pais e filhos que se perderam na busca por melhores condições de vida; e, sobretudo, reconstrói famílias duramente atingidas pela falta de humanidade do sistema penal brasileiro.
Marli também é subversões. Rompe fronteiras burocráticas para priorizar a vida humana; desconstrói barreiras e rejeições entre pais e filhos e leva esperança a quem parece fazer parte de um ciclo infinito de opressão.
Experimentando na própria pele a solidão por ter sido abandonada pelo marido dias após ter dado à luz, Marli mostra que o afeto pode ser redentor e que a falta de esperança é o mal mais intolerável para o ser humano.
“Durante o documentário, pudemos ver a realidade, ainda que tenha sido só uma gota do que acontece todos os dias e que ninguém vê. O projeto de Marli mostra a importância do papel da família na construção de valores”, afirma Rosimere Borges, presidente da Pastoral Carcerária Regional. “A gente anula o presídio. Não o consideramos parte da dinâmica social. Quando começarmos a encará-lo como parte, contribuiremos para a melhora da coletividade e para a eficácia do Sistema Penitenciário”, diz.
Além de Rosimere, estiveram presentes no debate os advogados Igor Mosiah Neres, do Centro Universitário Fluminense, e Suelange Andrade, da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Eles abordaram pontos importantes ligados ao registro civil de nascimento, à luz da lei e dos direitos de pais e filhos, ainda que encarcerados.
A 10ª Mostra Cinema e Direito Humanos iniciou no dia 02 de maio e encerrou no dia 05. Foram exibidos filmes com temáticas variadas, que proporcionaram debates ligados ao direito à memória, à educação, à participação política e à verdade. Além disso, diversidade religiosa, combate à fome e direitos da população afrodescendente também entraram no rol das discussões. Daniela Bogado, uma das organizadoras do evento, avalia positivamente a programação. “Tivemos uma semana de filmes muito bons e com debates bastante produtivos e esclarecedores”, finaliza.
Comunicação Social da Reitoria