Uso de Tipos Funcionais de Plantas para o Zoneamento Ambiental em Unidades de Conservação em Uma Área de Restinga

As restingas, ecossistemas associados ao Bioma Mata Atlântica, são caracterizadas por vegetação primária influenciada pelo mar, apresentando uma fisionomia única com diversas espécies endêmicas. Sua importância está não somente na sua biodiversidade, mas também pelos serviços ecossistêmicos oferecidos. Devido a sua localização privilegiada na região litorânea do país, a restinga sofre intensa degradação. Diversas Unidades de Conservação (UC) vem sendo criadas a fim de frear essa degradação acelerada. Na conservação de áreas protegidas diversos são os desafios, dentre eles a implementação dos instrumentos de gestão, como o plano de manejo. O número de UCs sem planos de manejo é preocupante e toda forma de auxílio visando facilitar esse processo é importante para mudar este cenário. Dentre as etapas envolvidas na elaboração de um plano de manejo está o diagnóstico da vegetação, onde após levantamento de dados primários e/ou secundários obtêm-se informações importantes para a gestão da UC como os tipos de fitofisionomias. Os dados sobre o meio biótico e abiótico da UC irão embasar o seu zoneamento ambiental, onde a mesma é dividia em diferentes zonas com normas e objetivos específicos. Na primeira parte deste trabalho, foram analisados os diagnósticos de vegetação nos planos de manejo de UCs da categoria Parque em áreas de restinga. Para isto, foi feita uma pesquisa no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) para localizar quais Parques ficam localizados em áreas de restinga e foi pesquisada a existência de seus planos de manejo. Os resultados mostraram que 75% dos Parques encontrados nas pesquisas apresentavam planos de manejo, diferente da média nacional de 37%. Dos 18 planos de manejo analisados, 15 utilizaram dados secundários e os validaram com dados primários, dados primários estes coletados na maioria das vezes através da metodologia Avaliação Ecológica Rápida (AER). Na segunda parte foi analisado o potencial da metodologia de análise e classificação da vegetação através de gradsects como uma ferramenta de auxílio no zoneamento ambiental em UCs. Foram instalados 46 transectos ao longo do gradiente praia-interior, amostrando 9 fitofisionomias de restinga no Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), Guarapari, ES. Foram registrados nos transectos todos os indivíduos de espécies de vegetais vasculares. Ao todo foram registradas 247 espécies, pertencentes a 84 famílias, sendo 96% destas espécies pertencentes ao grupo das angiospermas. A diversidade Shannon encontrada foi de h’=3,35, superior a maioria dos trabalhos realizados em restinga com outras metodologias. A análise de agrupamento de espécies apontou um elevado número de espécies indicadoras de fitofisionomias. A análise dos planos de manejo de UCs da categoria Parque, em áreas de restinga, revelou que grande parte dos levantamentos in loco são realizados através de metodologias de levantamentos rápidos, mostrando a importância deste tipo de metodologia na gestão das UCs, não só pela necessidade da elaboração dos planos de manejo, mas também para fornecer dados com rapidez aos gestores para que sejam tomadas ações tão rápidas quanto o surgimento de problemas. A metodologia de levantamento rápido da vegetação por gradsects baseada nos tipos funcionais de planta (TFP) possui potencial para ser utilizada por gestores de UCs uma vez que fornece dados rápidos, como as espécies que compõe uma comunidade vegetal, sua diversidade e uma relação de espécies indicadoras de fitofisionomias. Assim, esta metodologia é altamente recomendada para auxiliar na elaboração do zoneamento ambiental e no diagnóstico da vegetação de UCs, ajudando assim na elaboração de planos de manejo e na tomada de decisões pelos gestores.

Palavras-chave: Plano de Manejo, Unidade de Conservação, Restinga, Tipos Funcionais de Planta.