A UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS PARA A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DO APLICATIVO PESCADO LEGAL

por Thamiris Menezes de Souza publicado 13/02/2020 14h46, última modificação 20/10/2023 16h34

Orientador: Dr. Breno Fabrício Terra Azevedo

Coorientadora: Dra. Mônica Armond Serrão

A Educação Ambiental Crítica busca refletir acerca das relações de poder na sociedade, e dela sobre o meio ambiente, a fim de estimular a autonomia de grupos vulneráveis, como os de pescadores artesanais. A atuação profissional da autora em um Projeto de Educação Ambiental (PEA) possibilitou a convivência com pescadores artesanais e suas dinâmicas de trabalho. Percebeu-se que esses sujeitos, em sua maioria, trabalham em condições precárias e não recebem um retorno financeiro satisfatório, especialmente se for considerado o alto valor comercial de pescado para o consumidor final. A diferença de valores que não é percebida pelos pescadores concentra-se em outros agentes. A observação desses fatos motivou a autora em sua pesquisa, tendo em vista a possibilidade de auxiliar diversos grupos de trabalhadores da pesca artesanal, em estado de vulnerabilidade socioambiental, na busca por autonomia e emancipação econômica e social. Nesse contexto, a pesquisa teve por objetivo fomentar a Educação Ambiental Crítica junto aos trabalhadores da pesca artesanal por meio da utilização de um aplicativo em dispositivos móveis. O trabalho teve uma abordagem qualitativa, caracterizada como pesquisa-ação. Para tanto, ele foi dividido em três etapas: Pesquisa exploratória, Desenvolvimento do produto educacional e Avaliação do produto educacional. Os instrumentos de coleta de dados empregados foram entrevista semiestruturada, baseada em um formulário, questionário e diário de campo. Os dados foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva. Como resultados da primeira etapa deste trabalho, foram estabelecidas as perguntas do formulário; definiu-se o Grupo Gestor de Cabo Frio como público para a realização da entrevista e avaliação do aplicativo; e realizou-se a entrevista. Os dados obtidos apontaram para o interesse dos pescadores no desenvolvimento do software educativo proposto, considerando-o como um meio de transpor a relação de subordinação vivida pelo grupo. Nessa etapa também foram coletadas sugestões para o aplicativo, além de ter sido definido o seu nome: Pescado Legal. Na segunda etapa da pesquisa, desenvolveu-se o aplicativo Pescado Legal como produto educacional. O software possui recursos para conectar pescadores artesanais a compradores de pescado e contém materiais educativos que estimulam o pensamento crítico acerca da organização social e do comércio justo. A terceira etapa desta pesquisa foi realizada tanto com os trabalhadores da pesca, quanto com os educadores socioambientais do PEA Pescarte. Com os trabalhadores da pesca, percebeu-se o interesse pelo aplicativo, que foi contraposto pela sua subutilização. Acredita-se que este fato ocorreu devido à dificuldade que os sujeitos encontram em romper com as relações sociais já estabelecidas. Pela impossibilidade de avaliar o software com o grupo, fez-se necessária uma reestruturação da pesquisa. Assim, o Pescado Legal foi avaliado pelos educadores socioambientais do PEA Pescarte por meio de um minicurso. Os educadores aprovaram o Pescado Legal enquanto recurso auxiliador para a classe pesqueira. A usabilidade do aplicativo foi considerada adequada. Os conteúdos educativos e materiais de divulgação também foram aprovados, com algumas sugestões de melhorias. Com base nos dados coletados, pode-se concluir que, apesar dos contratempos observados na avaliação do aplicativo com os trabalhadores da pesca, tanto este grupo quanto os educadores socioambientais consideram que o Pescado Legal pode auxiliar o processo de construção da autonomia de pescadores artesanais, conferindo-lhes visibilidade e oportunidade para alcançar outras formas de comercialização. No entanto o software deve estar vinculado a um processo pedagógico que promova uma reflexão crítica acerca das injustiças socioambientais sofridas pela classe. 

Critical Environmental Education seeks to reflect on the relations of power in society and of it on the environment, in order to stimulate the autonomy of vulnerable groups, such as artisanal fishermen. The author's professional performance in an Environmental Education Project (EEP) made it possible to live with artisanal fishermen and their work dynamics. It was noticed that these subjects, in majority, work in poor conditions and do not receive a satisfactory financial return, especially when considering the high commercial value of fish for the final consumer. The difference in values that is not perceived by fishermen is concentrated on other agents. The observation of these facts motivated the author in her research, considering the possibility of assisting several groups of artisanal fishing workers, in a state of socio-environmental vulnerability, in the search for autonomy and economic and social emancipation. In this context, the research aimed to promote Critical Environmental Education among artisanal fishing workers through the use of an application on mobile devices. The work had a qualitative approach, characterized as action research. To this end, it was divided into three stages: Exploratory Research, Development of Educational Product and Evaluation of Educational Product. The data collection instruments used were semistructured interviews, based on a form, questionnaire and field diary. The data were analyzed using Discursive Textual Analysis. As a result of the first stage of this work, the questions on the form were established; Cabo Frio's Managing Group was defined as a public for the interview and evaluation of the application; and the interview took place. The data obtained pointed to the fishermen's interest in the development of the proposed educational software, considering it as a means of overcoming the subordination relationship experienced by the group. In this stage, also were collected suggestions for the app, as well as defined its name: Pescado Legal. In the second stage of the research, the application Pescado Legal was developed as an educational product. The software has features to connect artisanal fishers to fish buyers and contains educational materials that encourage critical thinking about social organization and fair trade. The third stage of this research was conducted with both fishery workers and EEP Pescarte's social-environmental educators. With the fisherman, the interest in the application was noticed, which was opposed by its underutilization. It is believed that this fact occurred due to the difficulty that the subjects find in breaking with the already established social relations. Due to the impossibility of evaluating the software with the group, a restructuring of the research was needed. Thus, the Pescado Legal was evaluated by the environmental educators of EEP Pescarte through a short course. Educators approved Pescado Legal as a helper resource for the fishing class. The usability of the application was considered adequate. The educational content and promotional materials were also approved, with some suggestions for improvements. Based on the data collected, it can be concluded that, despite the setbacks observed in the evaluation of the application with fishermen, both groups believe that the Pescado Legal application can help the process of building the autonomy of artisanal fishermen, giving them visibility and opportunity to reach other ways of commercialization. However, the application must be related to a pedagogical process that promotes a critical reflection on the socio-environmental injustices suffered by the class. 

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