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Circuito Difusão
Evento promove debate sobre os Direitos Humanos
Documentário exibido narra a história do sequestro de 500 crianças durante a ditadura militar na Argentina.
Os horrores da ditadura argentina (1976-1983), a importância da democracia e a fragilidade dos direitos humanos foram retratados com sensibilidade pelo diretor Alexandre Valenti no documentário emocionante 500 – Os Bebês Roubados Pela Ditadura Argentina (Argentina/Brasil – 2013), que aborda mais um de tantos episódios cruéis das ditaduras e que não podem ser esquecidos pela história para que não se repitam nunca maise para que a sociedade entenda como é difícil a luta pela conquista de um direito.
O filme apresenta o trabalho incansável da Associação das Avós da Praça de Maio, fundada por mulheres argentinas cujos filhos e netos foram sequestrados durante o período ditatorial. Os homens e mulheres eram mortos e as crianças levadas para adoção ou abandonadas; as mulheres grávidas eram levadas para cativeiros onde tinham seus bebês, que também eram seqüestrados e elas, torturadas e mortas. Os corpos eram jogados de um avião no meio do oceano.
Mais do que o horror do período, o documentário também emociona ao contar a luta dessas avós e a emoção ao reencontrarem seus netos anos depois ou até mesmo de conhecê-los, de encontrá-los pela primeira vez. Das 500 crianças desaparecidas nos oito anos de ditadura argentina, 113 foram encontradas até o ano de 2013 em processos longos que permearam a luta por direitos e por justiça. A Argentina detém o 1° banco de genética do mundo, fundado para auxiliar a identificação e prova da identidade das crianças seqüestradas. É um país também reconhecido pela condenação e prisão de militares como o ex-presidente, o comandante Jorge Rafael Videla.
“A história narrada pelo filme é uma violação dos direitos humanos e nos faz pensar por que isso acontece e como aconteceram há um tempo muito recente”, falou a professora Guiomar Valdez convidada para mediar o debate após a exibição. Ela relembrou que os Direitos Humanos nasceram em 1948, mas hoje, em 2016, ainda não podemos dizer que se realiza na prática. “Construímos a possibilidade de uma sociedade com direitos, mas a realidade nos mostra as contradições estruturais de um sistema capitalista que é excludente e desigual por si só, apesar de um discurso de liberdade, igualdade e fraternidade”, argumentou.
Guiomar relembrou a ditadura brasileira, muito mais longa que a Argentina, mas tão cruel quanto, e como que os Direitos Humanos previstos em lei só foram incorporados nestes países mais recentemente, no final dos regimes ditatoriais.
“Qualquer conquista de um direito é um desafio e é instável dentro de um modelo capitalista. Lutamos para ter direitos, para avançar nas garantias e, às vezes, lutamos para não perder direitos, mas sempre serão limitados e frágeis, por isso devemos lutar e estar sempre atentos”, finalizou.
Nesta terça-feira, serão exibidos dois filmes: O Muro é o Meio de Eudaldo Monção Jr. (Brasil-2014) e Abraço de Maré de Victor Ciriaco (Brasil-2013), às 17h, no auditório Reginaldo Rangel. Veja a programação completa AQUI.
Ferdinanda Maia / Comunicação Social da Reitoria