O Ensino de História Na Educação Profissional E Tecnológica, Potencialização da Temática Escravidão: Um Estudo A Partir das Cartas de Liberdade (1885-1888)

Diversos paradigmas nortearam as interpretações sobre a escravidão, a exploração da mão de obra negra, as relações sociais entre senhores e escravizados, as lutas de resistência, às estratégias de sobrevivência desses sujeitos e o processo abolicionista no Brasil. Nesse contexto, o presente estudo aborda a escravidão africana no Brasil, tema recorrente na historiografia nacional. A partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, novas abordagens sobre a escravização emergiram, impulsionadas por pesquisas em arquivos municipais e pela valorização de fontes documentais pouco exploradas.
Inserida nesse movimento de revisão dos modelos explicativos da escravidão, esta pesquisa destaca uma proposta de educação antirracista por meio da utilização das Cartas de Liberdade — instrumentos pelos quais os escravizados pleiteavam sua alforria —, revelando aspectos das relações sociais e das estratégias de resistência. A questão-problema que orientou o estudo foi: de que maneira o conhecimento de outra versão sobre o período escravista no Brasil pode contribuir para o desenvolvimento de uma mentalidade antirracista nos estudantes do curso Técnico em Alimentos Integrado ao Ensino Médio do IFF Campus Bom Jesus do Itabapoana? O objetivo geral da pesquisa foi promover o uso das Cartas de Liberdade como fontes primárias de conhecimento histórico, contribuindo para que os estudantes desenvolvessem novas referências sobre a resistência e a luta dos afrodescendentes escravizados, reconhecendo-os como agentes históricos e favorecendo, assim, a construção de uma educação antirracista. O percurso metodológico adotado baseou-se em três procedimentos: pesquisa bibliográfica, documental e de campo. As fontes primárias foram localizadas no Centro de Documentação de Carangola, em Minas Gerais. Para a construção da base teórica, recorreu-se à pesquisa bibliográfica, tendo como referência conceitual os seguintes autores: Costa (1966), Chalhoub (1990), Castro (1998) e Slenes (1999). Desenvolveu-se um Produto Educacional na forma de minicurso, com foco na utilização de fontes primárias como recurso pedagógico, com o objetivo de abordar criticamente o contexto da escravidão e valorizar os sujeitos históricos africanos e afrodescendentes. Os resultados apontaram que é fundamental apresentar as questões étnico-raciais por uma ótica distinta da narrativa eurocêntrica, valorizando a riqueza cultural das sociedades africanas, suas tradições, saberes e atos de resistência. O minicurso possibilitou que os estudantes reconhecessem os escravizados como protagonistas históricos, contribuindo, assim, para a ampliação de sua formação cidadã e crítica, fortalecendo a proposta de uma educação comprometida com a equidade racial.
Palavras-chave: Novos paradigmas educacionais; educação antirracista; Cartas de Liberdade; resistência; NEABI.