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Projeto de Quissamã concorre a prêmio
“A história não foi feita para ficar retida e sim para ser liberta”. A declaração é de Helianna Barcellos de Oliveira, mais conhecida com D. Leninha. Aos 78 anos de idade, ela acumula memórias e documentos da história do município de Quissamã, uma missão que guia sua vida há 20 anos, quando retornou para sua cidade natal por um único objetivo: desenvolver o projeto “Quissamã Memória Viva”.
“Morei 40 anos em Niterói, tenho quatro filhos e 10 netos. Sempre pensei em retornar para minha cidade, mas para fazer algo pela história. E faço pelo amor que tenho por Quissamã e pelo passado”, diz.
Para abrigar o projeto, ela cedeu sua própria casa, onde mora em meio a jornais de época, com data de 1881, por exemplo, fitas cassetes com entrevistas de pessoas ligadas ao Engenho Central de Quissamã, mapas, objetos antigos e todo um acervo documental que constitui um registro da história do município, resgatada ao longo desses anos.
O espaço-casa de D. Leninha chama-se Espaço Cultural José Carlos de Barcellos e já se tornou uma referência. Recebe visitas de pesquisadores de todo o Brasil e estudantes em busca de informação. Ela mesma já participou de dois documentários: “O Gancho”, produzido pelo IFFluminense, e “Areias de Quissamã”, da UFRJ; e escreveu o livro “Mascate de sonhos. Memória de uma Quissamaense”.
Agora, D. Leninha colhe os frutos e o reconhecimento do trabalho desenvolvido nessas duas décadas. Inscrito no Prêmio Brasil Criativo, o projeto está entre os seis semifinalistas da categoria “Arquivos”, ao lado de três projetos do estado de São Paulo e dois de Brasília.
“Não é incrível? Representar o estado do Rio de Janeiro?”, pergunta D. Leninha em uma conversa descontraída ao telefone. “Jamais imaginei que, aos 78 anos, o projeto que mantenho sozinha chegaria até aqui, o que já está de bom tamanho”, arremata.
Para o projeto ser vencedor, é preciso que as pessoas votem, e qualquer um pode contribuir acessando o link http://bit.ly/memoviva até o dia 10 de novembro de 2014. É possível votar todos os dias e, quanto mais votos, mais chances o representante da região tem de passar para a próxima fase.
Amante da história, mas super conectada, D. Leninha já iniciou campanha em sua página no Facebook para pedir votos e “continuar este sonho”, que “desde sempre” teve vontade de realizar. “Estou vivendo uma doce loucura”, diz sobre a expectativa em relação ao Prêmio.
Parceria com IFFluminense: D. Leninha foi incentivada por servidores do IFFluminense, o arquivista Ramon Maciel e o bibliotecário André Luiz Silva, a se inscrever no concurso. Quando chegou a Quissamã há cerca de um ano, vindo do Rio de Janeiro, André ficou tão impressionado com a quantidade de materiais abrigados no Espaço Cultural José Carlos de Barcellos que propôs um projeto de extensão voltado para a organização desses documentos.
Intitulado “Espaço cultural José Carlos de Barcellos: lugar de memória”, o projeto tem por objetivo realizar um trabalho de intervenção para a preservação, conservação e divulgação dos documentos ali presentes.
“Estamos, inclusive, buscando uma parceria com a Escola de Museologia da UniRio, que já esteve no local para conhecer o projeto. D. Leninha tem tanta sensibilidade que, ao longo desse tempo, procurou manter todo o acervo bem organizado. Iremos auxiliá-la nessa organização, bem como digitalizar documentos e reproduzir em sistema digital as cerca de 100 fitas cassetes”, explica André.
Entusiasta da história e do trabalho realizado no Espaço Cultural, André está na torcida pela vitória do projeto de Quissamã. “Ela merece por um conjunto de fatores; principalmente, porque desenvolveu um trabalho não para ela, e sim para toda a sociedade”, diz.
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(Publicada em: 04/11/14)