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Academia Brasileira de Letras dialoga com parceiros sobre projeto de utilização do Solar da Baronesa

por Comunicação Social da Reitoria publicado 30/07/2019 14h29, última modificação 30/07/2019 17h09
Instituições e poder público devem consolidar parceria educacional e cultural para uma gestão compartilhada do espaço.
Academia Brasileira de Letras dialoga com parceiros sobre projeto de ocupação do Solar da Baronesa

Reunião aconteceu na Reitoria do IFF, em Campos (Foto: Tiago Quintes).

 Após uma primeira tentativa junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para captação de recursos para o projeto que prevê a restauração e utilização educacional e cultural do Solar da Baronesa, em Campos-RJ, representantes da Academia Brasileira de Letras (ABL), proprietária do espaço, e das instituições e entidades interessadas participaram de uma reunião para discutir ideias e consolidar a proposta de gestão compartilhada do Solar que contemple as exigências do órgão de financiamento, nessa segunda-feira, 29 de julho, na Reitoria do Instituto Federal Fluminense (IFF).

 Desde abril do ano passado que a ABL dialoga com lideranças políticas e entidades culturais e da educação do município para o desenvolvimento do projeto intitulado “Espaço Cultural e Educacional Solar da Baronesa: Centro de Referência e Pesquisa do Norte Fluminense”.

 Orçada em 11 milhões de reais, a proposta apresentada ao BNDES prevê a restauração do Solar e a ocupação com projetos da Academia, tais como: biblioteca, sala de consulta a acervos digitais, capacitações envolvendo estudantes e professores de Letras, projetos, oficinas e estudos sobre o próprio solar, questões afrobrasileiras e indígenas e exposições.

 “Este mosaico de ações foi apresentado ao Banco que disse ser interessante ampliar a cartela de atividades, indicar quais outras poderiam ser desenvolvidas, como o Solar seria mantido e quais as alternativas”, explica Jaime Antunes, vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), convidado pela ABL para elaboração do projeto. A nova proposta deverá ser apresentada em novembro atendendo aos requisitos exigidos pelo BNDES, em especial, aqueles que garantem a sustentabilidade do espaço.

 “É preciso ficar claro o compromisso dessa sustentabilidade. O que vai caber a cada parceiro nesta gestão compartilhada junto com a ABL para a manutenção e uso a longo prazo”, complementa Myriam Gama, assessora de projetos da Academia.

 Questões como mobilidade, acesso ao Solar da Baronesa, envolvimento das comunidades do entorno em projetos, segurança, reconhecimento da historicidade regional e do país, valorização e resgate das raízes afrobrasileiras e indígenas e ações para que o espaço seja tão cultural quanto formativo foram levantadas para discussão e reflexão.

 “Este é mais um passo que estamos dando neste projeto que tem uma importância muito grande para o município, para o resgate daquele espaço, enquanto um local cultural e educativo", destaca o reitor do IFF, Jefferson Manhães.

 A próxima etapa agora é definir com precisão a responsabilidade de cada parceiro e suas linhas de ocupação para incluir no projeto a ser reapresentado bem como fazer uma planilha de custos e analisar a questão jurídica que envolveria um consórcio entre as partes. Um novo encontro foi agendado para o dia 10 de setembro.

 “A reunião foi ótima, adiantamos o que se pretende e a parceria tem tudo para dar certo”, destacou Myriam. “Agora é buscar o consórcio que se pretende formar para a sustentabilidade do projeto”, finalizou.

 Cristina Lima, presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima da Prefeitura de Campos, disse ser importante a definição do que cada parceiro poderá contribuir. Pela prefeitura, ela disse haver total interesse no projeto, mas que ainda será necessário analisar as condições orçamentárias.

 O IFF, que vem acompanhando o trabalho desde o ano passado, se coloca como parceiro, inicialmente, no incentivo ao desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão e oferta de cursos de Formação Inicial e Continuada, além da possibilidade de um centro de estudos das instituições de ensino superior do município. Para o reitor, Jefferson Manhães de Azevedo, a reunião foi necessária para o fortalecimento dos atores envolvidos e os ajustes da proposta a ser submetida ao BNDES.

 “Este é mais um passo que estamos dando neste projeto que tem uma importância muito grande para o município, para o resgate daquele espaço, enquanto um local cultural e educativo, mas que resgate o histórico da escravidão e também das comunidades tradicionais indígenas, e que aponte para o futuro. Neste momento, é a busca da sustentabilidade e de ver de fato quais são os parceiros que vão estar juntos na coautoria deste projeto”, finaliza Jefferson.

 Participaram da reunião, além dos já citados, o arquiteto Humberto Chagas, autor do projeto de restauração; Sandra Maia, do Conselho da Igualdade Racial; Nilza Franco, do Fórum Municipal de Economia Solidária. Pelo IFF: Carlos Márcio Lima, diretor de Desenvolvimento de Políticas Estudantis, Culturais e Esportivas; Jonas Defante, coordenador de Políticas Culturais e Diversidade; Maurício Vicente, chefe de Gabinete. Pela Prefeitura: Pedro Lima, chefe de Gabinete da FCJOL; a gerente de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Educação, Aline Nogueira; Helio Montezano, superintendente de Entretenimento e Lazer; e a diretora de Pesquisas da Superintendência da Igualdade Racial, Simone Pedro.

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Solar fica na BR 356 Campos-Itaperuna (Foto: Prefeitura de Campos).Sobre o Solar da Baronesa: O Solar, que ocupa uma área de 17.730 m², na BR 356 Campos-Itaperuna, foi sede da Fazenda São Francisco de Paula, do Barão de Muriaé – Manuel Pinto Netto da Cruz -, que começou a construí-lo em 1843. Em 1881, com a morte da esposa de Manuel, já falecido, o imóvel passou para os filhos até ser vendido.

 As terras passaram a compor a propriedade da Usina Sapucaia. Na década de 1970, o presidente da ABL, Austregésilo de Athayde, em visita à região, manifestou o interesse pela propriedade com vistas à instalação de uma das maiores bibliotecas do mundo, além de um Instituto Internacional de Cultura, o que não foi concretizado. O termo de doação à ABL foi assinado em 1973, mas a incorporação à Academia ocorreu em 1977 quando também houve o início de um processo de restauração. O casarão, que conta com 32 quartos e cinco salas, foi tombado pelo Iphan em 1974 (Informações extraídas do projeto de restauração e ocupação da ABL).