CAMPUS BOM JESUS DO ITABAPOANA

Projeto de extensão Cineclube Debates

Colaboradores: william.gil@gsuite.iff.edu.br
Conheça aqui um pouco mais do nosso projeto

banner do cineclube debates

 

 

 

Nascimento

       O Cineclube Debates nasceu em sala de aula enquanto um experimento didático-formativo no ensino de Filosofia. No intuito de promover um contato diferenciado com os conteúdos filosóficos mediado pela arte, em específico manifestações audiovisuais, as sessões de exibição e discussão se iniciaram nas aulas semanais (uma de cinquenta minutos, por turma, por semana). Com o passar das sessões, os tempos de aula, que desde sempre eram limitadores, passaram a ser obstáculos reais mediante a demanda de tempo e espaço para o desenvolvimento dos debates. Logo, as sessões passaram a ocorrer além do tempo normal de aula, depois do turno, onde não estavam mais atrelados à exigência de presença, nem de pontuação. Ou seja, participavam das sessões quem estava interessado e movido pelo ímpeto da busca por um contato maior e agora não somente por conteúdos filosóficos, mas também com conteúdos de diversas disciplinas e Ciências distintas como Sociologia, Psicologia, História, Geografia, Física, Biologia e demais disciplinas do corpo de cursos técnicos do IFFluminense. Aqui, partindo de um exercício interdisciplinar, testemunhamos o nascimento do esboço de uma possível metodologia, pautada numa relação orgânica entre áreas científicas, temas, conteúdos curriculares, alunos e professores de diferentes disciplinas e escolas. Assim, os muros que separavam os processos comunicativos com a comunidade foram sendo lentamente rompidos e verdadeiras pontes se ergueram solidificando assim um trabalho em rede.

       Diante dessa perspectiva, as relações de ensino, pesquisa e extensão construídas no decorrer dos anos, por meio do uso linguagens alternativas evidenciaram possibilidades educacionais e extensionistas cujas ações cumprem com as finalidades previstas na proposta institucional do IFFluminense.

 

Trajetória

        Em meio aos seus cinco anos de existência, foram desenvolvidos mais de trezentos debates, envolvendo em média um público de vinte a trinta pessoas por evento, os quais buscaram abordar temas relevantes para o campo filosófico, social, político, técnico-científico, educacional e cultural. Tais ações buscavam a integração e o desenvolvimento de laços entre os diferentes núcleos e projetos, dentro e fora do IFFluminense. Parcerias foram feitas com o NUGEDIS (Núcleo de Estudos sobre Gênero, Diversidades e Sexualidades), Centro de Memória e NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) do Campus Bom Jesus e de outros campi do IFFluminense.

      A integração com o ensino também norteou as ações do projeto, na medida em que dezenas de sessões de exibição e discussão foram realizadas tendo como público alvo alunos e professores dos cursos técnicos de Meio Ambiente, Informática, Agropecuária, Alimentos e Química.

      No ano de 2015, numa parceria com o Espaço Cultural Luciano Bastos (ECLB), o cineclube conduziu e mediou uma série de sessões no Circuito Difusão - 10ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, envolvendo alunos e membros da comunidade de Bom Jesus. Realizada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, com produção do Instituto Cultura em Movimento, parceria com o Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras, do BNDES e da Caixa Econômica Federal, o circuito principal da 10ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Mundo aconteceu entre os meses de novembro e dezembro de 2015.

       Tal iniciativa de promoção da cultura e da educação em direitos humanos celebra há uma década o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948. A Mostra dedica-se a apresentar obras audiovisuais que discutem temas atuais de Direitos Humanos, como o combate à pobreza, direito à educação, diversidade religiosa, direito da população afrodescendente, direito à participação política, registro civil de nascimento, infância e direito à memória e à verdade.

       O Cineclube Debate esteve presente em uma série de eventos acadêmicos no decorrer desses anos. Em 2017, no VIII Seminário Nacional de Sociologia e Política, apresentamos o esboço de nossa metodologia junto à artigos e trabalhos acadêmicos de diversas partes do Brasil. O trabalho, desenvolvido em parceria com o professor Wallace da Silva Mello, teve por objetivo apresentar as construções no campo o ensino-aprendizagem entre linguagem audiovisual e educação sob a perspectiva das disciplinas de História e Filosofia.

     Algumas das ações realizadas nesses 6 anos se destacam pela riqueza na produção de saberes e pela abrangência nacional. Dentre estes, podemos citar a 1º Mostra de Cinema nas Aldeias Xavante, realizada no ano de 2017 em parceria com a FUNAI (Fundação Nacional do índio) que envolveu mais de 300 (trezentos) alunos, 6 (seis) instituições de ensino espalhadas pelo estado e um grupo de 18 docentes numa jornada itinerante de 3 (três) meses. Parte dos surpreendentes dados obtidos culminaram no artigo “Cinema nas Aldeias Xavante: ver, ouvir e debater” – O cinema indígena como arma contra a discriminação e a desinformação” publicado por Maíra Ribeiro, que na época da parceria fazia parte da Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em Nova Xavantina/MT,  no periódico científico Polifonia do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL), do Instituto de Linguagens/Universidade Federal de Mato Grosso.

      As problematizações, aprendizados e conhecimentos obtidos culminaram numa série de desdobramentos. Alguns deles foram reunidos e publicados no livro “Não sei se ensinei, mas sei que aprendi”, construído em conjunto com diversos professores de diferentes níveis de ensino. Uma publicação escrita de maneira coletiva, com a participação dos envolvidos na ação, alunos e o professor de História Wallace Mello.

        A fim de compartilhar todo o conhecimento obtido, nosso projeto esteve presente no 8° Congresso de Extensão Universitária (CBEU), onde tivemos nosso trabalho completo “CINEMA E EDUCAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO CINECLUBE DEBATES NA MOSTRA DE CINEMA NAS ALDEIAS XAVANTE” publicado nos anais deste evento.  

      Outro fruto da Mostra de Cinema nas Aldeias Xavante, que reconstruiu relações entre instituições, alunos e docentes, foi a 1° Mostra de Cinema Indígena do IFFluminense, um ciclo de sessões de exibição e discussão, aliados a palestras e oficinas que visaram abordar de forma ampla e mais profunda diversas etnias e temáticas de modo itinerante perpassando os diversos campi que compõem o IFFluminense.  A mostra contou com a parceria do Museu do Índio e teve seu início no evento ABRIL INDÍGENA em meio ao lançamento oficial do documentário “Do Novembro Negro ao Abril Indígena: em busca da terra sem males”, narrativa audiovisual, produzida pelos professores Rogério Fernandes, Tatiana Sena e Rafael Tardin e alunos do Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus em parceria com o cineasta Ivan De Angelis. A 1° Mostra de Cinema Indígena do IFFluminense seguiu percorrendo outros oito campi (de um total de 11) que fazem parte da instituição, sendo eles o campus Itaperuna, Pádua, Campus Centro, Quissamã, Cambuci, São João da Barra e Macaé. Por problemas em questão de logística e agenda dos participantes, a jornada itinerante por todos os onze campi não pôde ser finalizada. Algo que até hoje nos incomoda e que está nos planos futuros como ação a ser finalizada.

       A produção audiovisual “Do Novembro Negro ao Abril Indígena: em busca da terra sem males” trouxe saberes e experiências educacionais únicas, pois foi fruto da interação entre alunos e professores que, enquanto equipe, desenvolveram uma narrativa crítica que transformou a percepção de todos os envolvidos. Tais apreensões foram publicadas em conjunto com o Professor Rogério Fernandes no III Seminário Internacional de Memória Social em 2018.

     O envolvimento de outras linguagens no processo de construção epistemológica e reflexiva se tornou um elemento marcante do projeto. Uma das ações de maior expressão foi a inserção da fotografia como uma das pautas do nosso diálogo investigativo, cuja relação dialética com a questão da imagem sempre fora um de seus alicerces. Foi durante uma sessão do projeto Cineclube Debates que surgiu o IFFotoclube Vista Penetrante. Criado para estimular a reflexão e o exercício do olhar atencioso sobre a prática de fotografar, o projeto, primeiro do grupo de derivados do Cineclube, tinha como objetivo promover oficinas, workshops e debates tendo a reflexão sobre a Filosofia da Fotografia como elemento central. Assumindo a noção de “vista penetrante” platônica e a Filosofia da Caixa preta de Vilém Flusser, os eventos e discussões incorporaram o espírito coletivo e crítico já trazido pelo cineclube antes. Dentre as diversas ações realizadas pelo IFFotoclube o Desafio Fotográfico se destaca com maior intensidade. Idealizado, planejado e executado em parceria com o fotógrafo Diego Braga, o exercício, em três modalidades distintas, envolveu alunos e membros da comunidade em práticas fotográficas que eram divididas em tempos distintos: desafio dos 30 e 365 dias, além do desafio de 52 semanas. Centenas de fotos foram enviadas e todas elas traziam certa profundidade no olhar, algo que era provocado com frequência nas sessões de discussão, sempre com a utilização da metodologia do Cineclube Debates como condutora.

      Em 2017, paralelo às ações do IFFotoclube, o Campus Bom Jesus sediou o VII Focal (Fórum Nacional de Formação Acadêmica e Atuação Profissional do Cientista de Alimentos) e o III Sicitea (Simpósio Nacional em Ciência e Tecnologia de Alimentos) trazendo como inovação nossa metodologia de discussão utilizando a linguagem audiovisual e o nosso Desafio Fotográfico! O convite, feito pela comissão de organização do evento, teve a participação especial de Letícia de Souza, graduanda do Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Campus Bom Jesus e participante do Desafio Fotográfico que ocorria no IFFotoclube naquele instante. O sucesso resultou na repetição do Desafio na oitava edição do evento, realizado pelo Instituto Federal do Espírito Santo Campus Venda Nova do Imigrante em 2019 e o convite para a edição de 2021.

       A interação entre servidores das duas instituições durante o VIII Focal rendeu o convite do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Campus Venda Nova do Imigrante ao professor Rafael Tardin e ao Cineclube Debates para a oferta do curso/projeto Photo Desafio pautado numa metodologia da (re)construção do olhar crítico, ministrado no IFES Venda Nova.

       Por meio de videoaulas e interações online, o professor Rafael compartilhou com estudantes daquele campus a visão de fotografia proposta pelo Cineclube, aliando não apenas aparato técnico, mas também reflexivo da fotografia. A proposta era a de tornar visível o invisível; tornar perceptível o imperceptível por meio do exercício de fotografar coisas do dia a dia que ninguém vê e que, com a captura da imagem, é possível tornar visível. Os servidores do IFES Leonardo Pichara Mageste Sily, Leandro Marques Jubini e Iasmyn Ferreira também lecionaram durante o curso.

      Estudantes dos cursos técnicos integrados e superior oferecidos pelo Campus Venda Nova puderam participar das aulas. O resultado do exercício desse novo olhar foi uma série de fotografias dignas de exposição, que estão disponíveis no Instagram do Photo Desafio (link). Interessados também poderão admirar as imagens durante a Feira, que acontecerá no Campus Venda Nova.

       A construção de laços com a comunidade escolar do município de Bom Jesus do Itabapoana permitiu que inúmeros processos comunicativos fossem construídos. O exercício de construir pontes, algo amplamente realizado pelo projeto em seus anos de existência, pode contribuir para a execução do projeto Programadores do Amanhã, construído numa parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e a Coordenação do Curso Técnico em Informática do Campus Bom Jesus, realizado com alunos do ensino fundamental da Escola Municipal Anacleto José Borges. A finalidade do projeto era a de promover a inserção dos alunos num meio tecnológico pelo contato direto com computadores em aulas didáticas e interativas ministradas pelos próprios alunos do curso Técnico Integrado em Informática do campus.

       O projeto sempre buscou promover ações que ampliassem o olhar dos envolvidos para questões humanitárias, solidárias e inclusivas. Seguindo nessa direção, em 2019 o cineclube atuou em conjunto com o projeto de extensão Agir para Reconstruir do campus Bom Jesus e a comunidade de Bethânia para promover sessões de discussão e rodas de conversa junto a dependentes químicos que se encontravam em busca de recuperação. Conduzido por alunos bolsistas e pelo coordenador Rafael Tardin, os encontros promoveram instantes de reflexão, diálogo e acolhimento num exercício de aprendizado e ensino mútuo, que marcou a trajetória do projeto de maneira profunda e emocionante.

 

Extensão na Pandemia

      As ações previstas para o ano de 2020 sofreram uma série de adaptações mediante ao isolamento social provocado pela Pandemia de COVID-19. O IFFluminense, a fim de atender aos protocolos de segurança, desenvolveu suas atividades sob a forma das APNPs (Atividades Pedagógicas Não Presenciais), cuja estrutura estava montada sob plataformas de ensino-aprendizagem online. Em meio a esse contexto inédito, o Cineclube Debates também promoveu seus eventos de forma online, apropriando-se das TICs para manter o desenvolvimento das ações, sempre pautadas no campo da integração entre ensino extensão.

     Para tal empreitada, foram utilizados programas e aplicativos para a realização dos debates, palestras e minicursos. Além destes, as mídias sociais, em específico o Instagram, também serviram como plataforma para os encontros, discussões e atividades do projeto.

     A experiência proporcionada pelas lives do programa semanal no Instagram, “Audiovisual em Tempos de Isolamento Social: possíveis reflexões”, trouxe um novo horizonte para o campo metodológico de execução do projeto. Os trinta episódios, construídos no decorrer de 19 semanas ininterruptas de entre profissionais de diferentes áreas científicas e humanas, espalhados por mais de quinze (15) cidades diferentes.

      O programa, que até 31 de Dezembro de 2020 tinha mais de três mil visualizações espalhadas por entre as lives, tornou explicito uma série de possibilidades, dentre estas a construção coletiva dos eventos comum público externo que transcendia os limites regionais locais. Os ganhos dessa expansão permitiram a construção de parcerias inéditas com profissionais e instituições de ensino diversas, bem como a participação de novos projetos e de um público presente em outros estados do Brasil. Em meio a esse contexto, e ainda sob as determinações de segurança devido à pandemia, o projeto assume novos horizontes tendo em vista a apropriação de tecnologias que permitam a manutenção da prática extensionista e a expansão das relações possíveis com o ensino e a pesquisa.

      Com a contribuição dos diversos professores, alunos, ex-alunos e membros da comunidade, o modo próprio pelo qual o projeto se desenvolveu culminou no esboço de uma metodologia de ensino-aprendizagem pautada na integração e no aprofundamento de olhares, estudos e pesquisas de modo interdisciplinar e democrático. Tal construção só foi possível no campo da extensão devido à liberdade de práticas que se distanciam do ensino formal, tradicionalmente enraizado dentro da estrutura dos IFs. Desse modo, a jornada extensionista desenvolvida até então pelo Projeto Cineclube Debates tem como um de seus produtos/resultados, além do uso de linguagens alternativas, outras possibilidades de mediações entre ensino e extensão, como o uso de programas e aplicativos como Google Meet® e a Plataforma RNP para criação de salas virtuais para debate e mídias sociais como Instagram e YouTube® para transmissões ao vivo, ambas amplamente utilizadas no ano de 2020 mediante às exigências de segurança devido à pandemia de Covid-19.

      Após estudos e reflexões sobre essas novas tecnologias, vimos que o podcast se destacava pela possibilidade de comportar a metodologia desenvolvida pelo projeto cineclube visto que sua base é a oralidade. Nesse sentido, pesquisas, reuniões e produções de conteúdo buscando analisar as possibilidades da transposição da metodologia para o podcast foram feitas à partir do final de 2019. Num trabalho composto pela equipe permanente de voluntários, o esboço do projeto fora construído, tendo em vista a perspectiva que o trabalho remoto trazia para as ações do Cineclube Debates, o qual por sua vez tinha por meta continuar propondo ações focadas na interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, integração assumindo o podcast em suas propriedades específicas que permitem atividades educacionais que se relacionam com as três bases institucionais do IFFluminense: ensino, pesquisa e extensão. Afinal, não é um podcast comum, é o podcast do Cineclube Debates. Estava plantada a semente para o ThaumaCast.

 

Subprojetos

Audiovisual em Tempos de Isolamento Social: Possíveis Reflexões

      A experiência proporcionada pelas lives do programa semanal no Instagram, “Audiovisual em Tempos de Isolamento Social: possíveis reflexões”, trouxe um novo horizonte para o campo metodológico de execução do projeto. Os trinta episódios, construídos no decorrer de 19 semanas ininterruptas de entre profissionais de diferentes áreas científicas e humanas, espalhados por mais de quinze (15) cidades diferentes.

       O programa, que até 31 de Dezembro de 2020 tinha mais de três mil visualizações espalhadas por entre as lives, tornou explicito uma série de possibilidades, dentre estas a construção coletiva dos eventos comum público externo que transcendia os limites regionais locais. Os ganhos dessa expansão permitiram a construção de parcerias inéditas com profissionais e instituições de ensino diversas, bem como a participação de novos projetos e de um público presente em outros estados do Brasil. Em meio a esse contexto, e ainda sob as determinações de segurança devido à pandemia, o projeto assume novos horizontes tendo em vista a apropriação de tecnologias que permitam a manutenção da prática extensionista e a expansão das relações possíveis com o ensino e a pesquisa.

 

Curadoria Coletiva

        Com a passagem de vários profissionais, parceiros, voluntários e bolsistas ao longo dos 6 anos do Cineclube Debates, o Curadoria Coletiva se tornou uma iniciativa com a proposta de realizar indicações de obras do audiovisual apresentados por esses mesmos parceiros e colaboradores do projeto. O programa acontece nas sextas-feiras, no Instagram, através de vídeos curtos, que despertam a curiosidade de quem assiste e levante questões importantes para debate.


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