A merenda escolar dos alunos da Escola Municipal Chorão, de Itaperuna (RJ), em breve contará com itens produzidos pelos próprios estudantes, graças à criação da nova horta comunitária da instituição. Alface, jiló, mostarda, couve e cebolinha são algumas das espécies plantadas pelas crianças, que também prepararam o canteiro, cuidaram da adubação, plantio e serão responsáveis pelos tratos até a colheita. 

As mudas foram doadas pelo Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Bom Jesus do Itabapoana, que, por meio dos professores Eduardo Moreira e Antônio Alonso Cecon, também está oferecendo suporte técnico para a escola. Na última quinta-feira, dia 29 de agosto, os docentes visitaram o local e acompanharam as atividades dos alunos, que tiveram a oportunidade de participar de uma aula ao ar livre sobre o plantio das mudas. O professor Alonso explicou qual o espaçamento adequado, os tipos de mudas indicados para cada terreno, profundidade do plantio, características desejáveis para o local, adubação, oferta de água, entre outros. 

“O objetivo é ensinar técnicas de cultivo de hortaliças às crianças, para que possam levar esses conhecimentos também para suas famílias e poderem criar uma hortinha em suas casas, incentivando o consumo de olerícolas para promover uma alimentação diversificada tanto na escola quanto em seus lares”, explica Alonso. 

O docente lembra que a parceria do IFF com a escola já existia há alguns anos, quando o antigo Colégio Técnico Ildefonso Bastos Borges, que posteriormente se tornou IFFluminense, oferecia assistência para ministração de oficinas extracurriculares na instituição. Piscicultura, avicultura, bovinocultura, horticultura, fruticultura, cunicultura, jardinagem e até datilografia foram algumas das capacitações ministradas por meio do convênio.

A gestora da Escola Municipal Chorão, Sheila Maria Azevedo de Oliveira Borgati, celebra a retomada do contato com o IFF, que agora acontece por meio do curso Escola da Terra, coordenado por Eduardo Moreira. “Através das informações e experiências ali colhidas, voltamos a acreditar em possibilidades de inovar utilizando os meios que temos em nossas mãos. Incentivados pelos orientadores do curso, também fomentar a parceria entre família e escola em um projeto simples, porém rico em suas possibilidades, que foi a criação de uma horta com as crianças”, avalia. A colheita será utilizada no abastecimento da escola, que oferece alimentação aos estudantes.

O professor Eduardo celebra a repercussão das ações já realizadas, incluindo o estreitamento de vínculos, crescimento da atuação e conhecimento do Campus Bom Jesus sobre as localidades e comunidades camponesas da região. “Estas ações apontam diretamente para a indissociabilidade entre a pesquisa, ensino e extensão e como estes projetos demonstram a importância pedagógica das metodologias da educação do campo ao proporem vínculos entre a realidade e a teoria no aprendizado dos educandos”, considera. Segundo ele, a horta pedagógica traz elementos da vivência dos discentes para o espaço educacional, associando escola e comunidade tanto no planejamento como na gestão da instituição de ensino. 

As crianças se divertiram e aprenderam sobre o cultivo de hortaliças e boa alimentação.

Os bons resultados apontam para a manutenção da parceria entre o IFF Bom Jesus e a E. M. Chorão. A ideia é que dois projetos de extensão sejam submetidos e, se aprovados, envolverão estudantes do campus em ações de duas importantes iniciativas. A primeira será o acompanhamento e ampliação da horta escolar e a segunda vai atuar na recuperação de um poço de peixes para ações de piscicultura no local. 

A escola - A Escola Municipal Chorão fica nas dependências do Haras Rancho Fundo,  propriedade de Marcos Terra. Há mais de 25 anos oferece possibilidade de estudo à população das proximidades, que inclui as comunidades de Córrego do Ouro, Ponte Preta, Bambuí, Ilha do Ciro, Brejinho, Porfírio, entre outros. Está vinculada à Prefeitura Municipal de Itaperuna, no noroeste fluminense. 

Escola da Terra - O Curso é promovido pelo IFFluminense nos campi Bom Jesus do Itabapoana, Campos Centro e Avançado Cambuci. É uma política educacional promovida pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), com o objetivo de oferecer formação continuada a profissionais que estejam atuando em escolas estaduais e municipais presentes em territórios camponeses e quilombolas. 

Seu desenho conceitual tem como premissa fortalecer o desenvolvimento de propostas pedagógicas e metodologias adequadas a essas comunidades, buscando elevar o desempenho escolar dos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. Utiliza propostas didáticas contextualizadas, que emerjam das histórias e memórias dos territórios onde se encontram, sejam próprias e apropriadas a estes sujeitos, potencializem tempos e espaços educativos dinâmicos e adequados aos universos de vida e trabalho destas populações. 

“Busca, ainda, explicitar o histórico de expropriação e exploração dos territórios do campo, mas também das lutas e conquistas dos movimentos sociais campesinos, promovendo, assim, uma educação emancipadora, transformadora, democrática e que caminhe na contramão do histórico de descaso e exclusão desta imensa população e sua diversidade”, acrescenta o coordenador do curso, Eduardo Moreira.