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Projeto do IFF Bom Jesus é premiado em evento nacional
Equipe ganhou também uma credencial para a edição de 2025 da Mostra de Ciência e Tecnologia do Instituto Açaí, maior feira de ciências da região Norte do Brasil.
O Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Bom Jesus do Itabapoana comemora mais uma premiação em evento científico nacional. Os estudantes Pedro Henrique Rocha de Andrade e Maycon Jorge Deláqua da Silva, do Curso Superior em Engenharia de Computação, participaram da nona edição da Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic) e trouxeram para a casa não só as boas experiências, contatos e novidades aprendidas no evento, mas também o reconhecimento pelo trabalho “Simulando o impacto de satélites em observações astronômicas”, desenvolvido sob orientação da professora Ana Cecília Soja.
A pesquisa, que estuda soluções para amenizar o impacto da poluição luminosa causada por satélites artificiais em observações científicas, conquistou o terceiro lugar na categoria Graduação e trouxe muito orgulho à equipe. Segundo Ana Cecília, o reconhecimento mostra a qualidade das pesquisas desenvolvidas no Campus Bom Jesus, que são investigações de ponta, com impacto, e, por isso, são bem recebidas nos ambientes científicos.
A premiação foi ainda mais significativa por se tratar de uma pesquisa ainda em curso, que não foi concluída, e que estava concorrendo com projetos em fases mais avançadas, com geração de produtos e/ou patentes. “Estávamos competindo com trabalhos de nível muito alto, que tinham projetos de ciência aplicada. Concorremos com projetos que já estavam com a aplicação de patente, que diferem um pouco da pesquisa que a gente faz, de natureza mais básica. Nossa investigação não vai gerar exatamente um produto comercial, que geralmente tem mais apelo, embora gere um ganho científico. Mesmo assim, o mérito do nosso projeto foi reconhecido”, destacou a professora.
Esta foi a primeira participação do graduando Maycon da Silva em uma feira nacional. A ansiedade e insegurança pela ideia de apresentar um trabalho em evento de tamanha proporção foram substituídas por confiança e muito otimismo durante as mais de 20 horas de viagem até Pomerode. Para o estudante, a parte mais difícil foi lidar com o público no primeiro dia de evento, mas, passado o nervosismo inicial, ver a reação das pessoas foi recompensador. “Alguns chegavam, olhavam, ouviam a apresentação e ficavam fascinados com o projeto, não sabiam desse grande problema que abordamos no nosso trabalho”, conta.
Uma das interações deixou uma marca na memória do estudante. “Houve uma apresentação que vou lembrar para sempre. Um pai, com sua filha de 12 anos, parou para nos ouvir. A menina, que parecia cansada, se escondia atrás do pai. Durante a apresentação, adequamos a linguagem e os exemplos para que ela também pudesse entender tudo e, no final, ela estava com um sorriso enorme no rosto. Me perguntou onde podia estudar mais sobre astronomia e foi embora feliz. Pedi que ela analisasse a apresentação e ler o ‘Astronomia é muito legal!’ escrito no papel já foi a vitória que eu tanto almejava durante a viagem toda”, recorda-se Maycon.
Pedro Henrique já possui experiência em eventos de grande porte. Também sob orientação da professora Ana Cecília, o estudante teve um projeto finalista na maior feira de ciências e engenharia do Brasil, a Febrace. Além da premiação, ele destaca outros significativos ganhos da participação na Febic, como a oportunidade de fazer novos contatos, conhecer pesquisadores de diversas áreas e regiões do país, e obter ainda mais conhecimento sobre os assuntos que conhece e aqueles que nem sequer havia ouvido falar. “Sempre temos um retorno muito legal do contato com outras pessoas que também estão fazendo ciência, buscando conhecimento. A gente fica animado para continuar, porque sabemos que não estamos sozinhos”, considerou.
A Febic também ofereceu palestras, oficinas e minicursos com pesquisadores e profissionais de áreas diversas, de cientistas a comunicadores. Pedro Henrique ressaltou a importância da divulgação científica para popularizar o acesso ao conhecimento criado na academia, seja pela abordagem do conteúdo em escolas e universidades, seja por meio da ampliação da presença de eventos científicos nas diferentes regiões do país. “Trabalhar com divulgação científica é sensacional, algo que devia ser muito falado em qualquer que seja o local, tanto nas escolas quanto faculdades. Espero que cada vez mais essas feiras sejam divulgadas e existam mais alunos querendo participar, buscando uma maneira de se conectar com a ciência”, disse.
Além da medalha pelo reconhecimento do trabalho, a equipe ganhou uma credencial para a Mostra de Ciência e Tecnologia do Instituto Açaí (MCTIA), que acontecerá em 2025, em Belém do Pará. Trata-se da maior feira de ciências da região Norte do Brasil, motivo suficiente para que as expectativas sejam as melhores possíveis. “O trabalho que a gente submeteu ainda está na metade, então receber esse mérito de ganhar um terceiro lugar, de ter um destaque para um trabalho que ainda não está concluído, é muito importante e deixa a gente cheio de boas expectativas para o ano que vem. Esperamos que o trabalho esteja pronto, que tenhamos ainda mais sucesso e mais coisas para apresentar e para trocar”, afirma a orientadora, Ana Cecília.
Seleção - O alto nível de qualidade dos trabalhos expostos durante a Febic é evidenciado pelo rigor do processo seletivo, que inclui três etapas. Na primeira, são selecionados 600 projetos que irão para a segunda etapa, que acontece de forma virtual e consiste na apresentação do trabalho para uma banca especialista. Destes, 300 se classificam para a terceira e última etapa, que é a apresentação presencial.
Ana Cecília, Maycon e Pedro Henrique submeteram dois projetos para seleção e ambos foram selecionados para a etapa presencial. Além do premiado “Simulando o impacto de satélites em observações astronômicas”, o trabalho "Desvendando a física dos foguetes didáticos", que apresenta os resultados de pesquisa do campus sobre a melhoria de foguetes na Mostra Brasileira de Foguetes, também foi apresentado no evento.
A Febic - A Feira Brasileira de Iniciação Científica se apresenta como um espaço para apresentação de ideias criativas e inovadoras na forma de projetos científicos, onde estudantes possam experimentar o fazer ciências. Oferece um ambiente de integração e troca de experiências entre estudantes e professores, se dispondo a ser também “uma ferramenta de promoção da cultura científica, da experimentação, da disseminação, da inovação e do uso de novas tecnologias”.
Além de possuir abrangência nacional, a feira traz uma proposta inovadora, que cobre todos os níveis da educação, da educação infantil à pós-graduação. “Com essa diversidade de trabalhos no mesmo lugar, foi muito gratificante ver os trabalhos e as apresentações. É muito bom ver que temos crianças no Brasil preocupadas com o futuro da ciência e também adultos que já fazem trabalhos excelentes para o avanço dela”, elogia o estudante Maycon.
Como educadora, a professora Ana Cecília considera o valor de promover a iniciação científica desde as séries iniciais. “Que ela seja cada vez mais entendida como parte integradora de uma educação que forma cidadãos, profissionais de verdade, preparados para viver nesse mundo, na era do conhecimento, da informação. A iniciação científica traz esse complemento na educação”.
A Febic é realizada pelo Instituto Brasileiro de Iniciação Científica (Ibic), em parceria com instituições governamentais e privadas, colaboradores e pessoas voluntárias. A Ibic é uma instituição de cunho científico e tecnológico, que tem por missão promover, divulgar e desenvolver continuamente ambientes favoráveis à alfabetização e iniciação científica, à pesquisa, inovação, educação e cultura, voltadas para a promoção sustentável do desenvolvimento social, educacional e econômico.
Mais informações sobre a Febic estão disponíveis no site da Feira.