CAMPUS CAMPOS CENTRO

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Marco Lucchesi

Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) ministrou conferência no Campus Campos Centro

por Chaeny Gama publicado 10/05/2018 13h13, última modificação 11/05/2018 17h07
Divulgador da literatura em presídios, Lucchesi diz que "a prisão se tornou uma metáfora para compreensão do Brasil, e a literatura, igualmente.”
Conferência Marco Lucchesi

O escritor, poeta e tradutor Marco Lucchesi falou para os presentes e, em seguida, respondeu a perguntas (Fotos: Raphaella Cordeiro/Comunicação Social)

Marco Lucchesi, que em sua rotina costuma visitar prisões brasileiras, destacou durante a palestra parte de suas experiências reais com detentos. Ele abordou temas relacionados à educação, liberdade, afeto e literatura , no dia 8 de maio, abordando o tema central Literatura: Uma Poética do Território.

 - O campo da literatura é o campo da liberdade, por isso as prisões me interessam tanto. Mas essa liberdade só se conquista a partir da ideia de território, essa territorialidade tão sentida, aponta para uma questão de raiz, de identidade, o orgulho do pertencimento. O território é uma forma de conjugar alteridade, seus desafios e a casa que eu habito. Qual a primeira casa? O rosto da minha mãe. É onde aprendemos a alteridade afetuosa. – refletiu ele.

 Segundo Lucchesi, o afeto e acolhimento são os principais desafios iniciais, e são fundamentais, sobretudo, aos que perderam a relação com a realidade. “Ninguém vai a prisão porque nasceu perverso. A lei de remição de pena por livro lido é bonita, sobretudo para quem está de fora. O importante é ter escola.”, disse ele, parafraseando em seguida fala premonitória do educador Darcy Ribeiro: “se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.”

Para o acadêmico, há uma urgência de “refletir, de pensar o Brasil, o mundo, uma perspectiva de um estatuto de liberdade, de emancipação”. O escritor compartilhou com o público uma perspectiva crítica, porém esperançosa: “Meus amigos, se é possível na literatura, pensar o futuro, nosso caso não é uma possibilidade, mas uma obrigação. Nós estamos atrasados, mas ainda dá tempo”.

 Plano local

 Conduzida pela Coordenadora da Licenciatura em Letras do Instituto, a professora Ana Poltronieri, a cerimônia de abertura teve mesa composta pelo reitor do IFF, Jefferson Manhães de Azevedo; pelo diretor de Pesquisa e Extensão do campus, Jonivan Lisboa, que representou o diretor geral do campus, Carlos Alberto Henriques; pelo presidente da Academia Campista de Letras, Herbson da Rocha Freitas e pelo presidente da Academia Pedralva de Letras, Carlos Augusto Souto de Alencar.

 Jefferson Manhães destacou que é de grande importância dialogar um projeto educacional para Campos dos Goytacazes que incentive uma formação mais desafiadora para os estudantes. Para ele, uma conquista para o Instituto Federal Fluminense tem sido a missão de formar “mais do que técnicos”, alguém com “destreza na tecnologia”, mas também “com destreza no convívio com o ser humano.”