CAMPUS ITAPERUNA

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Ação ambiental

IFF Itaperuna ganha espaço agroecológico para práticas e experimentações em aulas de Geografia

por Ana Paula Viana, da Comunicação Social do Campus Maricá publicado 15/12/2025 09h12, última modificação 15/12/2025 09h48
Terreno antes ocioso no campus se transformou, nos últimos dois meses, em área produtiva de alimentos com participação ativa dos alunos.
Agroecologia no IFF Itaperuna

A área reservada para a produção fica ao lado do campo de futebol.

Uma área antes ociosa no Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Itaperuna está se transformando num importante espaço agroecológico para produção e experimentações acadêmicas de alimentos, temperos, plantas e compostos orgânicos, entre outros itens. O trabalho, que já vem dando seus primeiros resultados, é decorrente de um projeto desenvolvido, desde outubro, nas aulas de Geografia de turmas do Nível Técnico Integrado ao Ensino Médio.

A ação foi idealizada pelo professor Felipe Machado, com cada uma de suas turmas escolhendo parte do terreno disponível para a execução do projeto coletivo. Além disso, cada um dos alunos participantes teve o desafio de desenvolver um projeto individual.

Em dois meses, a área que até então não tinha qualquer uso no campus se transformou num ponto produtivo, demonstrando aos estudantes a capacidade da sociedade para modificar espaços, inclusive de forma mais integrada ao sistema ecológico. 

“Para alguns estudantes, que eu observava maior dificuldade em Geografia quando discutida apenas de forma teórica, o projeto possibilitou maior envolvimento e comprometimento com a disciplina, que teve aulas, na sua grande maioria do bimestre, em espaço aberto no campus”, destaca Felipe Machado.

A capacidade de criação dos estudantes também superou as expectativas, segundo o professor. As turmas desenvolveram impressionantes trabalhos no campo de plantas aromáticas, fitoterápicas, plantas alimentícias não-convencionais (PANCs), cultivo de frutíferas que se desenvolverão a longo prazo, banco de sementes crioulas (não-transgênicas) de milho da roça, minhocário para produção de húmus, que é um composto orgânico para fertilização do solo, além de folder de conscientização acerca da importância da agroecologia. 

Importância da agricultura familiar

De acordo com Machado, o IFF Itaperuna está inserido num contexto regional onde a agricultura familiar tem importante papel na produção de alimentos e contribui diretamente para a economia local, tornando-se fundamental a realização do debate sobre o desenvolvimento rural e da promoção de um modelo de agricultura mais sustentável. 

Grande parte das mudas trazidas pelos participantes, inclusive, não foi comprada, mas sim doada por familiares, vizinhos ou recolhidas em área rural, tendo ainda o envolvimento de pais, avós e amigos na troca de saberes e práticas. 

“Em Geografia, como parte do currículo disciplinar, discute-se o quadro da agricultura brasileira e as mudanças recentes do sistema agro-alimentar global, que tem se caracterizado como dependente do grande capital industrial e oferecido alimentos padronizados, muitas vezes, de baixo valor nutricional e constituídos por ingredientes sintéticos e danosos à saúde a longo prazo”, explica Machado.

O professor destaca ainda situações curiosas no decorrer da atividade, como a vez em que marimbondos atacaram os participantes durante uma prática na horta. O incidente acabou se transformando no desenvolvimento, por parte de um dos alunos, de um projeto sobre a importância dos insetos polinizadores no campo da agroecologia.

“Os estudantes se envolveram no projeto e, em apenas dois meses, apresentaram resultados para além do esperado, demonstrando que a mesma geração que passa longas horas no dia em smartphones e conectadas à tecnologia moderna, também tem interesse em práticas agroecológicas e maior contato com as plantas e a própria terra”, observa.

Trabalho de difusão do conhecimento

Outro ponto relevante da ação, ressaltado pelo professor, está sendo a demonstração da potência da organização coletiva na realização de projetos comunitários. A ideia é que o espaço, ainda pioneiro, no próximo ano acolha outros estudantes, servidores, profissionais terceirizados e voluntários que tenham interesse na questão e que queiram se envolver em atividades coletivas de práticas agroecológicas. 

Ampliar a difusão dos conhecimentos também faz parte do desafio dado aos alunos. Entre os trabalhos desenvolvidos está o de publicação em redes sociais, como Instagram, de material informativo voltado às comunidades interna e externa. As postagens podem ser acompanhadas nos perfis @aprender.cultivando e @espacoiff.agroecologico.