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Novembro Negro
“Ser antirracista também é uma responsabilidade institucional”, afirma palestrante
Sandra Batista ministra palestra sobre Letramento Racial na Gestão Universitária (Fotos: Divulgação/IFF)
Partindo do reconhecimento de que o racismo estrutural está presente nas relações sociais e institucionais, e com o objetivo de debater sobre o fortalecimento de práticas comprometidas com a equidade racial e a valorização da diversidade, a Pró-reitoria de Políticas Estudantis do IFF promoveu um evento de formação em relações étnico-raciais para gestores, na quinta-feira, dia 13 de novembro, no auditório da Reitoria.
A assistente social e diretora de Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sandra Batista, ministrou palestra sobre Letramento Racial na Gestão Universitária, destacando que o processo de identificar, compreender e enfrentar o racismo em suas diversas formas é fundamental para a construção de ambientes institucionais justos e inclusivos.
“A universidade pública e os institutos federais devem refletir a diversidade da sociedade e promover o reconhecimento e o enfrentamento do racismo estrutural e institucional. Liderar com consciência racial é transformar a universidade em uma instituição para todos”, afirmou Sandra, dando exemplos práticos do papel da gestão e de estratégias para a criação de políticas de equidade, como a revisão de editais e processos seletivos, a formação de comissões de equidade racial e diversidade, e a utilização de uma comunicação institucional inclusiva e representativa.
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Palestrantes: Remu, Rudá e Sandra |
Aline, Márcia e Victor na abertura do evento |
O presidente do Comitê de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Campos), Rudá Ramos, abordou o letramento racial e a política de cotas, ressaltando a importância do cumprimento da lei, mas também de ações para que o estudante tenha condições de permanecer na instituição.
“É importante criar ambientes acolhedores e garantir que o estudante negro não precise provar o tempo todo que merece estar ali. A instituição é um espaço de permanência e não de resistência”, afirmou Rudá, expressando o desejo para que os gestores “sigam construindo um IFF verdadeiramente plural, inclusivo e antirracista”.
O evento também contou com a participação de Remu Goitacá, indígena, ativista e integrante do Movimento de Retomada Indígena em contexto urbano no estado do Rio de Janeiro, que atua em Campos dos Goytacazes, no Coletivo Retomada Goytaká. Remu discorreu sobre o apagamento das populações indígenas e o movimento do qual faz parte, com o objetivo de resgatar a história e a cultura dessas populações.
O reitor Victor Saraiva destacou a responsabilidade do IFF como uma instituição de educação, reconhecendo que ela reflete o que acontece na sociedade. “Eu não vou ser um gestor que vai chegar aqui para dizer que no IFF não tem racismo, não tem homofobia, não tem assédio. Não nos cabe isso hoje. Nos cabe entender que existe, acontece, e nós temos que estar cotidianamente trabalhando para fazer com que as coisas realmente mudem”, ressaltou o gestor.
Dicionário Antirracista - durante sua palestra, Sandra Batista alertou e distribuiu para os gestores um guia com exemplos de palavras e frases utilizadas no dia a dia e que reforçam o racismo, mesmo sem intenção. A palestrante explicou o significado das expressões racistas e propôs alternativas respeitosas. Para saber mais, acesse o Dicionário Antirracista: termos para eliminar do seu vocabulário, produzido pela Defensoria Pública do Distrito Federal.

