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110 anos

Ações de extensão revelam novos caminhos a comunidades de todo o Brasil

por Comunicação Social da Reitoria publicado 08/10/2019 18h56, última modificação 31/08/2023 12h56
Mais uma reportagem da série especial sobre os 110 anos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica aborda o papel da extensão na formação dos estudantes e na relação com a comunidade.
Ações de extensão revelam novos caminhos a comunidades de todo o Brasil

Projeto do IFPE realiza oficinas pedagógicas para alunos do 6° ao 9° anos do Ensino Fundamental (Foto: IFPE).

 Desde a sua criação, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica se mantém firme em sua missão de transformar as vidas das pessoas. Seja por meio da formação profissional e da pesquisa aplicada, envolvendo diretamente estudantes e servidores, seja por meio das ações de extensão, levando o conhecimento para além dos muros das instituições que compõem a Rede Federal.

 De acordo com a Política Nacional de Extensão Universitária, a extensão é “o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade”. Ela cumpre importante papel na troca de saberes e experiências com a comunidade e contribui para a formação cidadã dos estudantes. Hoje, a Rede Federal conta com mais de 16 mil ações de extensão em todo o Brasil.

 Uma das premissas da extensão é viabilizar a troca de saberes com a comunidade e esse foi o propósito do projeto realizado por estudantes e servidores do Campus Barreiros, do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). A partir de oficinas pedagógicas para alunos do 6° ao 9° anos do Ensino Fundamental na Escola Municipal Lívio Tenório, o projeto "Ensinando para vida: Enfoque CTS no ensino de ciências" tinha como objetivo contribuir no enfrentamento de problemas presentes no Assentamento Tentugal, em São José da Coroa Grande (PE). Localizada a aproximadamente 7 quilômetros do Campus Barreiros, a comunidade tem sua origem na Usina Central Barreiros. Com a falência da usina nos anos 90, os moradores perderam tudo. Hoje, os agricultores são assentados da reforma agrária.

 Para dar início às intervenções pedagógicas, o primeiro passo foi ouvir a comunidade. Para tanto, foi realizada uma pesquisa com mais de 200 pessoas, entre professores da escola municipal, alunos e suas famílias, em que foram apontados problemas. Após o trabalho de compilação e análise dos dados, a equipe do Campus Barreiros apresentou os resultados aos moradores do assentamento, que definiram os temas prioritários para o trabalho pedagógico a partir da aprendizagem de Ciências na perspectiva CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade).

 O ponto principal das ações desenvolvidas pelo projeto é o seu fator multiplicador. Embora as oficinas fossem realizadas com os estudantes, eles levavam essas informações e aprendizados para suas famílias, compartilhando os conhecimentos e as vivências. “O projeto reflete a extensão como ela realmente deve ser pensada, para além dos muros do campus, compartilhando o conhecimento produzido pela instituição com a comunidade”, afirma a coordenadora do projeto, professora Ana Alice Freire Agostinho.

 Ana Maria Sobral Campos Ferreira, professora da Escola Lívio Tenório, conta que os resultados positivos do projeto foram além da sala de aula. “Desde a diagnose inicial até a fase das oficinas, percebemos de imediato que nossos alunos até então tímidos para apresentar um trabalho passaram a ser mais desenvoltos, ativos, participativos e no final de tudo socializando no pátio da escola”, destacou.

 Coordenado pela professora Ana Alice Freire Agostinho, com auxílio do técnico-administrativo Marcos Gouveia e de alunos bolsistas e voluntários, o projeto foi realizado em 2017 e 2018. O último encontro, já neste ano, marcou o encerramento da iniciativa e a exibição do documentário produzido sobre o Assentamento Tentugal. Para conferir o documentário, acesse http://bit.ly/2GKjvt1.

Apoio técnico – O projeto Saber Viver surgiu a partir da demanda da lei nº 11.455/2007, que obriga os municípios a elaborarem seus planos de saneamento básico e estabelece parâmetros para a área. A lei ainda não foi cumprida na maioria dos municípios brasileiros. A parceria do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) presta apoio técnico à elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB). Entre as ações realizadas estão a pesquisa de campo voltada para a identificação das realidades regionais; a capacitação de pessoas nos municípios para a construção e monitoramento dos planos; e a apoio técnico no diagnóstico e na construção dos planos.

 A metodologia proposta pelo instituto prevê a participação ativa da população na elaboração dos planos, seja por meio das redes sociais, utilizadas para a divulgação das ações; seja por meio das reuniões presenciais com as comunidades. Segundo o professor Ronilson Oliveira, coordenador do projeto, esse foi o diferencial da proposta do IFRO: “a construção do plano exige a participação social, já que não pode ser algo desconectado com a realidade da comunidade atendida”, ressalta. Além de participar da criação dos planos, o instituto também se propôs a elaborar os projetos e acompanhar as obras, tudo isso decorrente de parcerias posteriores com as prefeituras. Ele acrescenta que as informações obtidas durante a pesquisa de campo vão possibilitar a criação de um banco de dados sobre os municípios, que subsidiará o trabalho de acompanhamento durante 20 anos, período previsto pela lei.

 Dos 52 municípios rondonienses, a Funasa atende 33 que possuem até 50 mil habitantes. A parceria com o IFRO está concluindo a elaboração dos planos de 19 municípios e dois desses já estão em fase de captação de recursos para execução de obras de saneamento.

 Durante a pesquisa de campo também foram identificadas outras demandas dos municípios, como a criação de polos de educação a distância. Já foram implantados três polos e outros três estão em análise.

Iniciação ao esporte – Fomentar o interesse de crianças e adolescentes é o que norteia o projeto de iniciação e aprimoramento da modalidade esportiva, desenvolvido pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Atualmente, mais de mil crianças e jovens, com idade de 6 a 21 anos, participam das atividades oferecidas pelos campi em 13 municípios capixabas.

 As atividades são voltadas a estudantes de escolas públicas dos municípios atendidos, que realizam a seleção dos alunos. O projeto oferece as modalidades de futsal, vôlei, vôlei de praia, basquete, futebol de campo, futebol de areia, judô, jiu-jitsu, natação e atletismo, além de modalidades voltadas a pessoas com necessidades específicas. De acordo com o professor Mauro Sérgio da Silva, coordenador do projeto, são 1.037 alunos matriculados. “Desse total, 90 são alunos de paradesportos: atletismo, futsal e futebol de campo adaptado”, contou.

 O projeto é voltado a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social e busca democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte para o seu desenvolvimento integral como fator de formação da cidadania e de melhoria da qualidade de vida. A partir da prática esportiva, busca despertar o interesse pelos esportes, reduzir a evasão escolar e contribuir para a inclusão social e prevenção à violência. O Ifes é um dos parceiros do projeto piloto, criado pelo antigo Ministério dos Esportes. Iniciado em fevereiro deste ano, sua conclusão está prevista para agosto de 2020.

 O Campus Aracruz participa com a oferta das modalidades de basquete e futsal e atende 100 estudantes das escolas municipais Placidino Passos e Paulo Freire, com idade entre 10 e 14 anos. Tatiana Candeia da Silva, coordenadora de Extensão do campus, destaca que, além das aulas, o projeto mantém comunicação constante com as escolas parceiras e com as famílias. “Todos os alunos são acompanhados por professores e acadêmicos de educação física, além dos agentes comunitários que dão apoio às equipes e cuidam de toda organização das matrículas, acompanhamento de frequência e divulgação das ações junto às escolas parceiras e a comunidade”, explica.

 No Campus Vitória, uma das modalidades é o futebol de campo adaptado, voltado para crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência. São 30 matriculados, divididos em duas turmas de acordo com a faixa etária. Um dos alunos é Pedro Panceri Menini, que apresenta Transtorno do Espectro Autista, de 20 anos. Maria da Penha, mãe dele, conta que sempre o estimulou à prática esportiva e vê muitas evoluções no filho depois de participar do projeto. “Eles fazem o trabalho de inclusão, estimulam a socialização e a interação entre os meninos”, elogia.

 Conscientização ambiental – Projetos voltados à educação ambiental de crianças e jovens visam mudar o comportamento das futuras gerações em relação aos recursos naturais do planeta. Nesse sentido, o “De lixo a bicho”, do Campus Itajaí do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), tem como proposta promover ações de conscientização utilizando jogos produzidos com resíduos descartados da indústria têxtil. Criado por iniciativa da professora Rita Peixe, o projeto confecciona brinquedos a partir do reaproveitamento de materiais residuais de empresas como a Dudalina, a Círculo, as Meias Cajadan, a Oceano, a Brasil Botões e a Klabin.

 “Quando pensamos esse projeto, a ideia era imaginar algo que tivesse um sentido 'sentido' pelas e para as pessoas. Algo que não fosse somente um fazer puro e simples. Quando falamos de redes colaborativas estamos trabalhando com uma ideia mais ampla de colaboratividade, pois compreendemos que, se as coisas funcionarem em rede, todos serão beneficiados. E é esse mesmo o sentido do projeto De lixo a bicho”, ressalta Rita.

 A equipe do projeto elabora os brinquedos, que são adaptações de jogos já existentes, mas adequados à temática de conscientização socioambiental. O jogo das 5 marias, por exemplo, foi transformado no Bichoruga, feito com restos de tecidos e de conchas e, no lugar de pedras ou saquinhos de arroz, como no jogo tradicional, foram confeccionadas tartarugas e águas-vivas. “Hoje já são sete jogos utilizados para realizar ações de conscientização em escolas e na formação e capacitação de professores da educação básica”, informa Melina Chiba, coordenadora de Extensão do Campus Itajaí. Os jogos são Bichoruga; Bioinvasão marinha; Os Manoches; De olho no bicho; Ecoprisma; Detetive Ambiental; Jogo dos R`s; e Todos por um Planeta.

 Para a confecção, foi estabelecida uma parceria com a Unidade Prisional de Piraquara, no Paraná. Os brinquedos são produzidos por mulheres apenadas, que têm parte da pena reduzida por conta do trabalho realizado no projeto. Os jogos são utilizados em ações de conscientização ambiental realizadas em escolas e também na capacitação de professores da educação básica.

 “Propomos brinquedos sustentáveis, a partir de resíduos limpos, para falar de coisas muito sérias, como pesca predatória, fragmentação de habitats, excesso de lixo nos mares, uso dos recursos naturais, entre tantos conceitos que abordamos por meio dos nossos brinquedos, que foram criados pelos alunos a partir de percepções e reflexões acerca das questões socioambientais”, explica Rita. “Extensão é isso mesmo, ultrapassar os limites institucionais. Somos uma instituição federal, temos como um dos compromissos refletir acerca dessas questões junto à comunidade”, finaliza a idealizadora do projeto.

 Já foram realizadas 15 ações, envolvendo cerca de 2 mil estudantes das diversas modalidades, desde educação infantil até especialização, além da capacitação de 50 professores da educação básica. O projeto trabalha ainda com uma associação de maricultores e o Instituto Cidade Sustentável. A equipe conta com quatro servidores, quatro bolsistas e 20 alunos voluntários, dos cursos técnicos integrados em Mecânica e em Recursos Pesqueiros, da especialização em Ciências Marinhas Aplicadas ao Ensino e da especialização em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica.

 

Nathália Poloni

Assessoria de Comunicação Social do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)

Fotos: Divulgação Rede Federal

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