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Instituto Federal Fluminense desenvolve oferta de cursos voltada para os trabalhadores

por Comunicação Social da Reitoria publicado 01/08/2019 18h19, última modificação 31/08/2023 12h55
A proposta possibilita organizar os estudos por etapas de formação, além de ter cargas horárias semanais específicas.
Instituto Federal Fluminense desenvolve oferta de cursos voltada para os trabalhadores

Nova oferta procura ser compatível com a jornada de trabalhadores, possibilitando qualificações em tempos diferenciados (Foto: Mauro de Souza/IFF).

 Conciliar estudo e trabalho é uma dificuldade real para muitos trabalhadores brasileiros que podem não reconhecer nas instituições de ensino regular um “lugar” possível para eles estarem. Mas se a educação é um direito universal e a escola deve ser um ambiente para todos, não deveria estar preparada e adequada a diferentes realidades?

 Historicamente acredita-se que a educação regular afasta o trabalhador da escola ao não conseguir conciliar, por diversos motivos, ambas as atividades, contudo há um esforço institucional para planejar uma nova oferta de cursos compatível com a jornada dessas pessoas. Uma trajetória de formação que estimula a continuidade dos estudos e que prepara para uma atuação qualificada no mundo do trabalho, contribuindo para a elevação de sua escolaridade.

 É a chamada oferta de Cursos Técnicos por itinerários formativos que passa a fazer parte da grade do Instituto Federal Fluminense (IFF), a partir de 2019. O objetivo é ampliar as oportunidades de acesso, trazendo o trabalhador para dentro da instituição de forma que ele possa estudar, trabalhar e se qualificar ao mesmo tempo.

 Isto porque o itinerário formativo é construído a partir de uma trajetória de cursos que possibilita organizar os estudos por etapas de formação, além de ter cargas horárias semanais específicas: o estudante ingressa por meio de um Curso de Formação Inicial e Continuada (FIC), cuja exigência é estar estudando ou ter concluído o Ensino Fundamental, podendo chegar à conclusão de um curso técnico em um processo de qualificação e requalificação com organização de tempo e espaço diferenciados.

 “Você abre a escola para o público que trabalha, que não pode estudar todos os dias”, ressalta Carlos Artur Arêas, pró-reitor de Ensino do IFF. “É um movimento da instituição que deve trabalhar para todos, para que todos tenham êxito”, complementa.

 Na prática, o itinerário formativo pode ser entendido como um conjunto de cursos que se somam, ainda que sejam independentes. Ele é dividido em cursos de qualificação profissional, com certificação em cada um, e não há obrigatoriedade de serem cursados de forma contínua, podendo o estudante parar e retornar após um período, por exemplo, de acordo com sua necessidade e possibilidade. O último ingresso se dá na etapa do curso técnico, havendo o aproveitamento dos estudos anteriores, e com a certificação do técnico.

 "Os cursos de qualificação profissional, diretamente associados à atuação do trabalhador, tendem a ser um atrativo ao retorno à escola e à própria elevação de escolaridade".

 A construção desta oferta se deu a partir de um exercício de enxergar dentro do currículo do tradicional curso técnico qualificações profissionais que constroem um caminho possível de ser adequado à rotina de um trabalhador.

 A novidade, no âmbito do IFF, é fruto do trabalho realizado pela Pró-reitoria de Ensino junto às representações da comunidade acadêmica com o objetivo de definir diretrizes para ampliar as possibilidades educacionais desses jovens e trabalhadores que por diversas questões demandam cursos adaptados às suas necessidades e rotinas.

 Como encaminhamento, foi instituído um Grupo de Trabalho, com participação de todos os campi, pela Portaria N.º 1625/2017 que, por um ano, se debruçou sobre as definições e organização de itinerários formativos, resultando no documento que aponta as Diretrizes Institucionais para a Organização Curricular desta modalidade, a Resolução N.º 36/2018.

 Carlos Artur explica que as diretrizes para oferta de cursos técnicos por itinerários formativos compõem um conjunto de documentos orientadores voltados para a inclusão e a permanência escolar. Tais documentos elegem a diversificação curricular como elemento de opção política e organização acadêmica, e funcionam como meio de comunicar, organizar e contribuir para os processos criativos associados aos cursos e seus públicos.

 “No caso dos cursos técnicos organizados por itinerários formativos, há diferenças em diversas dimensões. Na organização escolar, há diferenças na engenharia de currículos (que permitem cargas horárias semanais e diárias menores, compatíveis com as jornadas dos trabalhadores); nos requisitos de escolaridade (pois o acesso ao primeiro curso pode ser feito por estudantes ou concluintes do Ensino Fundamental); e nas próprias estruturas de ensino e aprendizagem", explica. "Fora da dimensão institucional, os cursos de qualificação profissional, diretamente associados à atuação do trabalhador, tendem a ser um atrativo ao retorno à escola e à própria elevação de escolaridade. Junto a isso, a sequência do itinerário combina a proposta de verticalização institucional às trajetórias individuais dos próprios trabalhadores, já que a ideia é estimular e propiciar a formação técnica e a conclusão da educação básica para todos”, acrescenta.

 Diversos campi do IFF já iniciaram ações e cursos que se articulam aos itinerários formativos propostos na diretriz, como é o caso de São João da Barra, Campos Guarus, Cabo Frio, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna e Quissamã. O resultado é o primeiro curso técnico do IFF a ser ofertado desta forma, aprovado em fevereiro deste ano pelo Conselho Superior, órgão máximo do Instituto, para a unidade de São João da Barra.

 O Técnico Subsequente em Eletrotécnica por itinerário formativo será da seguinte maneira: um módulo básico, que funciona como pré-requisito para os demais, que é o Curso de Formação Inicial de Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão; em seguida, os cursos de Formação Continuada de Eletricista Industrial e de Montador de Painéis Elétricos. A última etapa corresponde à qualificação técnica, em que o aluno, após ter concluído todos os Cursos de Formação Inicial e Continuada, estará apto a seguir para o Curso Técnico Subsequente em Eletrotécnica para concluir sua formação com o aproveitamento dos estudos anteriores. Cada etapa conta com 300h.

Itinerário Formativo do Curso Técnico em Eletrotécnica

 Em São João da Barra, os cursos que compõem o itinerário formativo vêm sendo ofertados desde 2017 e, com a aprovação, a partir do segundo semestre de 2019, este ciclo será fechado com a oferta da última etapa, o Técnico em Eletrotécnica, com duração de seis meses. Serão 30 vagas e as aulas ocorrerão três vezes na semana, no turno da noite. O público-alvo são alunos concluintes do Ensino Médio, maiores de 18 anos e que tenham concluído os FIC Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão, Eletricista Industrial e Montador de Painéis Elétricos.

 A diretora de Ensino do campus, Maria Lúcia Ravela destaca que a necessidade de criar alternativas formativas para trabalhadores foi uma das motivações para a elaboração do curso que vem sendo pensado há dois anos. “A Educação Profissional é espaço privilegiado para a construção de Projetos Pedagógicos de cursos que priorizem um ensino flexibilizado, contextualizado”, diz, “o curso é fruto do compromisso do Instituto com a classe trabalhadora da região, e de oportunizar meios de sua entrada, permanência e êxito, qualificando e elevando a escolaridade do cidadão sanjoanense para que possa atuar de maneira ativa e crítica no desenvolvimento produtivo e econômico de sua região”, acrescenta.