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Economia Solidária
Moedas sociais em debate na XII Mostra de Extensão IFF-UFF-Uenf e IV UFRRJ
Da esquerda para a direita: Olney Motta e Joaquim Melo.
Como parte da programação da XII Mostra de Extensão IFF-UFF-Uenf e IV UFRRJ, foi realizada. na tarde da última quarta-feira, 21 de outubro, a mesa-redonda “Economia solidária na pandemia – o sucesso de Maricá”, com o coordenador geral do Instituto Palmas e da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, Joaquim Melo. A mediação ficou a cargo do pró-reitor de Extensão da Uenf, Olney Motta.
Em sua apresentação, Joaquim falou sobre a implantação da moeda social Mumbuca no município de Maricá (RJ), ocorrida em 2013. O programa foi inspirado na experiência da comunidade do conjunto Palmeiras, em Fortaleza (CE), que, há mais de 20 anos, criou a primeira moeda social do País, chamada Palma.
Segundo Joaquim, que participou ativamente da criação da moeda Palma e também da moeda Mumbuca, este tipo de iniciativa pode ser uma alternativa para enfrentar os problemas econômicos oriundos da pandemia do coronavírus. “O Brasil hoje já tem lei para moedas digitais; então as prefeituras podem criar seus bancos comunitários digitais e autorizar a pagar quem ela quiser em moedas sociais”, disse.
Ele disse que Maricá foi uma das poucas cidades do Brasil a ter um saldo econômico positivo durante a pandemia. “O município tem hoje mais gente contratada que desempregada. Por quê? Porque tinha dinheiro que circulava localmente”, disse. Segundo Joaquim, o programa municipal une duas iniciativas: o banco comunitário com a moeda social e uma renda básica. Cada família recebe por mês de R$ 300 a R$ 1.200 em moeda Mumbuca. Há ainda programas de auxílio aos trabalhadores e às empresas.
“Além de ser uma política correta, ela é feita em moeda social. Com isso, são injetados, todo mês, R$ 40 milhões na economia local, tudo em moeda social. A taxa de 2% do banco é reinvestida em crédito para os moradores abrirem negócios, como o polo calçadista, de confecção. Isso tudo gera mais empregos e mais impostos para a prefeitura”, disse.
Segundo Joaquim, a criação da primeira moeda social brasileira ocorreu em 1998, após a comunidade do conjunto Palmeiras ter conseguido urbanizar o local, através de um mutirão e com recursos angariados em rifas, bingos e doações. “Na época, começou a haver especulação imobiliária no local e começamos a ver muitas famílias vendendo suas casas, depois daquele esforço todo que tivemos. Então, surgiu a pergunta que mudou nossas vidas: por que somos pobres? Por que uma comunidade que consegue o que a gente conseguiu, continua pobre?”, disse.
Segundo Joaquim, a pergunta originou uma pesquisa que apontou que 93% de tudo que os moradores compravam vinha de fora do bairro. “Daí vem a filosofia que nos orienta até hoje: não existe comunidade pobre; a gente se empobrece. Isso é muito importante nos dias de hoje: a gente só vai recuperar as economias globais começando pelas economias locais”, afirmou.
Encerramento – Nesta sexta-feira, 23, às 14h, será realizada a última palestra da Mostra de Extensão. O tema, “Economia solidária na Pandemia: sucessos e problemas”, será apresentado pelo deputado Waldeck Carneiro. Professor da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação da UFF, Waldeck preside a Comissão de Ciência e Tecnologia e a Frente Parlamentar em Defesa da Economia Popular Solidária do RJ.
Após a palestra, será realizada a cerimônia de encerramento, com a participação dos professores Olney Motta (UENF), Cátia Viana (IFFlumiense), Cresus Vinivius Depes de Gouvêa (UFF) e Roberto Carlos Costa Lelis (UFRRJ). Em seguida, haverá apresentação da Orquestra de Violões do IFFluminense.
Fique por dentro de toda a programação pelo Portal de Eventos do IFF.
Fonte: Ascom Uenf