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Reditec 2018
Professor da Universidade de Oxford fala sobre automação e futuro do trabalho
Diretor adjunto do Programa em Tecnologia e Emprego na Universidade de Oxford, na Inglaterra, Carl Frey, durante sua palestra na Reditec (Fotos: Alexandre Willian - IFF)
Automação e Futuro do trabalho. Com esses dois focos, o professor Carl Benedikt Frey, doutor em História da Economia pela Universidade de Lund, na Suécia, apresentou a palestra principal da manhã do dia 12 de setembro, na Reditec 2018. Frey é o diretor adjunto do Programa em Tecnologia e Emprego na Universidade de Oxford, Inglaterra.
Em um passeio histórico, o professor, com palestra intitulada “Trabalho, Empregabilidade e as Tecnologias”, foi à Revolução Industrial para desmitificar a imagem da tecnologia como inimiga do emprego. Em exemplos, gráficos, tabelas e comparações, Carl trouxe ao público dados sobre a industralização, carreiras e salários ao longo dos últimos três séculos, mostrando que: “a tecnologia no trabalho é importante para os mercados desde a Revolução Industrial”, fazendo referência às mudanças sociais que vivemos até hoje, como o fim das carreiras de telefonista, acendedor de postes de rua e ascensorista (quase extinta no Brasil).
Para Benedikt, não há que se temer os avanços tecnológicos, que ele vê aumentar vertiginosamente a participação no mundo do trabalho: “diferentes tecnologias têm diferentes impactos no trabalho. Se você perceber, a invenção do telescópio só auxiliou aos astrônomos em suas atividades”, disse. Ao mesmo tempo, o professor destacou a percepção de que a robotização da indústria automobilística afastou os humanos do chão da fábrica.
Educação e desenvolvimento de capacidades
Para o professor o que importa é o desenvolvimento de capacidades “para pessoas preparadas e hábeis” em receber treinamento, afinal, complementa, “o risco de sumirem algumas atividades atinge, quase sempre, trabalho com baixo nível de habilidades”. Ainda que ressalte o aumento da presença da tecnologia no ambiente de trabalho, a análise de Carl Frey indica três fatores que dão à sociedade global um lugar de conforto diante do futuro: segundo ele somente os humanos possuem características como criatividade, inteligência social e percepção e capacidade de manipulação, o que garantiria a primazia no mercado. “O melhor rôbo ainda não é capaz de desempenhar a simples tarefa de abrir e beber água de uma garrafa se não receber específicas determinações para isso”, disse.
Benedikt disse ainda que cidadãos com senso crítico e saberes tranversais são os melhores candidatos ao emprego do futuro, qualquer que seja ele. Para o professor, nascido no Sul da Suécia, capacidades e habilidades múltiplas para o mercado do futuro sempre têm serão fruto da educação, afinal, disse, o gosto pelo trabalho é uma característica humana e o aumento da riqueza mundial, historicamente, está ligada ao aumento do trabalho, mesmo com o incremento da tecnologia.
Mesa-Redonda
Após um breve intervalo, o público presente à palestra voltou ao auditório. Seis convidados – entre eles o próprio Carl Frey – compuseram um grupo para expor seus pontos de vista e discutir a educação, a pesquisa e o mercado de trabalho no Brasil e no mundo. Jadir Pela, reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e coordenador da Câmara de Pesquisa e Inovação do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) foi o mediador da mesa.
Também participaram da mesa-redonda Jorge Almeida, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Afrânio Pereira, superintendente comercial do Santander Universidades BrasiI, Paulo de Souza, da australiana Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO, em português: Comunidade de Organizações de Ciência e Pesquisa Industrial), e Denio Rebello Arantes, ex-reitor do Ifes.
Os convidados se apresentaram e falaram de suas atividades relacionadas ao tema da palestra. Todos destacaram a importância do ensino público, relacionaram o desenvolvimento da Rede com pesquisas aplicadas e investimentos em iniciativas que permitam a interlocução entre estudantes, institutos e indústria e ainda ressaltaram a inovação como caminho. Outros assuntos amplamente abordados foram o empreendedorismo e multidisciplinaridade como modelo de qualificação. Foi senso geral que o trabalho em rede, com foco, e aproveitando as experiências reais podem gerar emprego e renda, desde que se busque inovação com análise e participação do mercado, seja indústria ou empresa.
Ao serem abertas as perguntas da audiência, Carl Frey foi questionado sobre qual o modelo a ser seguido pelos institutos que compõem a Rede, ao que respondeu: “não há um caminho determinado. Tudo passa pelo debate criativo e pelo desenvolvimento de habilidades múltiplas”, sentenciou.
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