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Servidores do IFF debatem sobre o uso da IA no ambiente acadêmico
Ela chegou para ficar. Só se fala dela, em todos os lugares: escolas, escritórios, empresas, nas redes sociais, todo mundo quer usar: a Inteligência Artificial (IA). É fato que a tecnologia já domina as nossas vidas há algum tempo, mas a inteligência artificial chegou para elevar este patamar. Para quem já é da área técnica, não é novidade, mas agora, a ferramenta se tornou popular e qualquer cidadão pode se apropriar de suas funções.
Mas peraí, será que é para a IA dominar a nossa vida ou para nós a dominarmos? Uma das grandes discussões em relação a esta ferramenta é exatamente isso: o uso ético e equilibrado que fazemos dela. Porque a IA está aí não para nos substituir, mas para ampliar nossa capacidade criativa e organizacional.
A questão é que as mudanças são tão profundas que os riscos caminham juntos, gerando muita preocupação, principalmente em relação à formação humana e social das novas gerações.
O Uso da IA no ambiente acadêmico
Instituições de ensino vêm debatendo e regulamentando o uso da Inteligência Artificial no ambiente acadêmico. Há uma preocupação quanto ao uso indiscriminado e antiético da ferramenta e o comprometimento do processo de formação dos estudantes bem como seu desenvolvimento intelectual, crítico e reflexivo enquanto pesquisadores e seres humanos. Não é para deixar de usar, e sim para usar com responsabilidade porque, de fato, a IA pode auxiliar e muito no cotidiano das pessoas.
Para trazer esta discussão para dentro do IFF de forma institucional e sistemática, o Centro de Referência (Cref) recebeu na tarde desta segunda-feira, 08 de dezembro de 2025, o evento “O uso da Inteligência Artificial na Elaboração de Projetos de Pesquisa e Extensão e nas Metodologias Ativas de Ensino e Aprendizagem”, realizado pela Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão (Proppie) em parceria com o Cref.
O objetivo do encontro foi debater o uso da ferramenta no ambiente acadêmico orientando e informando os servidores e estudantes sobre a aplicação adequada da ferramenta. “A gente quer falar um pouco da inteligência artificial na pesquisa, na extensão e no ensino, mas não tendo a pretensão de dar diretrizes para IA no ensino, o que vem sendo extremamente debatido, vários manuais estão sendo lançados, da Unesco, do MEC. Nós queremos dar alguns nortes, combinando com o uso de metodologias ativas”, ressaltou Aline Pires, diretora do Cref, na abertura do evento.

A Proppie trabalha para lançar em breve o Manual de Boas Práticas do uso da Inteligência Artificial na Elaboração de Projetos de Pesquisa e Extensão, cujos principais pontos foram apresentados pela Pró-reitora, Simone Vasconcelos. Este manual promete ser o melhor amigo, principalmente, dos professores em sala de aula que lidam diariamente com as questões éticas do uso de IA por estudantes. A proposta de um manual busca conscientizar e educar sobre o uso correto da ferramenta.
“O manual surge como resposta à crescente disponibilidade de ferramentas de Inteligência Artificial e seu uso por alunos em sala de aula, especialmente no contexto de projetos de pesquisa e extensão. Não apenas aqueles projetos submetidos a editais de fomento, mas também pesquisas, dissertações e teses”, explicou Simone, acrescentando que a conscientização precede a regulamentação, e que o manual é importante para preparar a comunidade para as melhores práticas.
De acordo com Simone, a questão central é: como lidar com a rápida evolução das ferramentas de IA e suas diversas aplicações na pesquisa e no ensino? “Observamos que os alunos, embora utilizem as ferramentas, podem hesitar em divulgar seu uso, por receio. Portanto, é crucial fornecer orientação clara aos alunos e professores. A proibição não é a solução; o caminho é o uso ético e responsável dessas ferramentas”, arremata.
Principais pontos do manual de boas práticas
Entre os destaques apresentados por Simone, o manual aborda: ✔️ Benefícios da IA na escrita de projetos; ✔️ Diretrizes da IA na escrita de projetos; ✔️ Questões éticas; ✔️ Uso da IA em cada etapa da escrita de projetos; e ✔️ Exemplos práticos.
Todo o manual é baseado no uso responsável da IA e seus três pilares: ⚖️ A responsabilidade final é humana; ⚖️ Transparência absoluta; e ⚖️ Pensamento crítico como ferramenta. O Manual destaca, ainda, que a ferramenta é assistente e não autora, e que seu uso deve ser para revisar, resumir conteúdos já lidos, gerar ideias iniciais ou estruturar argumentos. Plágio, vieses algorítmicos e distorção de autoria são alguns dos problemas que a ferramenta pode trazer para seus usuários na produção de conteúdos acadêmicos.
“Usar IA na pesquisa é aprender a fazer as perguntas certas. E não podemos deixar que nossos alunos se privem desses benefícios. É só mostrar a forma correta e ajudar a fazer, mostrar o que pode e o que não pode”, reflete Simone.
Em breve, o documento estará disponível na página da Proppei no Portal do IFF. Para 2026, a pró-reitora informa que três ações estão na pauta: oficina de escrita de projetos; tratativas da regulamentação do uso da IA na Pesquisa e na Extensão; e um evento tendo a IA como tema principal.

“A originalidade acadêmica não está em ignorar o uso da IA, mas em saber como usá-la com responsabilidade” - reflexão trazida por Simone durante o evento.
Participando do encontro, o professor Jefferson Manhães de Azevedo ressaltou que trata-se de uma temática sobre a qual todos estão aprendendo ainda, um mundo novo para os educadores e, ao mesmo tempo, crítico pois interfere diretamente no pensamento cognitivo das pessoas. “A gente é do processo de formação, não somos uma empresa. A empresa quer resultado, nós queremos formação, processo de aprendizagem. E pra gente, este processo de aprendizagem é muito comprometido quando, no uso intensivo desta ferramenta, a gente se equivoca, tornando ela o eixo principal do nosso estudante. Então, os estudantes têm que entender que estão em processo de formação”.
O coordenador de Metodologias e Tecnologias do Cref, Arthur Rezende, juntamente com os estudantes Marcelo Soares e João Victor Prazeres apresentaram aplicações práticas da IA no processo de Ensino e Aprendizagem, como foco nas metodologias ativas. Eles demonstraram o uso de prompts e como fornecer as informações certas para se obter respostas relevantes e úteis.

Os participantes, entre os mais habituados no uso de IA, e outros ainda descobrindo suas possibilidades, promoveram um debate rico de troca de informações baseado em experiências e vivências práticas.
“Gostei muito e fico muito feliz do IFF estar se preocupando em fazer um manual do uso da IA em pesquisa, que é uma preocupação muito grande nossa, de quem orienta qualquer tipo de trabalho. Gostei muito dos esclarecimentos sobre a engenharia de prompt e gostei mais ainda da discussão com os colegas que sempre enriquece. Às vezes, a gente tem objetivos comuns, mas não tem tempo de sentar e conversar. Foi muito proveitoso”, avaliou Carla Antunes Fontes, coordenadora da Licenciatura em Matemática do Campus Campos Centro.
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