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Aluna do IFF Bom Jesus é aprovada em Harvard

por Erika Vieira/Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana publicado 16/04/2020 11h55, última modificação 20/04/2020 14h48
Rebeca Fontoura está entre os 1980 aprovados, de 40 mil candidatos, e pensa em seguir carreira no Jornalismo Político.
Rebeca Fontoura fará parte da turma de 2024 de Harvard

Estudante também foi aprovada para a Northwestern University, no Catar.

 

Foi em uma noite à luz de velas, durante uma queda de energia em seu bairro, que Rebeca Fontoura, recém-formada técnica em Informática pelo Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus do Itabapoana, recebeu a notícia mais esperada dos seis últimos anos: em poucos meses terá um novo endereço em Massachussets, nos Estados Unidos, onde está a universidade que habitou seus sonhos desde o ensino fundamental. Harvard será o novo lar da estudante, por onde já passaram personalidades como Barack Obama, Mark Zuckerberg, Bill Gates, Natalie Portman, entre outros. Jornalismo Político é a área pretendida pela futura universitária.

O interesse pela universidade surgiu aos 13 anos, quando participou da cerimônia de premiação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) no Rio de Janeiro, onde recebeu sua primeira medalha de prata. Um vídeo exibido durante o evento, que trazia depoimentos de premiados da Olimpíada, apresentou à estudante a trajetória da cientista política e deputada federal Tabata Amaral, formada em Ciências Políticas e Astrofísica por Harvard. “Ela contava como saiu de um lugar muito difícil, com condição financeira péssima, e foi subindo sozinha. Por causa das medalhas dela, conseguiu bolsa em um ótimo colégio de São Paulo e, sem saber nada de inglês, passou em Harvard, começando como eu. Fiquei muito apaixonada pela história e pelas possibilidades. O primeiro nome de universidade americana que conheci foi Harvard e isso nunca saiu da minha mente”, lembra.

Antes mesmo de começar o ensino médio, Rebeca já estava adiantada em suas pesquisas sobre o novo sonho. Ingressar em outra universidade estava fora de cogitação. Começou a aprender inglês sozinha, aos 11 anos, e o conhecimento obtido possibilitou a leitura das informações sobre os requisitos para ser aluna de Harvard “direto da fonte”, como ela destaca. Testes padronizados, teste de proficiência em inglês, atividades extracurriculares, notas da escola, cartas de recomendação, prêmios conquistados, redações e até uma declaração pessoal faziam parte da extensa lista de etapas a serem vencidas, que, além de tudo, eram caras. “Eram várias coisas que poderiam me fazer desistir. Fiquei até um pouco desanimada quando descobri o tipo de pessoa que entra em Harvard. À primeira vista, as pessoas falam que você tem que ter ganhado um prêmio Nobel ou feito algo muito incrível, como pesquisa ou ganhado medalhas internacionais”, conta. Segundo ela, apesar de bastante competitivo, o processo é possível, mesmo que haja falhas no percurso.Rebeca Fontoura

Nem só de aprovações vive o estudante. O êxito alcançado por Rebeca é fruto de grande esforço e proatividade, mas também de superação de resultados negativos, incluindo um baixo desempenho no Scholastic Assessment Test (SAT), ou Teste de Aptidão Escolar, que é a prova de passagem do ensino médio para o ensino superior nos Estados Unidos. Foram cinco provas ao todo: dois SATs, dois SATs Subject (teste de conhecimentos específicos) e o exame de proficiência em inglês, que resultaram em 14 applications. O primeiro resultado foi um “não”. Depois dele, outras respostas negativas e listas de espera, até que a principal superou todas as expectativas.

Mas o processo envolve mais do que exames. O currículo do estudante tem grande peso na decisão da universidade, que valoriza a participação em atividades extracurriculares como parte relevante da formação do aluno. O IFF Bom Jesus foi um grande laboratório para Rebeca, onde teve a oportunidade de desenvolver projetos de extensão, pesquisas e atividades culturais, além de vivenciar experiências que pautaram a principal redação submetida à comissão de admissão de Harvard.

O desempenho da estudante durante o curso foi elogiado pelo professor Fabrício Barros, na época coordenador do curso técnico em Informática. “Ela é uma estudante com grande facilidade e interesse em aprender. É altamente focada em seus objetivos e se dedica para alcançá-los. Além disso, é uma pessoa acolhedora, com alta capacidade de se relacionar com pessoas dos mais diferentes tipos”, afirma, destacando ainda sua capacidade de liderança, compromisso com os estudos e preocupação com o rendimento escolar. “Rebeca não somente é competente tecnicamente, mas também em termos humanos, o que para mim é um grande diferencial em profissionais deste tempo”, acrescentou.

Premiação - melhor aluna de 2018 e melhor redação Rotary Clube

O diretor-geral do IFF Bom Jesus na época, Carlos Freitas, concorda. “É uma pessoa que consegue um êxito inexplicável em tudo que se propõe a fazer. Fico feliz em destacar que a escola deu a ela as condições necessárias para despertar e desenvolver essa capacidade. Temos uma equipe de professores e técnicos que fizeram um excelente trabalho. Estou muito feliz com essa conquista dela e quero crer que ela conquistará muito mais”, desejou. Rebeca se diz grata pelo apoio recebido na instituição, por servidores e alunos que se dispuseram a contribuir com o trabalho, incentivo e ajuda no cumprimento das exigências do processo.

Jornalista  A escolha pelo jornalismo também surgiu de experiências vividas no IFF. O Jornal Estudantil (JE) foi, segundo Rebeca, a atividade que despertou a paixão pela área, o desejo de contar histórias. Ela conheceu o jornal antes de chegar ao Campus Bom Jesus, ainda no ensino fundamental. "A irmã de uma amiga minha era do jornal e eu achei muito legal. Era um projeto com uma linguagem informal e conversava com os alunos; eles realmente liam e eu achei isso fantástico", lembra.

Durante sua passagem pelo projeto, foi coordenada pela professora Ângela Poz e, posteriormente, pela professora Karina Neves, atual responsável pelo JE. "Fui mudando junto com o jornal. Fiquei apreensiva com as mudanças, mas fui aprendendo e me tornei uma jovem jornalista muito melhor. Uma das principais redações que enviei para Harvard foi sobre como o jornal me ensinou a ter empatia e a entrar em qualquer entrevista, qualquer conversa, sem expectativas e com o coração aberto para ouvir o outro", disse. Encontrar tamanha paixão em um projeto, bem como a liberdade para desenvolver-se em diversos aspectos foi, para a estudante, um privilégio. 

Conselhos – Contar com ajuda de pessoas e instituições é um dos conselhos que a estudante deixa para quem deseja se preparar para estudar fora. Segundo ela, há instituições que oferecem mentorias gratuitas, como o Brasa Pré e o Prep Estudar Fora, que a auxiliaram em todas as etapas do processo, dos estudos à documentação. “É realmente um acompanhamento de perto de tudo que estamos fazendo e, se você estiver em um programa desses, não é garantida a aprovação, mas é uma ajuda incrível”, recomenda.

Além da mentoria, a proatividade deve ser a principal aliada do candidato. “Comece o mais cedo possível e não espere a chance perfeita de começar. Não espere acabar a semana de provas ou pensar melhor no que quer fazer. Comece a pesquisar agora mesmo”, orienta, incentivando ainda a pesquisar sobre outras instituições de ensino superior que oferecem bolsas para estrangeiros.

Por fim, ela lembra que “não é preciso ser um gênio. Eu não sou. Já tirei notas ruins, abaixo de seis, mas o importante é tentar manter o coeficiente de rendimento em um nível legal. Sobre as atividades: não vá pelo que todos estão fazendo. Faça o que você gosta, exerça sua paixão. Isso é o mais importante: é o que procuram”.

Expectativas – Para Rebeca, estar entre os 1980 aprovados, de 40 mil candidatos, traz consigo uma grande responsabilidade. Utilizar os recursos aos quais terá acesso da melhor forma possível, desafiar seus interesses e percepções de mundo, conhecer o corpo estudantil e retribuir à comunidade todo apoio que recebeu são os desejos da estudante. “Durante esses anos todos, em especial no terceiro ano, a quantidade de pessoas que me deram a mão, recursos, dinheiro, ajuda, tempo, não está no papel. O que eu mais quero é retribuir para os programas, para o IFF, também para as pessoas que querem seguir esse caminho. Quero ajudá-las, contar minha história, ajudar da forma que eu puder”. Com esse objetivo, disponibilizou seu endereço de e-mail para conversar sobre o processo, tirar dúvidas, compartilhar experiências e incentivar os colegas que se interessem pelo assunto: rebbfont@gmail.com .

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