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IFF Bom Jesus promove formatura de turmas do Pronera

por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana publicado 19/06/2023 12h44, última modificação 19/06/2023 16h22
Emocionante cerimônia aconteceu no Campus Campos Guarus, com a presença dos formandos, familiares, amigos e autoridades.
Formandos do Pronera

A cerimônia contou com a presença de 61 alunos que receberam a certificação.

“Hoje muitos sonhos foram realizados. Há entre nós pessoas que hoje têm orgulho porque não vão mais usar o polegar como assinatura: eles aprenderam a escrever seus nomes”. Essas são palavras do simpático senhor José Pereira. Trajado de forma elegante para receber seu primeiro diploma, ele representou os 96 educandos que concluíram com êxito o curso “Ampliação do nível de escolaridade no Ensino Fundamental - anos iniciais - na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em assentamentos da reforma agrária e comunidades rurais do Norte/Noroeste RJ”, oferecido pelo Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Bom Jesus do Itabapoana em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 

O emocionante discurso, acompanhado de lágrimas, sorrisos e muita gratidão dos presentes, foi proferido durante a cerimônia de formatura realizada no auditório do IFF Campos Guarus na manhã do último sábado, dia 17 de junho. Familiares, amigos, educadores e autoridades se reuniram para celebrar a conquista dos formandos, moradores de assentamentos rurais dos municípios de Itaperuna, São Francisco do Itabapoana, Campos dos Goytacazes e Macaé.

Entoando em coro os versos “companheiros, me ajudem, que eu não posso andar só; eu sozinho ando bem, mas com você ando melhor”, educandos e educadores abriram o evento com a realização da Mística do Girassol. Cartazes, pétalas, bandeiras e elementos com dizeres que marcaram a trajetória do grupo foram reunidos na formação de uma flor que representou os desafios vencidos e direitos daqueles que encontraram força no apoio dos colegas e não desistiram do sonho de concluir os anos iniciais da educação básica. 

Todo o conteúdo do curso foi adaptado à linguagem das localidades, com material pedagógico contextualizado, a partir da pedagogia da alternância. O método adotado foi o “Sim, eu posso!”, de origem cubana, e foram selecionados educadores locais para atuarem no Programa. O reitor do IFFluminense, Jefferson Manhães de Azevedo, destacou a relevância do projeto e a importância de garantir o direito a uma educação inclusiva e personalizada. “Quando investimos em educação, permitimos que as pessoas aprendam por si só a autonomia de ler o mundo, seja pelos números, pelas letras, pela literatura e pela cultura. Somos diferentes e por isso a educação também precisa se adaptar”, ponderou. Também elogiou a iniciativa dos gestores que aceitaram o desafio de dar continuidade ao projeto. “Agradeço por assumirem uma ginástica financeira que poucos servidores públicos teriam feito naquele momento, superando as dificuldades. Tudo isso só está acontecendo porque temos servidores públicos no Brasil que não se tornam subservientes”, acrescentou.

O diretor-geral do IFF Bom Jesus, Leandro Pereira Costa, lembrou a chegada do Pronera ao campus, em 2018, durante a gestão do diretor-geral Carlos Freitas. “Desde então permanecemos nessa luta pela educação do campo, apesar das dificuldades. Nosso campus está aqui para levar educação pública, gratuita e de qualidade a todos, sem exceção. Que venham outros projetos! Nossa instituição estará sempre aberta”, disse, agradecendo aos parceiros e colaboradores que atuaram no programa, cuja coordenação esteve sob a responsabilidade da professora Thaís Romano e do professor Eduardo Moreira. 

“Esse projeto foi construído a muitas mãos. Nós não sabíamos como fazer, só tínhamos a vontade, mas somos uma equipe forte. O coletivo é de uma força extraordinária. Foram muitas lutas; foi um processo de aprendizado para todos, mas conseguimos chegar aqui”, afirmou a coordenadora, também agradecendo e parabenizando os envolvidos. "A gente acredita que este é o melhor caminho: fazendo juntos", acrescentou Eduardo.

O representante do Incra, Ricardo Stroligo, citou a comemoração dos 25 anos do Pronera neste ano e enfatizou a relevância dos recursos obtidos para a realização do curso. “Se não fosse a boa vontade de todos vocês, esse projeto não teria acontecido. O Incra deu início, mas sem as emendas parlamentares não teria sido possível. Essa formatura é uma conquista muito grande de todos vocês e estou muito feliz, porque acompanhei tudo”, disse. O projeto contou, ainda, com a parceria das prefeituras municipais das localidades atendidas, cujos representantes também compareceram à cerimônia. 

O secretário Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Campos dos Goytacazes, Marcelo Feres, citou os desafios enfrentados pelo município. “Nossa rede é grande e muito heterogênea. Pensar educação do campo quando temos uma rede escolar em que praticamente metade está localizada em área rural nos traz um desafio. Um momento como esse nos traz esperança para nos fortalecer em direção à superação desses desafios”, avaliou, desejando que seja criada uma agenda de trabalho com o objetivo de fortalecer a iniciativa no município, por meio da identificação dos atores, dificuldades e caminhos para sua superação.

O secretário de Educação de São Francisco de Itabapoana, Robson Santana, reforçou o papel da educação do campo para o Brasil. “É de lá que tiramos o sustento do país. Nada mais digno do que dar educação aos trabalhadores que sustentam o país. Valorizamos muito essa parceria, porque juntos conseguimos conquistar mais e caminhar mais longe”, afirmou. 

A coordenadora de gestão escolar e pedagógica de Itaperuna, Tatiana Gonçalves, representou o secretário municipal de Educação e expressou a gratidão pela parceria com o IFF Bom Jesus. “O projeto permitiu que a educação chegasse ao nosso campo e quero enaltecer os formandos nesta manhã. Vocês estão no campo e, com a vivência do campo, adquirindo mais conhecimento. Vocês são vencedores”, elogiou.

Outro marco da cerimônia foram os versos “não vou sair do campo pra poder ir à escola; educação do campo é direito e não esmola”. Entoado pelos educandos e educadores, também foram citados em discursos e representam o desejo dos concluintes e equipes responsáveis pela ação, como cita o representante da equipe pedagógica do curso e do Fórum Fluminense de Educação do Campo (FoFec), Robledo Mendes. "É muito emocionante conseguir completar esse ciclo e saber que queremos continuidade, desdobramentos. Não queremos perder contato com os educadores. Esse time é muito bom e, se tivermos oportunidade de atuar nos municípios, não queremos desperdiçar essa estrutura que construímos. Queremos dialogar, multiplicar esse conhecimento que foi construído", pontuou.

Também estiveram presentes no evento a pró-reitora de Extensão,  Cultura, Esporte e Diversidade do IFF, Cátia Viana; a diretora de Pesquisa e Extensão do Campus Bom Jesus, Sheila Abrahão Loures; a pedagoga da Pró-reitoria de Ensino do IFF, Heise Arêas; e a representante do MST, Lara Miranda.

José Pereira, educando.

"Graças ao bom Deus existiu alguém que teve um sonho e o colocou em prática nesse lugar.
Agradecemos a todos", concluiu o senhor José Pereira, em seu discurso.

Investimento - Foram destinados R$1,2 milhão de reais ao desenvolvimento do projeto, que incluiu desde a capacitação e contratação dos educadores até a manutenção da infraestrutura necessária para realização das aulas. Os recursos foram disponibilizados pelo Incra e pelos deputados Glauber Braga (PSOL) e Talíria Petrone (PSOL), por meio de emendas parlamentares. O transporte e alimentação dos estudantes foram disponibilizados pelas prefeituras municipais.

A articulação e aprovação da iniciativa aconteceram em 2018 e, no ano seguinte, foram iniciadas as atividades de seleção de coordenador, educadores, técnico administrativo e monitor para o Programa. No mesmo ano aconteceu a capacitação dos selecionados. As aulas teriam início em 2020, mas o cronograma precisou ser adaptado devido à pandemia do novo coronavírus, tendo início em 2021. As aulas aconteceram nos assentamentos, ministradas por educadores locais, e houve também momentos de encontros no Instituto Federal Fluminense.