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PÓS-GRADUAÇÃO

1ª tese de doutorado mapeia rios e canais e sustenta que Campos pode reduzir alagamentos

por Vitor Carletti / Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 12/07/2024 07h43, última modificação 12/07/2024 07h43
Autora da pesquisa, Thais Torres passou por todos os níveis de ensino oferecidos pelo IFF, do ensino médio à pós-graduação.
1ª defesa de tese do doutorado AmbHidro

Thais Torres defendeu a sua pesquisa no dia 11 de junho no auditório Reginaldo Rangel do IFF Campos Centro. Foto: Acervo pessoal

  Campos dos Goytacazes pode diminuir as áreas que alagam e provocam transtornos à população em épocas de inundação. É o que sustenta a 1ª tese de doutorado, do Programa de Pós-graduação em Modelagem e Tecnologia para Meio Ambiente Aplicadas em Recursos Hídricos (AmbHidro) do Instituto Federal Fluminense (IFF), defendida pela pesquisadora Thais Torres.

  A pesquisa intitulada “A Inter-relação entre Planejamento Urbano e Gestão dos Recursos Hídricos” mapeou todos os rios e canais da área urbana por meio da observação e trabalho fotográfico.

  O estudo elaborou 23 mapas que identificam a malha hidrográfica do perímetro urbano. Entre eles, está um com a proposta de aplicação de Infraestruturas Verdes feito pela pesquisadora que defende que os rios, lagoas e canais devem ser conservados, valorizados e utilizados, de forma sustentável, pela população como área de lazer e convivência.

 “Com a pesquisa confirmou-se a hipótese de que os corpos hídricos possuem grande potencial de, considerando o Sistema de Espaços Livres (SEL), se integrar a outros espaços livres públicos da cidade, de forma a proporcionar melhorias na paisagem urbana, mitigar problemas de inundação e de alagamento, bem como propiciar melhor qualidade de vida para a população por meio de espaços de lazer e convivência bem estruturados”, afirma.

  Thais defendeu a tese em 11 de junho, no auditório Reginaldo Rangel do IFF Campos Centro. "Os resultados também demonstraram o potencial que a cidade de Campos possui para implantação de ações sustentáveis de drenagem em diversos de seus espaços livres públicos, possibilitando a mitigação dos alagamentos urbanos”, conclui.

 “Os resultados também demonstraram o potencial que a cidade de Campos possui para implantação de ações sustentáveis de drenagem em diversos de seus espaços livres públicos, possibilitando a mitigação dos alagamentos urbanos”
Thais Torres, 1ª doutora formada pelo IFF

Obstáculos

  A pesquisa identificou que os corpos hídricos da cidade vêm se modificando em função de intervenções de caráter político-institucionais, econômico, social e cultural.

  O estudo afirma que, muitas lagoas foram drenadas, e canais, construídos, por diversas comissões de saneamento que atuaram na região. Quando há fortes chuvas, os pontos de alagamentos que se formam estão nos antigos espaços ocupados por essas lagoas extintas.

  Thais afirma que atualmente a resistência da população em não desocupar essas áreas alagáveis é um obstáculo na implementação de políticas sustentáveis.

 “Com relação à implantação de ações de Infraestrutura Verde, um dos principais obstáculos identificados é a necessidade de sensibilização e engajamento da população, bem como a construção de parcerias sólidas entre o governo local, a sociedade civil e o setor privado. A falta de conhecimento sobre os benefícios das Soluções baseadas na Natureza (SBN) e a resistência à mudança podem dificultar a aceitação e a adoção dessas soluções pela comunidade, exigindo esforços significativos em educação ambiental e sensibilização pública”, disse.

Verticalização

  Thais, que vai dar aulas como professora substituta no Curso de Edificações do IFF Campos Centro, é o exemplo concreto de que o estudante pode atingir o topo da carreira acadêmica ao escolher o IFF como instituição de ensino. Ela fez o ensino médio, cursou a graduação e concluiu o mestrado e o doutorado no Instituto. Questionada, a pesquisadora explica as vantagens e desvantagens da sua escolha.

 “Entre as vantagens posso apontar a possibilidade de concluir diferentes cursos de qualidade e de forma gratuita sem precisar me deslocar para outra cidade, já que trabalhando isso se tornaria inviável, ou no mínimo complicado. Outra vantagem é familiaridade com a estrutura física e com as pessoas, já que com o passar dos anos o IFF se torna uma segunda casa. Como desvantagem eu aponto a falta de diversidade de experiências e de oportunidades de networking.”

Thais (ao centro) com os professores que participaram da banca presencialmente e por meio de videoconferênciaFoto: Acervo pessoal

Orientadores

A pesquisa foi orientada pela professora Dra. Daniela Bogado com a coorientação do professor Dr. Vicente de Oliveira.

Daniela acredita que os resultados da tese instauram questões metodológicas importantes porque incorpora "dimensões cartográficas, perceptivas e de interlocução socioambiental que representam importante aporte na construção, não só de futuras pesquisas, mas também, de diretrizes para políticas públicas." A professora acredita ser necessário que a pesquisa seja apresentada e debatida no Conselho Municipal de Meio Ambiente e Saneamento e no Comitê de Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana (BHBPSI).

"[Existe]  a possibilidade da implantação de lagoas secas e pluviais na área central estudada, tendo o dimensionamento indicado que elas caberiam no Parque Alberto Sampaio. Como desdobramentos futuros, com base nos resultados por Thais obtidos, podem ser desenvolvidas tecnologias sociais para implementação de Infraestrutura Verde em bairros campistas, abrangendo trabalhos de educação ambiental com as populações envolvidas", argumenta.

Já o coorientador Vicente de Oliveira destaca a verticalização do ensino no IFF como aconteceu com Thais. "É importante destacar a dedicação e o comprometimento da colega servidora, que, com excelência, desenvolveu um trabalho de tese de alto nível e aplicável ao município de Campos dos Goytacazes.”

A banca examinadora da pesquisa foi composta pelos orientadores, pelas professoras Dra. Luciana Bongiovanni M. Schenk (IAU – USP), Dra. Danielly Cozer Aliprandi (PPGAU – IFF) e Dra. Maria Inês Paes Ferreira (AmbHidro - IFF).