Os aprendizados adquiridos no intercâmbio pela estudante Larah Victoria dos Santos serão compartilhados, este ano, em evento ainda em definição pela sua orientadora em projeto de pesquisa, a professora doutora Alissan Maria da Silva, do Curso de Licenciatura em Teatro, oferecido gratuitamente no IFF Campus Campos Centro. A aluna retornou de Cabo Verde no final de dezembro, após participar do intercâmbio promovido pelo Ministério da Igualdade Racial. Larah é estudante do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi bolsista no projeto de pesquisa sobre análise de currículos de licenciaturas em teatro, afrorreferência e relações étnico-raciais, promovido por um edital CNPq, para concorrência de professores doutores, em que estudantes externos poderiam ser selecionados.

   A professora Alissan destaca que a presença da bolsista no intercâmbio é relevante "para o nosso curso e, sobretudo, para os projetos do Coletivo Saravá, pois dimensiona  a importância do debate das relações étnico-raciais e o nosso lugar formativo nesse debate." A professora também ressalta as contribuições que a aluna bolsista legou à Licenciatura em Teatro em atividades como "análise do currículo e participação ativa em nossas ações, como a Semana de Ensino de Arte, em que estudamos currículo, foi ponte para palestrantes na Semana das Licenciaturas, participou de aulas do curso de Licenciatura em Teatro, explorando suas contribuições, sobretudo nas disciplinas de Estudos Culturais Étnico-raciais e Laboratório de Ensino e Aprendizagem do Teatro III."

   O intercâmbio e a convivência com o curso de licenciatura no Instituto agregaram conhecimento e experiência para Larah. No período 2022/2023 ela participou do projeto de pesquisa A Lei 10.639/03 e o Currículo dos Cursos de Licenciatura em Teatro da Rede dos Institutos Federais, como bolsista CNPq no Campos Centro do Instituto Federal Fluminense, em Campos dos Goytacazes, com a coordenação da professora Alissan. "Foi a primeira vez que tive a oportunidade de viajar para fazer pesquisa, conhecer a coordenação de outro curso e pude entender de perto como funcionava o que eu estava pesquisando, tendo em vista que o curso estava passando por um período de reformas curriculares com questões latentes ligadas a lei 10.639/03. Existe uma Larah antes e depois desse projeto, as pessoas que convivi, os lugares que alcancei e tudo que me foi ofertado durante esse tempo, abriram portas para a aprovação num intercâmbio em um país africano", relata a estudante.

  O intercâmbio - Larah participou do Programa Caminhos Amefricanos: Intercâmbio Sul-Sul - Edição Cabo Verde, em que 50 estudantes de diferentes regiões do Brasil foram selecionados para viverem experiências que enriqueçam suas narrativas pessoais e trajetória acadêmica, contribuindo para o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial. O programa é uma iniciativa conjunta do Ministério da Igualdade Racial (MIR) do Brasil, do Ministério da Educação (MEC) e da Coordenação de aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) em parceria com a Universidade de Cabo Verde (UniCV).

   "A primeira vez que saí do meu país foi para estudar em um país africano, para experienciar partes de culturas que eu estudava e admirava. Culturas que se mantinham vivas nas aulas de Alissan e eram o motivo de sua luta incansável em formar professores que não abaixariam a cabeça enquanto uma lei, fruto do movimento negro que sustenta o país, não estivesse sendo obrigatoriamente implementada em currículos, atividades e ações dentro e fora do espaço escolar. Aprendemos com ela que a luta é cotidiana. O projeto de pesquisa, além de ser essencial na minha formação como futura pedagoga, comprometida com uma educação antirracista e libertadora, abriu meus horizontes para sonhar e lutar pelos direitos e oportunidades que nos foram tiradas, assim como lutaram para que eu estivesse lá", comenta Larah.

 No intercâmbio, Larah pode conhecer diversas instituições de ensino de Cabo Verde (Foto: Divulgação).