Notícias
Coletivo Artístico Saravá em ação no Campus Campos Centro do IFF
A superintendente da Igualdade Racial, Lucia Talabi, abraça as estudantes que representaram o Coletivo na entrega do Prêmio José do Patrocínio.
Além de produzir arte, o objetivo do Coletivo Saravá é “estar em contato com saberes tradicionais extrapolando os muros da academia, mas também lutando pela presença e evidência desses saberes nesses espaços”, observa Alissan Silva, professora de Teatro do IFF.
O Saravá tem se dedicado a estudar performances culturais do contexto afro-brasileiro. Dessa forma, busca criar experiências em arte como possibilidade na formação de professores. A Lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas.
- O nosso principal foco é que o conhecimento passe, aconteça, se materialize pela via da experiência artística com a performance. Nesse caminho, também buscamos compartilhar com a comunidade nossas fontes de pesquisa, promovendo mesas, debates e oficinas – como nossa atuação na Semana Unificada da Consciência Negra IFF, UFF, UENF, em 2016 – que aconteceu grande parte em nosso campus – destaca a professora.
Os objetivos do Coletivo Saravá foram definidos para curto e médio prazos. No primeiro caso, um deles é o desvelamento de práticas de racismos cordiais. A professora Alissan aponta o problema no episódio recente em que estudantes do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) denunciaram atos de racismo que teriam ocorrido no Campus Centro, durante o III Enneabi, em novembro. “Já era conhecido por nós e comprovado todo mês com a realização da performance duracional ‘A volta ou a Re-volta de Michele’".
No médio prazo, e pensando na região Norte Fluminense, espera-se formar professores preparados e multiplicadores de uma “educação estética sensível”. Também a médio prazo, em uma possível renovação do projeto, o Coletivo pensa em colaborar com ações artístico-pedagógicas para além dos muros do IFF.
Com o trabalho do Coletivo Saravá, a professora Alissan e parceiros evidenciam um contexto já conhecido por sujeitos negros e negras, estudiosos da área e professores que se propõem a lidar com essas temáticas.
– Somos oriundos de um sistema educacional que historicamente não nos preparou para trabalhar com esses conteúdos, que nos ilude a partir do mito de uma democracia racial, que nos fez desconhecer as produções de conhecimento das múltiplas etnias que nos compõem. Nosso trabalho, ainda que de formiguinha, é importante, pois nos colocamos no lugar de quem enxerga essa necessidade e de quem vai à procura de maneiras outras de aprender, de ensinar, de aprender a ensinar, de ensinar a aprender a riqueza desse repertório artístico-cultural negro. É um trabalho de descoberta de nós mesmos, de resistência, de criação, de combate a racismos, pois nesse caminho os elementos da cultura afro-brasileira sofrem racismo pela falta de conhecimento das estruturas e lógicas de pensamentos em que estão inseridos esses conhecimentos – pontua ela.