O recente workshop “Marco de Inovação TVET: Promovendo a excelência no Brasil”, realizado no campus, é parte do Projeto Centros de Competências para a Inovação, que tem entre suas finalidades avaliar o que a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Rede Federal) tem de positivo e, também, o que precisa ser melhorado. Seis institutos federais e outras instituições participam, a partir de edital lançado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). O gerente de projetos da Unesco-Unevoc, Dionisio João Paresi, ministrou a dinâmica no Campus Campos Centro durante a semana passada. Nesta entrevista, concedida à Assessoria de Comunicação Social, ele reflete sobre um dos desafios para os institutos federais, no sentido de buscar a permanente sintonia com o mundo do trabalho e a sociedade. 

   Ascom - Nessa imersão, que descobertas vocês fizeram?

   Dionisio Paresi - Primeiro, que o campus está em uma posição boa. Ele tem, evidentemente, oportunidades de melhorias para poder crescer, mas está em um estágio em que precisa de alguns ajustes, alguma tomada de consciência, mas tem potencial, está no caminho certo. É uma questão agora de fazer os ajustes e seguir em frente.

   Ascom - Como é fazer um processo desses no Brasil, com muitos institutos e uma escala enorme?

   Dionisio - É um grande desafio, porque nós estamos trabalhando com apenas um por cento de todos os campi que tem a rede. Nós estamos pensando, vendo alternativas, o próprio evento da Finep (Finep Day), para ver se a gente consegue submeter um projeto para atender mais ainda, porque é uma gota no oceano, vamos dizer assim, porque ainda tem muito espaço para crescer (a Rede Federal). Vamos considerar  também que o campus aqui é um campus centenário, privilegiado, é um dos cinco melhores que existem na Rede, imagina as condições dos outros... Precisamos, evidentemente, investir tempo e recurso, mas não tem volta. Inovação é o que move o desenvolvimento.

   Ascom - Para as pessoas terem uma noção: como se trabalha essa ideia de envolvimento da educação, tecnologia e inovação?

   Dionisio - O primeiro ponto é que um campus, ou um centro de formação profissional, não é uma ilha, está dentro de um ecossistema. Não é uma máquina, em que a gente faz só ajustes. O olhar tem que ser sempre pra fora. Se o olhar é pra fora, nós temos de estar sempre em sintonia com o que está acontecendo lá fora. Quando a gente vem pra dentro, se vemos toda a inovação tecnológica que vem acontecendo, se olhamos para a sala de aula, nós temos que mudar nossas estratégias de ensino e aprendizagem. Evidentemente, a base tem de continuar existindo. É formal. O aluno, que ele saiba pensar, que saiba enfrentar as situações. Quando se fala em situações, o que acontece na educação profissional? Nós vamos lá fora, trazemos os problemas para dentro da escola, para a sala de aula, e colocamos os alunos para resolver problemas, ou seja, trabalhamos em cima de solução de problemas do mundo real - não que a escola não esteja no mundo real - é só esse link com o que está acontecendo lá fora. O papel do docente vai caminhar cada vez mais para o de mediador e não mais só para o de um transmissor do conhecimento. 

   Ascom - Um processo todos todos...

O aluno hoje, se você o desafia, tem acesso à informação. Então, ele vem pra sala de aula já com a informação, o professor não precisa mais ser o dono da verdade. Ele tem de saber mediar. Eu resumo assim: um bom docente tem de ter algumas características ou capacidades, gosto de falar capacidades: primeiro, saber perguntar, o professor tem de ser um especialista em perguntar, porque se eu pergunto, tenho de ter a capacidade de ouvir. Tenho de ter a paciência, a estratégia de ouvir, tenho de dar tempo, tenho de instigar. Um dos maiores desafios ou medos que o professor tem é o de fazer uma pergunta e não ouvir a resposta e aí ele já responde. Nós estamos com uma carga muito grande de conteúdo. Você tem de ser um especialista em pergunta. O terceiro ponto é criar situações de aprendizagem com foco, no desenvolvimento de problemas lá de fora, que mobilize as capacidades dos alunos. Se fizermos esse olhar, já vamos dar um grande avanço. 

   Ascom - Ouvi colegas dizerem que nesse curso estão olhando para o Instituto e estão descobrindo muita coisa...

   Dionisio - A ideia foi fazer uma análise, uma reflexão e uma identificação de melhorias. (Mostrando papéis colocados na parede) esse lado de cá são melhorias. A gente foi instigando eles, colocando algumas questões e nós vimos muita coisa boa, mas, como sempre existe possibilidades de melhorias, foi identificada uma série de melhorias. Priorizamos algumas, porque não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Estamos com 14 oportunidades de melhorias e vamos começar com quatro, para começar o processo. Como comentei no início, temos uma longa caminhada. Temos muitas oportunidades, algumas pequenas, mas que são muito significativas no processo do dia a dia. Quando falamos em inovação, estamos trazendo aqui, basicamente, de inovação de processos que vão facilitar o dia a dia.