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Egresso do Curso de Letras do IFF lança livro durante a Flip

por Vitor Carletti / Assessoria de Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 08/07/2025 14h26, última modificação 08/07/2025 14h32
Matteus Gomes é autor da obra literária “O menino imperador” que será lançada na Festa Literária Internacional de Paraty entre os dias 30 de julho e 3 de agosto.
Lançamento do livro "O menino imperador"

Matteus Gomes é autor do livro "O menino imperador", ficção baseada na história de Dom Pedro II.Foto: Acervo pessoal/ Matteus Gomes

 O ex-estudante do Curso de Licenciatura em Letras do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro Matteus Gomes vai lançar o seu livro “O menino imperador” durante a Festa Literária Internacional de Paraty, que acontecerá entre 30 de julho e 3 de agosto.

 O lançamento vai acontecer, no dia 2 de agosto, às 10h, no espaço reservado à editora do livro Casa Caravana que integrará o programa Casas Parceiras da Flip, cujo objetivo é permitir que outras entidades culturais possam apresentar as suas obras nos dias do evento.

 Mestrando em Ciência da Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o autor conta como surgiu a ideia de escrever o livro em um ano em que se celebra 200 anos do nascimento de Dom Pedro II. O segundo imperador do Brasil nasceu em 2 de dezembro de 1825.

 “A decisão de escrever esse livro não foi óbvia pra mim. Foi por acaso, lendo um livro do Laurentino Gomes - o terceiro da trilogia 1808, 1822 e 1889 - que me deparei com a história da infância do Dom Pedro II. A história daquele menino órfão, não sei bem por qual razão, me comoveu a ponto de eu sentir que precisava fazer algo a respeito. Daí surgiu a ideia de escrever um romance que retratasse aquela infância e aquele tempo. Simples assim. Apesar da questão histórica, que é essencial nesse trabalho, é um livro sobre infância, família e orfandade - e sobre muitas outras coisas, como sistemas de governo, escravidão e democracia”, detalha.

 Matteus conta que o processo de pesquisa se deu entre 2016 e 2020. O autor afirma que aprofundou os estudos sobre a família imperial no Brasil por meio da leitura de biografias, livros sobre o império e o Período Regencial (1831-1840), quando o país foi governado por regências até que Dom Pedro II atingisse a maioridade e pudesse governar e dar início ao período do Segundo Império.

 “Em algum momento, comecei a fazer perguntas que os livros não respondiam, então decidi ir direto às fontes: recorri ao Arquivo Público do Museu Imperial de Petrópolis em busca de cartas trocadas entre a família imperial. Consegui acesso a muitas delas - alguns acervos eu não conheci porque precisava de autorizações que não tive tempo de conseguir. Várias dessas cartas, algumas inéditas, estão no meu livro, me ajudando a contar as histórias das personagens”, explica.

Humanização — Embora seja uma obra de ficção com personagens marcantes da História do Brasil, o livro cria ambientes e possíveis situações da vida do então pequeno imperador.

 O autor acredita que a obra contribui neste sentido de ampliar as formas de interpretar o que os livros de História relatam sobre épocas marcantes do Brasil Império.

 “A maioria de nós estuda na escola acontecimentos-chave do Brasil Imperial, como a abdicação, as regências, as revoltas regenciais, o golpe da maioridade, mas poucas vezes realmente enxergamos as pessoas que estão por trás desses marcos. Ao colocar o foco nas relações familiares, nos indivíduos com seus desejos, medos e aspirações, a literatura possibilita que nos vejamos neles e que entendamos melhor esse nosso passado comum que, afinal, nem está tão distante”, disse.

 Matteus não abriu mão de contextualizar a escravidão daquela época em seu texto e afirma que esse é um ponto de reflexão na obra sobre a sociedade brasileira.

Acredito, ainda, que ao retratar a escravidão no livro eu estou tratando do Brasil contemporâneo. E o diálogo entre esse meu texto de ficção e a nossa realidade talvez esteja aí: na permanência de injustiças históricas.”