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Conferência
Evanildo Bechara fala no IFF sobre "A Língua Portuguesa e o Papel da Universidade"
O professor Evanildo Bechara em conferência no Campus Campos Centro do IFF (Rakenny Braga/Comunicação Social)
A vinda de Evanildo Bechara agitou a comunidade acadêmica do Campus Campos Centro. A organização e realização do evento foi feita pela Licenciatura em Letras e Direção Geral do campus. Bechara se mostrou contente com a vinda, elogiou o Campus e disse: "É um dia que ficará marcado para sempre em nossas memórias."
Para a Comunicação Social, o acadêmico falou sobre ser conhecido pelas novas gerações de falantes e estudantes de Letras:
- Eu enxergo como um estímulo pequeno nosso, no sentido de mostrar a vocês a beleza da língua, a beleza da profissão de ensinar uma língua, seja ela qual for, principalmente a língua materna, o Português. E ter a certeza absoluta de que com o entusiasmo que vocês chegam e o amor aos estudos vocês representarão uma geração vitoriosa.
Bechara está em plena atividade: ele é membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra; professor-titular e emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF); titular da cadeira nº 16 da Academia Brasileira de Filologia, e da cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras. O gramático ainda fez questão de ministrar de pé a sua palestra. Questionado sobre o segredo de sua vitalidade aos 90 anos, ele ri simpaticamente e revela:
- Isso se deve a dois fatores: em primeiro lugar não abusar do organismo. Não fazer nada junto ao organismo que prejudique a sua atividade. Em segundo lugar, se dedicar a alguma coisa de que gosta. Não há nada melhor do que você trabalhar naquilo de que você gosta e naquilo que você tem certeza de ser um trabalho útil. Juntando essas duas parcelas, você tem aí a possibilidade de aos 90 anos sair de casa 9h30 da manhã e voltar às 19h da noite, trabalhando. - Tal qual ele costuma fazer, todos os dias.
Conferência - O mestre discursou sobre as variedades regionais e sociais da língua que devem ser consideradas pelo professor em sala de aula:
- É o momento da Universidade entender a verdadeira lição da gramática normativa. Erram os que supõe que gramática normativa é o espelho da língua portuguesa. Ela é, antes, um registro da exemplaridade, não é um juízo de valor como ocorre com a correção, mas consentir e constituir uma língua com as suas realidades.
Bechara defende que "O professor consiste em fazer com que os educandos penetrem no que vem a ser o conhecimento sobre a língua, mediante ao desenvolvimento de sua competência metalinguística." e que "Para o bom desempenho dessa tarefa, cabe à universidade oferecer ao professor de Português uma preparação científica sólida nos campos dos estudos linguísticos, preparação essa que se adquire ao nível da formação inicial e se enriquece progressivamente ao nível da formação cultural, contínua, que exige a formação de um verdadeiro professor."