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Semana Pedagógica

A IA "não é a tecnologia da preguiça", afirma pesquisadora

por Antonio Barros/Assesssoria de Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 28/05/2025 15h37, última modificação 28/05/2025 15h37
Professora e especialista na área fez conferência sobre o uso do recurso em sala de aula.
Inteligência Artificial

A professora Regina Parente ministrou nesta quarta-feira, 28 de maio, palestra sobre os recursos da Inteligência Artificial (Foto: Antonio Barros/Ascom).

A professora pesquisadora Regina Rosa Parente (Instituto Federal do Maranhão - IFMA) participou da Semana Pedagógica apresentando aos colegas do IFF Campus Campos Centro do Instituto Federal Fluminense, a palestra intitulada "Inteligência Artificial para Professores". Indo direto ao ponto, ela fez demonstrações de uso de algumas das muitas ferramentas disponíveis gratuitamente na internet. Quando concluiu a exposição e passou a responder a perguntas, tornou-se visível o forte interesse dos educadores presentes sobre como fazer um uso pedagógico da IA no ambiente escolar. Doutora em Ciência da Computação (UFPE), Regina tem experiência na área, com ênfase em Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina, atuando principalmente nos seguintes temas: meta-aprendizado, classificação de padrões, seleção de algoritmos, sistemas de recomendação, engenharia de software, banco de dados, linguagem de programação e lógica de programação. A Assessoria de Comunicação Social conversou com a professora sobre o tema de sua conferência.  

Assessoria de Comunicação Social (Ascom) - Já sabemos ou precisaremos estudar qual é a presença da inteligência artificial nas escolas brasileiras?

Regina Rosa Parente - É algo muito novo. Eu acredito que ainda esteja sendo feito esse levantamento. Uma professora até me procurou aqui (após a palestra) querendo saber onde ela poderia fazer uma pós, onde ela usasse a inteligência artificial com a educação. Disse que procurou e não achou. É algo que ainda está sendo discutido no Congresso Nacional, a questão do que pode e o que não pode. É algo que ainda está em construção. 

 Ascom -  A senhora mostrou muitas ferramentas que já estão disponíveis gratuitamente. Elas são suficientes para se fazer um bom uso em sala de aula, sem custo?

Regina - Tem muitas ferramentas que disponibilizam todas as suas funcionalidades, porém, com limite de uso. (Ela dá o exemplo da www.letrus.com usada para preparar uma aula). Você pode usar todas as funcionalidades, porém, dentro daquele crédito liberado. Umas são mais caras, outras mais acessíveis. Mas tem o próprio ChatGPT, a versão gratuita, que tem muita coisa interessante para se explorar. 

Ascom - A gente já vê muito estudante recorrer à IA para resolver, por exemplo, exercícios para casa. Tem uma coisa boa nisso, no sentido de já ser uma forma de estudo?

"A grande sacada da IA é ela ser a colaboradora."

Regina - Com certeza! A questão da Inteligência Artificial é você não querer que ela faça por você. A grande sacada da IA é ela ser a colaboradora. Ela otimiza uma coisa que você quer aprender. Vou ter de ler durante quatro anos, oito horas por dia, para entender. A IA pode ir lhe dando caminhos pra você chegar a conclusões, um mapa de ideias que você não precisaria, de repente, dedicar esse tempo. Mas você poderia ir por outro caminho, aprender algo mais restrito, que seria útil para aquilo que você quer aplicar. E você teria um tempo para estudar outra coisa. Então, ela torna o aprendizado mais dinâmico. 

Ascom - É uma otimizadora...

Regina - E mais dinâmica! Talvez você se dedicasse a um único assunto para fazer  uma descoberta. Ela lhe ajuda a descobrir algo, talvez num curto espaço de tempo. Tem muitas possibilidades, mas a chave da questão é essa: Você não querer que a IA aprenda por você, mas você aprender a partir do que ela lhe dá. Fazer com que o seu aprendizado seja facilitado. Não é a tecnologia da preguiça!  Você precisa ter conhecimento, até para avaliar o que discutiu aqui. A IA é falha, dá respostas incorretas, imprecisas, que às vezes nem existem naquele contexto. Se você não conhece, não tem o domínio, como vai dizer se ela está certa ou errada?  

Ascom - Durante a conferência, a senhora mencionou a questão das desigualdades no país. Nós podemos esperar que o acesso à IA se torne uma política pública para facilitar o seu uso?

Regina - Eu acredito que seja possível, que essa desigualdade diminua em todos os sentidos, é o que a gente espera. E também em nível de tecnologia, do acesso à inteligência artificial nas nossas escolas, que as escolas tenham acesso à internet rápida, máquinas, profissionais capacitados.  

Ascom - A senhora acha que podemos ter uma situação de reversão de processo, no sentido de os smartphones serem bem utilizados em sala de aula? Estou aqui propondo mesmo uma especulação...

Regina - É uma avaliação particular mesmo. Eu acredito que a proibição de um uso indiscriminado seja justa, porque realmente tira o foco. Tira o nosso, enquanto adultos, imagina um adolescente em sala de aula... A questão também do convívio social nos intervalos de aula. Ele está no ambiente escolar, é importante interagir com o outro. Em relação ao uso em sala de aula, por causa da tecnologia, eu acredito que seja possível de uma maneira controlada. O professor tem lá dois tempos de aula, ele não vai usar a tecnologia o tempo todo. Ele vai usar em determinado momento. A super exposição à tecnologia, a gente já sabe, tem diversos estudos que indicam que é prejudicial.

   Para assistir às palestras e discussões mantidas durante a programação da Semana Pedagógica, visite o canal do Núcleo de Imagens do IFF no Youtube. Veja AQUI.