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Pós-graduação
O profissional do futuro na era da inteligência artificial é tema de aula inaugural
O professor e ex-reitor do IFFluminense irá abordar os desafios da inteligência artificial na formação profissional.Arte: Raphaella Cordeiro/ Assessoria de Comunicação do IFF Campos Centro
A inteligência artificial (IA) e a robotização têm transformado as atuais relações sociais, mas é preciso compreender os limites que essas tecnologias possuem e as habilidades exclusivas dos seres humanos.
Essa constatação é do professor e ex-reitor do IFFluminense Jefferson Manhães que, na segunda-feira, 15 de setembro, às 18h30, no bloco G, do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro, irá falar sobre o impacto desse tema na formação profissional durante a aula inaugural de três cursos de pós-graduação.
O evento será o pontapé inicial para os cursos Lato Sensu Cidades e suas Tecnologias, Práticas educacionais na Docência do Séc. XXI e Stricto Sensu Mestrado Profissional em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologias do IFF Campos Centro.
Jefferson alerta que o uso de IA não pode descartar as competências cognitivas da observação e da crítica que o ser humano possui.
“Como ela (inteligência artificial) não sabe dizer que ela não sabe, ela sempre vai dizer algo. E esse algo pode ser o que chamamos, hoje, de alucinação. É uma resposta que não tem referência factual. Outro desafio na formação (profissional) é desenvolver ainda mais a competência do pensamento crítico, dos juízos e da avaliação das respostas. Essas competências cognitivas que a gente chama de alto nível, que é muito característico dos humanos, a partir de um olhar contextual, de valores éticos e da empatia”, explica.
O professor também analisou o uso de inteligência artificial para produção de artigos acadêmicos que vem se multiplicando com a facilidade da ferramenta.
“A ´fábrica´ de papers (artigos) se amplifica com a IA generativa, porque essa competência de gerar textos e combinar palavras de maneira coerente é o que a ela tem de melhor. Dificilmente com modelos de IA que temos hoje nós fazemos quebras de paradigmas, que é pensar algo completamente novo. Isso não é uma característica da IA, porque ela pensa a partir do existente. A quebra dos paradigmas é uma característica das competências humanas e, por isso, há o risco de a gente limitar a produção científica ao existente ou apenas rearranjos do existente, que parece novo, mas não passa para o campo das grandes transformações. Por isso, nós temos que desenvolver nesses novos estudantes o sentido ético e os limites dessas ferramentas”, disse.
Formação docente — O processo irreversível das escolhas feitas com o uso de inteligência artificial impacta na formação de professores, cientistas e estudantes, segundo Jefferson.
“Não podemos alijar os nossos estudantes da sua formação de ele lidar com as ferramentas que otimizam o nosso cotidiano. Mas, nós, enquanto professores, o ambiente acadêmico precisa formar esses estudantes com uma avaliação crítica sobre essas aplicações e a forma de aplicá-las. Precisamos desenvolver nesses jovens um grau de humanidade, de empatia e de criticidade e olhar a tecnologia como parte de uma construção social”, afirma.