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Pesquisa compara desempenho de estudantes antes, durante e depois da pior fase da pandemia
Estudantes do ensino médio do IFF Campos Centro.Foto: Vitor Carletti/ Ascom Centro
A pesquisa “Cotas e educação básica: os efeitos da pandemia de Covid-19 no ensino médio integrado” fez um levantamento de dados sobre aprovação, reprovação e evasão de estudantes do 1º ano dos cursos do ensino médio integrado do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro aprovados no Processo Seletivo pelo sistema de cotas ou nas vagas de ampla concorrência (AC) de 2019 a 2022.
O período engloba as seleções e os desempenhos dos estudantes antes, durante e depois da fase aguda da pandemia de Covid-19. O estudo é de autoria de três professores do IFF Campos Centro: a historiadora Luciana Costa, o historiador Sérgio Risso e o sociólogo Marcos Abraão. Eles fizeram as suas análises a partir dos dados coletados no setor de Registro Acadêmico do campus.
As conclusões da pesquisa sustentam que a implementação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) e a seleção dos alunos, por sorteio, para seguir as regras de distanciamento social e minimizar a propagação do contágio do vírus, provocaram mudanças no desempenho acadêmico dos estudantes dos cursos integrados de ensino médio do IFF Campos Centro. Esse estudo é um desdobramento de outra investigação que vem sendo feita pelos pesquisadores "Acesso e desempenho acadêmico dos cotistas no ensino médio integrado do IFFluminense campus Campos Centro".
As três variáveis analisadas foram os índices de aprovação, reprovação e evasão dos que entraram no Instituto por cotas e nas vagas de ampla concorrência.
O sistema de cotas reserva até 50% das vagas dos cursos para quem estudou os nove anos do ensino fundamental em escolas públicas, sendo que metade desse percentual é reservado para candidatos que se autodeclaram PPI (preto, pardo ou indígena).
No artigo publicado sobre a pesquisa, disponível AQUI, os autores afirmam que pode-se falar em um “efeito Covid” no desempenho acadêmico desses jovens.
“É possível concluir também que, com o retorno ao ensino presencial em 2022, houve uma piora no desempenho dos dois segmentos, com queda na aprovação e aumento na reprovação evidenciando a fragilidade do ERE e as dificuldades de readaptação à condição de aprendizagem presencial”, diz o documento.
Cenários — Neste período de 2019 a 2022, houve quatro categorias de estudantes se for considerado o modo de seleção (prova presencial ou sorteio) e o tipo de aula (ERE ou presencial).
Em 2019, os estudantes ingressaram nos cursos do ensino médio integrado do IFF Campos Centro por prova presencial do Processo Seletivo e tiveram aulas nas salas de aula do campus.
Em 2020, há uma modificação, porque os aprovados fizeram as provas presenciais da seleção, porém, a partir de março daquele ano, com o início da pandemia, participaram de aulas online. Em 2021, os estudantes foram aprovados por sorteio e aprenderam as disciplinas com o uso de computadores e celulares.
Com a diminuição do contágio do vírus, o Instituto decidiu, em 2022, selecionar os alunos ainda por sorteio, mas as aulas voltaram a ser presenciais.
Análises — A pesquisa identificou não só piora mas uma melhora dos índices de aprovação, reprovação e evasão durante o período analisado. Em 2019, 86,4% dos que ingressaram nas vagas de ampla concorrência conseguiram ser aprovados e 8% reprovados A aprovação entre os cotistas foi menor de 58,9%; a reprovação, maior, de 36,7%. O percentual de evasão nos dois grupos foi de cerca de 4% nos dois grupos.
Em 2020, segundo as conclusões da pesquisa, houve uma melhora do desempenho entre os estudantes cotistas do 1º ano em relação ao ano anterior. A aprovação foi de 67,9% e de 86,2% entre aqueles que ingressaram nas vagas de ampla concorrência. A reprovação aumentou neste último grupo e chegou a 41,9% e caiu em 16% entre os que usaram o sistema de cotas. O índice de evasão ficou em torno de 2% nos dois grupos.
Em 2021, ano com o maior número de mortes por Covid-19 no Brasil, as taxas de aprovação entre os estudantes que ingressaram nas vagas de ampla concorrência caíram 15,1% em relação aos dados de 2020 e atingiu 73,1%. Houve uma oscilação de 0,9% no segmento cotista que obteve 67,3% de aprovados.
A reprovação aumentou 108,6% no grupo que não se utilizou do sistema de cotas e atingiu 23,6%. Entre os cotistas, foram reprovados 30,6% do universo analisado. Os percentuais de evasão ficaram em 2,8% entre os ingressaram nas vagas de ampla concorrência e 2% por meio das cotas.
Com a volta do ensino presencial, em 2022, a taxa de aprovação caiu entre os cotistas e chegou a 56,8% e também teve queda no grupo aprovado nas vagas de ampla concorrência e ficou em 72,1%. A reprovação aumentou no segmento cotista e atingiu 41,9%, enquanto essa mesma taxa chegou a 24,2% no outro grupo. A taxa de evasão, em 2022, foi de 3,7% (AC) e 1,4% nas cotas.