Três pesquisas sobre mobilidade urbana, desenvolvidas por professoras e estudantes do Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro, foram apresentadas na 21ª edição do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Enanpur). O evento foi realizado em Curitiba, no Paraná, entre os dias 19 a 23 de maio.

 Os trabalhos foram apresentados de forma oral e deverão ser publicados nos anais do evento, segundo a professora e pesquisadora Daniela Bogado que assina, junto com os bolsistas Márcio de Souza, Luanna Fonseca e Juliana Miguel o artigo “Políticas Públicas de Mobilidade:uma interlocução com o direito à cidade”.

 O estudo buscou compreender as políticas públicas de mobilidade urbana e a efetiva aplicação delas pela Prefeitura de Campos dos Goytacazes. A investigação acadêmica teve como fontes o Plano Diretor Municipal, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável e as reuniões com os gestores da área.

 A estudante Luanna enumera quais ações ainda faltam para melhorar a mobilidade urbana do município. “Ferramentas de participação popular e estudo de demandas; previsão orçamentária e projetos (políticas públicas) de curto e médio prazo que atuem de forma prática na realidade local (para além do aumento das ciclofaixas) e ações públicas de conscientização para a segurança no trânsito e na mobilidade urbana, de forma a considerar as complexidades do contexto urbano de Campos.”

 Já Juliana Miguel aponta que o estudo identificou como a cidade poderia se tornar mais acessível. “A falta de publicização e visibilidade da atuação do Conselho de Mobilidade que poderia ocorrer de forma mais transparente, ou de forma que ofereça outro espaço de diálogo com as minorias que dependem da mobilidade ativa e/ou do transporte público, para que não haja um tipo de engessamento que reproduza as desigualdades sociais; bem como o estudo de previsão de conflitos e áreas de comum interesse”, explica.

Transporte público — Já a professora Danielly Aliprandi divide a autoria dos outros dois artigos apresentados no XXI Enanpur. No primeiro, intitulado “A qualidade do serviço público coletivo: a perspectiva do usuário”, contribuem também a mestranda em Arquitetura e Urbanismo Laura de Sousa e os bolsistas de Iniciação Científica Ísis Simões e Luiza Julião.

 A pesquisa aplicou questionários aos cidadãos de Campos que utilizam os ônibus da cidade. O estudo mostrou que o transporte coletivo é mal avaliado, pois apresenta falhas na frequência, confiabilidade e acessibilidade.

 A professora detalhou que foram entrevistados 426 usuários do transporte público, o que permitiu a equipe obter uma amostra com nível de confiança de 95% dos dados coletados. Aliprandi observa que a análise elaborada permitiu uma compreensão ampla e humanizada sobre percepção da qualidade do serviço. Aspectos como acessibilidade física, confiabilidade, frequência dos serviços e, principalmente, ausência de informações ao usuário foram amplamente criticados", afirma.

"Os resultados obtidos na pesquisa realizada em Campos dos Goytacazes revelaram uma baixa qualidade do serviço de transporte público coletivo, com a maioria dos indicadores apresentando médias ponderadas muito abaixo do esperado. Aspectos como acessibilidade física, confiabilidade, frequência dos serviços e, principalmente, ausência de informações ao usuário foram amplamente criticados", afirma.

Danielly Aliprandi, professora e pesquisadora do IFF Campos Centro.

 Aliprandi apresentou outro estudo, cujo título é “O sistema cicloviário e a legislação municipal de Campos dos Goytacazes sob a ótica da inclusão”, em coautoria com a estudante de mestrado em Arquitetura e Urbanismo Marina Barcelos as bolsistas de Iniciação Científica Ísis Simões e Luiza Juliã. O objetivo do trabalho foi compreender como esse meio de transporte é contemplado pela legislação e administrado pela gestão do município.

 A pesquisadora afirma que o Plano Diretor de Campos aborda pontos essenciais relacionados à mobilidade por bicicleta, mas que a pesquisa identificou que falta um cronograma das ações para ampliar o sistema cicloviário na cidade.

 “O mapa cicloviário projetado, com propostas de expansão de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, ampliou o alcance do sistema cicloviário, representa um importante avanço na cidade, tendo já sido em parte implantado, mas ainda não alcança adequadamente algumas áreas periféricas de alta densidade e baixa renda”, conclui.

As pesquisas apresentadas fazem parte do projeto "Mobilidade em Rede: otimização dos deslocamentos em Campos dos Goytacazes" , fomentado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).