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SUSTENTABILIDADE
Projeto transforma resíduo de asfalto da BR-101 em concreto
O coordenador da pesquisa André Destefani (centro) mostra uma unidade do concreto feito com resíduo de asfalto ao lado das alunas-bolsistas, de representantes da Arteris Fluminense e do diretor-executivo da concessionária Álisson Freire. Foto: Vitor Carletti
O projeto de pesquisa “Utilização do asfalto fresado como agregado na produção de concreto autoadensável”, executado no Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro, está transformando o resíduo do material retirado, após obras de pavimentação da rodovia BR-101, em concreto.
Coordenador da iniciativa, o professor do Curso Técnico de Edificações André Destefani explicou como funciona o processo de reaproveitamento do resíduo durante a apresentação dos primeiros resultados feita no sábado letivo do campus, no dia 31 de agosto.
Esse material reaproveitado no laboratório vem de depósitos temporários feitos ao longo dos trechos da rodovia pela Arteris Fluminense, concessionária administradora da pista de Campos a Niterói e parceira do projeto.
“É um resíduo que é gerado da fresagem do asfalto, do processo das obras de recuperação do asfalto. Então, eles (Arteris Fluminense) fazem uma retirada desse asfalto. A gente recolhe esse asfalto fresado e o separa em agregados miúdo e graúdo. Como se fosse a brita natural, que a gente usa, e a areia natural proveniente dos rios. Com esses agregados, a gente fez essa pesquisa voltada para essa dosagem desse concreto reaproveitando esses materiais da fresagem do asfalto”, disse.
O professor conta com o trabalho das alunas-bolsistas Camila Pastana e Maria Júlia Carneiro, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, e que são egressas do Curso Técnico de Edificações do IFF Campos Centro. Ele afirma que essa tecnologia de reaproveitamento vai ao encontro de princípios sustentáveis, já que a transformação do asfalto pode permitir uma menor extração de rochas na natureza para fazer novos concretos, além de diminuir a possibilidade da contaminação do solo e lençóis freáticos. O asfalto tem betume de petróleo em sua composição que é um resíduo tóxico.
O coordenador da pesquisa explicou que o concreto está em fase de estudos e, segundo os resultados iniciais, tem apresentado bons índices de resistência e pode vir a ser utilizado na construção de calçadas, por exemplo.
“Para eu encher uma caixa d´água de 1.000 litros de concreto pronto, eu utilizo 1,5 tonelada desse material. Esse concreto autoadensável é diferente do convencional, porque se molda nas formas pelo seu próprio peso específico. Ele se molda sozinho sem a necessidade de vibração mecânica.”, afirma.
Aplicabilidade — Egresso do curso técnico e do mestrado em Sistemas Aplicados à Engenharia e Gestão (Saeg) do IFF Campos Centro, o diretor-executivo da Arteris Fluminense, Álisson Freire, esteve presente na apresentação do sábado letivo e destacou que a pesquisa está desenvolvendo um método de aproveitamento de resíduos que dialoga com boas práticas sustentáveis.
“A gente focou muito nisso. Querer o resultado, mas a gente quer que isso seja aplicado de fato na indústria, na rodovia, na iniciativa privada. Traga algo diferente, sustentável, e que o custo seja também um benefício do projeto. E isso o IFF com a coordenação do André e direção do (Carlos) Boynard (diretor-geral) trouxeram pra gente. A Arteris Fluminense está muito satisfeita com os primeiros resultados dessa pesquisa”, elogiou.
Embora o concreto não esteja ainda sendo aplicado no dia a dia por estar na fase de testes, Freire não descartou a possibilidade de o material produzido no laboratório com o resíduo de asfalto ser aproveitado futuramente pela concessionária.
“Sem dúvida existe a possibilidade de reutilizar o concreto produzido pelo projeto. Traga aplicabilidade para esse material. A gente pode fazer pisos, manilhas de concreto, sarjetas e drenagens”, afirmou.