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Turmas de Pré-IFF e Pré-Enem têm mais de 100 aprovados em 2025

por Vitor Carletti / Assessoria de Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 02/04/2025 16h23, última modificação 02/04/2025 16h25
O Curso Preparatório Popular Goitacá é destinado a estudantes de escolas públicas.
Aprovados do Curso Preparatório Popular Goitacá

Os estudantes do Curso Preparatório Popular Goitacá celebram as aprovações com os colegas, professores e a coordenadora Emanuela Sodré (à direita em pé). Fotos: Vitor Carletti

 As aprovações dos estudantes do Curso Preparatório Popular Goitacá em unidades do IFFluminense e em universidades públicas e particulares neste ano revelam não só as conquistas pessoais, mas as atuais dificuldades acadêmicas e pedagógicas do ensino público, a importância da preparação psicológica de cada um antes de fazer as provas e o empenho e a dedicação dos professores tutores.

 Segundo a coordenadora do curso Emanuela Sodré, foram 111 estudantes aprovados em seleções deste ano. Mas esse número pode ser maior, porque muitos alunos não comunicam ao setor sobre a aprovação nas provas.

 As turmas online foram decisivas na vida de alguns estudantes que possuem dificuldades de locomoção devido ao preço da passagem do transporte público ou à indisponibilidade de rotas próximas às suas casas até o IFF Campos Centro onde acontecem as aulas do curso.

 É o caso da recém-aprovada no Curso de Enfermagem do IFF Guarus Kerolyne Santos que conseguiu 880 pontos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) após frequentar as aulas online.

 “O ensino é ótimo. Os professores são atenciosos. Aprendi muito porque já tinha feito o Enem outra vez e eu não consegui (ser aprovada). Tirei uma nota na redação que eu não esperava tirar: 880 pontos. Na primeira vez, tirei 520. Uma evolução e tanta! Na Matemática, também tirei nota baixa na primeira vez e já tinha tentado outras vezes para Enfermagem e não consegui”, conta.

 As aulas online também contribuíram para a aprovação de Virgínia Viana, de 15 anos, no Curso Técnico em Meio Ambiente do IFF Guarus. “O pessoal tambémé muito gente boa e ajudou a deixar o curso mais leve. Tenho vontade de fazer Biologia”, adianta.

Dificuldades

 A reforma do Ensino Médio realizada em 2017 autorizou as escolas a oferecerem até 40% da carga horária mínima obrigatória com os chamados itinerários formativos. Mas, essa mudança, segundo os alunos do curso, prejudicou a formação e, consequentemente, diminuiu a aprendizagem de conteúdos cobrados nas provas.

 “Para mim, foi muito importante ter feito o Goitacá até porque, no ano passado, eu fiz parte do 3º ano que ainda estava no Novo Ensino Médio. E no meu 3º ano eu não tive História, Geografia, Biologia, Física, Química. A gente mal estava tendo aulas de Português e Matemática. O Goitacá me trouxe uma base para fazer a prova do IFF. Eu não passaria se não tivesse esse apoio gigante que o Goitacá deu”, afirma Olívia de Castro, 18 anos, aprovada em Licenciatura em Teatro do IFF Campos Centro.

 Aprovada em Serviço Social na Universidade Federal Fluminense, Vitória Willeman, de 17 anos, frequentou as aulas da turma presencial e afirmou que parte do conteúdo ensinado no curso não foi dado na escola estadual onde fez o ensino médio. “ O apoio dos professores foi essencial”, garante.

 O distanciamento entre o que é ensinado nas escolas públicas municipais e estaduais do que é cobrado nas provas de vestibular e do Processo Seletivo do IFF não é uma característica apenas do ensino médio. Prestes a iniciar o Curso Técnico Integrado em Mecânica no IFF Campos Centro, Gideão Almeida, 15 anos, disse que o Goitacá proporcionou amizades e mais conteúdo para fazer a prova do Processo Seletivo do IFF.

 “O que eu não estava tendo na escola eu tive no Pré-IFF. Aprendi Física que lá não tem. Era ciência integrada, mas a Física deixava um pouco a desejar e era uma professora só”, detalha.

 O Novo Ensino Médio foi alterado pelo governo federal no ano passado. Em 2025, a carga horária das disciplinas obrigatórias aumentou e passou de 1.800 horas para 2.400 de um total de 3 mil divididas nos três anos da formação.

Aprovados do Curso Preparatório Popular Goitacá

Aprovados no Processo Seletivo 2025 do IFFluminense após frequentarem o curso.

O lado psicológico

 É normal os candidatos na hora das provas afirmarem que “deu branco” e isso atrapalhar o desempenho e a aprovação nas seleções. Mas, para minimizar o nervosismo, o curso também procura tranquilizar os estudantes como afirma Kayky Manhães, 15 anos, aprovado no Curso Técnico de Eletrotécnica do IFF Campos Centro.

 “Os professores sempre deixavam a gente muito tranquilos, faziam simulados e sempre colocavam o nosso psicológico em primeiro lugar. Eu acho que isso é o diferencial do Goitacá”, disse.

 Já a estudante Sandra Santos, que vai começar a cursar o Técnico em Automação Industrial no IFF Campos Centro, destacou a atenção dos professores tutores com as turmas. “O Preparatório não foi só importante para mim mas também para outras pessoas que fizeram, porque quem estuda em escola pública não tem o ensino totalmente completo. O Pré-IFF ajudou nisso, porque desde o comecinho ia passando cada matéria. Isso foi importante na hora da prova. Além de cada professor e coordenador explicarem quando a gente precisava de ajuda”, afirmou.

 Casada e com filhos, Shirlei Rios, de 39 anos, foi aprovada em Pedagogia na Faculdade Cruzeiro do Sul e destacou que, mesmo com as atividades do dia a dia, conseguiu relembrar conteúdos depois de frequentar as aulas online. O curso foi um divisor de águas, porque me fez recordar as matérias, ter mais vontade de estudar e abriu a minha mente.”

 Para Geovana de Araújo, de 18 anos, aprovada em Arquitetura e Urbanismo no IFF Campos, estudar sozinha dificultava o seu desempenho. Segundo ela, o Preparatório foi decisivo na hora de escolher onde queria estudar.

 “Então, vir para outro ambiente, o apoio dos professores, socializar com pessoas e olhar esse ambiente do IFF e ver que era isso mesmo que eu queria fez toda a diferença para minha aprovação”, disse.

Aprendizagem acolhedora

 A coordenadora Emanuela Sodré afirma que os estudantes quando participam e buscam a aprovação saem do curso transformados. "Recebemos estudantes com diversos abismos educacionais, estudantes com dificuldades para compreender e interpretar texto, com dificuldades para fazer contas básicas, mas a partir das experiências de aprendizagem no curso, que são acolhedoras, que criam vínculos e produzem sentido, eles vão pouco a pouco se transformando”, avalia.

 Sodré, porém, não culpa os servidores da educação pública municipal e estadual pelo déficit de aprendizagem dos alunos que fazem o curso. “A gente precisa ir para sala sabendo que nosso aluno tem diversas defasagens de aprendizagem e planejar e executar nossas aulas a partir desse contexto, sem atropelar ninguém. Sabemos que muitas vezes não conseguimos cobrir todo o conteúdo exigido nas provas, mas não podemos avançar sem que os conhecimentos básicos tenham sido trabalhados de forma sólida”, explica.