Neste final de 2024 e início de 2025, os corações de duas famílias vão bater no mesmo compasso de saudade, tendo em comum o interesse de dois adolescentes pelo aprendizado e em saber como é viver em outro país. Os estudantes Victor Vianna Menezes e Kornélie Holušová conectam Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense e Znojmo, no interior da República Techca, em uma rota do conhecimento e integração internacional. Os pais de Victor, Kátia Vianna e Gustavo Menezes receberam a filha Tcheca no meio do ano, enquanto o filho se preparava para seguir para o país da Europa Central para ser acolhido por uma família rotária.  

   "Quando ela chegou, ainda no período de férias, em julho, eles passearam no Rio de Janeiro, em todos os pontos turísticos, e foram a São Paulo também. Mostramos os principais pontos de Campos dos Goytacazes e da região", conta Kátia. Não faltaram passeios por praias do município de São Francisco do Itabapoana, também do Norte Fluminense. Além de Kornélie, estão em Campos dos Goytacazes as estudantes Lise Chefdeville, francesa e Mia Liviana Lichtner, alemã. As duas foram recebidas por outras famílias locais. "A gente aprende muito com ela - com todos eles - trazem uma bagagem cultural totalmente diferente e está sendo excelente pra gente!", comenta Kátia. 

   Depois da convivência de um mês com a irmã Tcheca, Victor iniciou sua viagem. Ele é aluno do 1º ano do curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio, oferecido gratuitamente no IFF Campos Centro. Os dois estudantes participam de intercâmbio de longa duração (11 a 12 meses) do Rotary International e Rotary Club de Campos Guarus. No intercâmbio, a estudante passará um tempo com cada uma das quatro famílias receptivas.

   O intercâmbio rotário envolve escolas públicas e particulares dos distritos locais que colaboram com o programa, A estrutura criada tranquiliza Kátia e Gustavo que estão com muitas saudades do filho. "Eu gosto muito do programa porque é tudo muito organizado, muito detalhado. Temos de preencher muitos formulários, tem de ter uma avaliação médica, as vacinas que já tomou, tudo para a pessoa ter a certeza de que vai ficar bem lá. Além da família, tem um conselheiro, que é do clube, então, qualquer problema que elas tiverem podem recorrer a esse conselheiro", explica Kátia.   

Kornélie no IFF

   Numa conversa com os colegas da turma 102 de Edificações, no diurno, constata-se logo que a acolhida foi boa e que tem sido divertido. 

   "Cara, Kornélie é uma pessoa muita maneira! Você vê que mesmo ela não tendo a cultura, veio de fora, consegue se integrar muito bem, consegue ter uma comunicação muito fluída e é divertida também. Ela brinca demais com gente, que é um negócio muito maneiro, o que faz com que ela consiga ficar muito próxima da gente e aprender melhor o Português", detalha Luiz Felipe Peçanha Ribeiro. "A gente foi bem receptivo com ela. Começamos falando em Inglês e ela Português. Agora, a gente consegue se entender. Até as aulas eu converso com ela e ela entende", acrescenta  Isis Tinbó Bezerra.

                                                               Colegas de Kornélie, do curso de Edificações.

  A colega Laura Monteiro Pereira é uma atenta observadora da evolução de Kornélie. "Ela aprendeu muito rápido o idioma, é muito dedicada. Ela não tem obrigação de fazer prova, nem de participar de algumas aulas, mas participa para aprender o idioma. Está fazendo muitos amigos aqui e é muito comunicativa. Está se empenhando mesmo, até para falar com gírias, não é só na fala formal. Está se introduzindo no meio de alunos e aprendendo a falar com todo mundo, com modo de diferenciar as expressões". 

   Kornélie iniciou sua convivência com alunos do IFF Campus Campos Centro pelo Curso Técnico de Mecânica, mas se entusiasmou pelo Curso Técnico de Edificações. "Gosto e eu tenho muitos amigos. O curso tem muitas meninas", explica, e acrescenta: "acho Edificações muito bom!" Uma disciplina, em especial, chama sua atenção. "Eu gosto de desenho técnico, ele é meu favorito agora", diz a estudante. Ela ainda não iniciou o ensino médio na República Tcheca. Falando sobre Campos dos Goytacazes e se seu local de origem, Kornélie ressalta que "Campos é muito grande! Na República Tcheca, moro em uma vila pequena, Moravany, com 1800 habitantes e próxima da cidade de Pardubice, com 90 mil habitantes".

   No campus fez amigos e acha que as pessoas são muito amigáveis. Em seu país faz muito frio no inverno, até menos 10 graus, "mas aqui é muito calor, mas eu gosto do sol. Eu cheguei em julho, na República Tcheca muito calor e aqui frio. Agora, aqui mais calor, mas eu gosto". Ainda há um semestre pela frente no Brasil, mas Kornélie já antevê a saudade. "Saudade da família, amigos, muitas coisas. Eu sei, depois vou pra República Tcheca, depois eu vou terminar meu intercâmbio, mais difícil pra mim, vou ter saudades do Brasil. "

Victor na República Tcheca

   "O meu intercâmbio até agora está sendo muito bom! No começo, quando eu cheguei, pousei em Viena e os meus pais me buscaram e nós fomos direto para Znojmo, onde eu moro. Eles foram muito receptivos comigo e me ensinaram muitas coisas sobre a cultura". Conta Victor. Ele teve duas semanas livres antes de iniciar na escola e começar a fazer novos amigos. "Os meus amigos da turma são muito legais e eu gosto muito da minha turma. Vou à academia todos os dias com eles."

   O brasileiro resume sua rotina semanal, que pode mudar no decorrer dos dias: "na segunda-feira de manhã eu tenho aula de tcheco, antes da escola, a aula começa às oito, todos os dias, e de tarde eu jogo squash. Nos outros dias eu não tenho muita coisa depois da escola, apenas na quarta-feira tenho aula de educação física, além da academia. Na aula de educação física nós praticamos vários esportes diferentes, por exemplo: vôlei, basquete, futebol e floorbal que é tipo hóquei no gelo, mas sem gelo", conta Victor. 

                                                              Victor (primeiro à direita) e colegas de intercâmbio

   O aluno do IFF conta que está estudando na escola Gymnázium Dr. Karla Polesného, escola pública (a maioria das escolas na República Tcheca é pública), cursando o 6º ano (equivalente ao 2º ano do ensino médio; lá são 8 anos de estudos, como se fosse do 6º ano do ensino fundamental ao 4º ano do ensino médio). A escola foi fundada em 1919, e os estudos são em período integral quase todos os dias, no idioma Tcheco, tendo também aulas de inglês e alemão fazendo parte do currículo escolar.

   Victor conheceu o intercâmbio do Rotary devido aos pais serem associados e o clube ter histórico de receber intercambistas de vários países, tendo bastante contato com jovens de diferentes nacionalidades. Desde sua chegada, viajou para vários lugares diferentes como, por exemplo, Praga três vezes, Viena, kroměříž, Brno, Šatov, Vranov, Lednice, Salzburg, entre outros. No momento, Kornélie conhece o calor intenso do Norte Fluminense e Victor, o frio e neve de Znojmo. Muito aprendizado e diversão!