O estudo da aluna egressa do curso de Pós-graduação em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologias (PPGAU) Giseli Gomes é prova de que a pesquisa pode ajudar os governos a desenvolver políticas públicas mais sustentáveis, eficientes e de baixo custo. Ela desenvolveu um sistema de captação de água de chuva que está sendo utilizado no Projeto de Melhoria de Unidade Habitacional que prevê a construção de 120 casas populares em Macaé.

 Giseli explicou que as moradias terão duas caixas d´água. “São águas distintas, porque não estamos tornando essa água (da chuva) de melhor qualidade para outros usos, então está dividido. Água de chuva só para o vaso sanitário. E a caixa d´água comum para outros usos”, disse.

 O sistema é formado por uma calha instalada, no telhado das casas, conectada a tubos de PVC que irão abastecer a caixa d´água para limpeza do vaso sanitário. As conexões vão permitir eliminar a primeira água da chuva que vem com sujeira, após dias de seca, mas também vão dar ao morador a opção de fechar o registro do abastecimento, quando a caixa estiver cheia de água de chuva. Em época de estiagem, o vaso sanitário volta a ser abastecido com a água tratada fornecida pela concessionária.

 A dissertação cujo título “Sistema de captação e aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis no Centro de Educação para a Sustentabilidade em Rio das Ostras-RJ” foi defendida em maio de 2022 e recebeu a orientação do professor Luís Felipe Umbelino e a coorientação do coordenador do programa Luciano Falcão. O PPGAU funciona no Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro.

 Giseli conta que a ideia da pesquisa surgiu devido aos recorrentes alagamentos que ocorrem na região em época de fortes chuvas. “Em paralelo a isso, a gente fica sem água nos bairros. Assim, o que poderia minimizar essas duas situações? A dissertação foi voltada para diminuir essa questão do sistema de drenagem e economizar a água tratada”, disse.

 Segundo dados da pesquisa, se a capacidade da caixa d´água para abastecer a descarga do vaso sanitário for de 500 litros, o morador conseguirá usá-la 83 vezes ou, pelos cálculos do estudo, em torno de 13 dias.

 Coorientador da pesquisa, Falcão acredita que os gestores, quando trabalham em parceria com pesquisadores de instituições de ensino superior, podem ser indutores de soluções dos problemas das cidades. “O diálogo pode ser incentivado, e o trabalho reconhecido, a partir de ampla divulgação científica, da aproximação com os cidadãos, e com a prática da escuta.”

 A Prefeitura de Macaé informou, por meio de nota, que o sistema de captação de água de chuva será implementado em todos os bairros do município e que a sua expansão está em estudo. “O sistema de aproveitamento da água de chuva será instalado em 20% do total de unidades contempladas no Programa de Melhoria de Unidade Habitacional, o que corresponde a 120 unidades habitacionais. Serão investidos aproximadamente R$ 447.826,80, com um investimento de R$ 3.731,89 por unidade habitacional.”