Os estudantes surdos do IFF campus Campos Centro têm nos intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) um importante aliado na hora de assistir aulas e desenvolver outras atividades acadêmicas. Esse serviço, que inclui uma parcela dos cidadãos, representa um desafio para o sistema educacional brasileiro em sua missão de atender a todos.

    Funcionária terceirizada do campus, Sinara Santos de Oliveira Silva, conheceu a realidade e as necessidades de estudantes surdos antes mesmo de se tornar aluna do Curso de Licenciatura em Letras e Libras, oferecido na Universidade Estácio de Sá, e ter feito o curso Faça Fácil Libras, ministrado pelo intérprete do campus, Estêvam Farias no IFF campus Centro.  

   - "Iniciei minha experiência com libras aqui no IFF, quando recebi na recepção uma aluna surda e não houve comunicação. A partir desse momento, senti a necessidade de aprender para poder me comunicar com os alunos e com o público em geral, que tem grande dificuldade de comunicação" - conta Sinara. 

   O licenciando em Educação Física do IFF campus Campos Centro, André Luis da Silva Gomes, confirma a dificuldade na comunicação, pois "as pessoas ainda não sabem Libras''. Mas ressalta ''no IFF, com o atendimento e trabalho dos intérpretes, existe a acessibilidade."

   Apoio - Para atender aos estudantes em sala de aula e no Núcleo de Atendimento a Pessoas Portadoras de Necessidades Educacionais Especiais (Napnee), o campus conta com dois intérpretes servidores concursados e três contratados. Os núcleos e profissionais de outros campi oferecem cooperação técnica. Estêvam destaca o apoio da gestão do campus e a acessibilidade do curso: 

      - "Trabalhar no campus Centro com Libras é muito gratificante e prazeroso! Eu percebo que desde a concepção dos projetos, sinto liberdade e incentivo, tanto por parte da chefia, quanto dos diretores e direção-geral. Mais gratificante ainda é ver a procura e interesse da comunidade interna e externa em saber mais sobre a cultura surda e fazer a imersão nessa realidade que oferecemos! Vale ressaltar que em Campos, somente o IFF campus Centro oferece cursos gratuitos de Libras" - detalha o intérprete.

    No dia 24 de abril, o país completou 20 anos de convivência com a Lei nº 10.436, do Poder Executivo Federal, que assegura: "Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil". 

   Libras Fácil - Para além do apoio aos estudantes surdos do IFF, os intérpretes criam atividades que visam difundir o conhecimento da Língua de Sinais e ensiná-la para os interessados da comunidade externa. Criador do curso Faça Fácil Libras, Estêvam destaca outras iniciativas mantidas mesmo com a pandemia de Covid-19. "O Setembro Azul: compartilhando experiências, que recebeu surdos doutores para mostrar que a acessibilidade se faz necessária e os surdos podem chegar onde quiserem; IFFoco Libras, que comemora o dia da Libras e o IFFoco surdo, que festeja o dia internacional do surdo - ambos em sua VII edição.''

   O Faça Fácil Libras está na quinta edição. Por ele já passaram licenciandos do IFF, servidores, estudantes de diversos cursos e pessoas da comunidade externa. Ao longo de sua existência, já tiveram formatos para conversação e específicos para professores e militares. De acordo com Estêvam, na sua seleção mais recente, recebeu mais de mil inscrições para as 50 vagas oferecidas. Uma das egressas do Faça Fácil é a interprete contratada do IFF Lauiza Rangel da Silva, ela conta que a iniciativa proporcionou um aprendizado significativo e um desenvolvimento que lhe permitiu atuar na área.

   -  "O curso Faça Fácil Libras é muito importante para propagar a Libras na comunidade interna e externa ao IFF, pois ultrapassa o aprendizado linguístico, a estrutura gramatical e os parâmetros de uma língua. Os alunos aprendem a superar as próprias barreiras e, assim, vencer tantas outras, inclusive a barreira da comunicação com os surdos. O curso me encantou. Hoje, trabalho na área e contribuo na acessibilidade linguística e inclusão das pessoas surdas" - destaca Lauiza.