CAMPUS
MACAÉ
TÍTULO: ESCRITA E ORALIDADE: DO CONTO À FANZINAGEM!
As políticas educacionais têm implementado ações que visem acolher no âmbito escolar as experiências culturais dos alunos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais já destacavam a necessidade do levantamento e valorização das formas de produção cultural mediadas pela tradição oral. Segundo os PCN’s (1998, p.156), a valorização dessas vozes no cotidiano da escola implica pesquisas de cunho literário e também junto à comunidade, por meio de depoimentos que muitas vezes não têm registros nas escritas de nossas histórias. Tratar da tradição oral de diferentes grupos étnicos e culturais terá, assim, tanto um sentido de exploração de linguagem quanto de conhecimento de elementos ligados a diferentes tradições culturais.
Atualmente a Base Nacional Comum Curricular (2017, p.87) destaca que, na área de linguagem, o componente curricular de Língua Portuguesa deve garantir aos estudantes, dentre outras competências, envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como forma de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura. Ainda segundo a BNCC (2017 p.76) o eixo da produção de textos deve compreender as práticas de linguagem relacionadas à interação e à autoria, individual ou coletiva, do texto escrito, oral e multissemiótico com diferentes finalidades além de projetos enunciativos. Assim, justifica-se o uso do fanzine, publicação artesanal e alternativa, na qual se prima pela criação e autoralidade (ANDRAUS, 2013, p.93). O projeto Escrita e oralidade: do conto à fanzinagem! tem por objetivos resgatar a literatura de Tradição Oral e investigar o uso do fanzine como ferramenta pedagógica nas aulas que envolvem a produção textual, em qualquer disciplina. Inicialmente os alunos realizam pesquisas relacionadas ao tema em suas comunidades, levam o resultado à escola, junto à equipe do projeto fazem a transposição do código oral para o escrito, e, após a transcriação e transposição artística, retornam a produção final à comunidade. A composição final compreende o registro de coletânea de narrativas através de vídeos e do fanzine Traços de Memória, e a socialização do material produzido com a comunidade pesquisada é feita através de círculos de leitura, roda de contação de histórias ou lançamento de revista. Busca-se, também, entender de que forma o fanzine contribui para a expressividade, a criatividade e o processo autoral. As ações de pesquisa desenvolvidas junto à extensão, de natureza intervencionista, possuem um enfoque qualitativo tendo como metodologia a pesquisa-ação já que, no campo educacional, é uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos. Dessa forma, oficinas e minicursos serão ministrados a docentes em Instituições de Ensino parceiras, objetivando a formação inicial e continuada. O marco teórico que guiará o processo investigativo segue os princípios sociointeracionistas. Com base nessa perspectiva, o estudo partirá da concepção de gênero de Bakhtin (2011), que trata da linguagem como um modo de interação social, e de outros estudiosos que compartilham suas ideias sobre esse tema como Marcuschi (2008) e Dolz e Schneuwly (2004); da proposta de sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e dos estudos de fanzine de Andraus (2013), Guimarães (2005), Santos Neto (2010), Magalhães, entre outros.
Apesar de inovador, o fanzine ainda tem sido pouco utilizado enquanto ferramenta pedagógica, nesse sentido, justifica-se o estudo proposto, de modo a contribuir para o desenvolvimento de estratégias facilitadoras da aprendizagem de leitura e escrita, através do resgate de textos da Literatura Oral e da metodologia usada na confecção de fanzines.