A mesma rede de WhatsApp na qual há trocas de informações entre docentes visando às remoções ou distribuições na Rede Federal de Ensino Profissional e Tecnológico foi a base da articulação acadêmica que resultou no livro. Práticas e experiências em linguagens ensino, pesquisa e extensão nos institutos federais é organizado pelos professores Thiago Soares de Oliveira (Instituto Federal Fluminense) e Sóstenes Renan de Jesus Carvalho Santos (Instituto Federal do Mato Grosso do Sul). 

O professor Thiago explica que, ao perceber que na rede social falava-se de tudo e que o assunto havia despertado interesse, iniciaram-se as colaborações que resultaram nos textos. Alguns dos trabalhos foram pesquisados para o livro e outros resultaram de pesquisas em andamento, o que possibilitou a inclusão de estudantes que colaboravam nessas pesquisas. O professor conta que "foi uma experiência muito bacana e difícil de administrar, mas que resultou em um produto final muito bom". 

A Comunicação Social do Campus Campos Centro levantou três questões para o docente a partir da leitura do livro:

O livro nos oferece uma percepção de que falta investir mais em pesquisa e extensão nos institutos. É isso mesmo? 

Esse é um campo em que a gente ainda tem muito a fazer, especialmente nos institutos, criados a pouco mais de 10 anos. Imagino que alguns profissionais ainda não tenham entendido que o Instituto seria uma espécie de verticalização do ensino, pesquisa e extensão. Tanto que as bases em que os institutos se apoiam são as mesmas das universidades. Como muitos colegas ainda eram da época da Escola Técnica, do Cefet, as pessoas prezam mais pelo lado do ensino e, a pesquisa e extensão costumam ficar de lado. Uma pesquisa realizada num instituto nem de perto consegue alcançar o vulto de uma realizada em uma universidade. Nós temos no IFF um perfil docente muito diversificado. Só que, na área de pesquisa, a gente tem de crescer muito. Inclusive, quando há corte de verba, reestruturação, tudo ocorre primeiro na pesquisa antes de chegar ao ensino sendo que a lei dá um status igual ao ensino, pesquisa e extensão. O instituto é que não dá. 

Vendo nossa participação em eventos como o Confict, congressos, livros, tem-se a impressão de que apesar de tudo há um caminho que está sendo trilhado. As licenciaturas parecem puxar mais essa discussão...

O que tenho percebido é que como o perfil docente do IFF tem sido renovado, com professores que vêm já com doutorado e mestrado das universidades, acaba sendo mais comum, especialmente nas licenciaturas mais novas. Basta dar uma olhada que alguns artigos, capítulos ou a pesquisa, ela seja mais fomentada. Inclusive alguns já foram até professores de universidades como substitutos. Então a mentalidade que chega aqui é totalmente diferente de um professor que entrou na década de noventa dando aula apenas para o ensino médio e que passou a dar aula para o ensino superior, mas não desenvolveu aquele hábito. O problema não é com o docente em si, o problema é que a carreira foi desenvolvendo-se de uma forma e o docente foi acompanhando aquele desenvolvimento. A gente só chegou em instituto há pouco tempo. 

O livro permite que professores e estudantes do IFF conheçam o que se passa na rede federal?

Nos institutos, vários projetos muito interessantes têm sido produzidos, não só na área de pesquisa, mas também ensino e extensão. No livro, a gente consegue reunir pesquisadores dessas áreas e cada um deles consegue explicar o que eles fizeram e se essas experiências foram ou não exitosas. Isso que é interessante: mostrar como funcionou naquela realidade específica para, quem sabe, a gente possa reaplicar ou fazer algo semelhante numa realidade não tão semelhante àquela, mas por analogia.