Projeto de Extensão mapeia biodiversidade e história em comunidades quilombolas

Proposta foi a melhor do estado do Rio de Janeiro dentro da linha temática “Preservação do patrimônio cultural Brasileiro”, no Programa de Extensão Universitária (ProExt) do Ministério da Educação (MEC).

 Conhecer e mapear a história das comunidades quilombolas da região do Baixo Imbé. Este é o objetivo do Projeto de Extensão “Potencial Produtivo, Saberes Tradicionais, Biodiversidade e Memória Social em comunidades quilombolas do município de Campos dos Goytacazes”, idealizado pelo professor Luis Felipe Umbelino, coordenador do Curso Superior de Licenciatura em Geografia do campus Campos Centro, em colaboração com os professores Sérgio Risso (Neabi campus Campos Centro) e Marcos Leal Costa (campus Cabo Frio).

 A partir de oficinas, minicursos e visitas às localidades quilombolas, a equipe do projeto - composta por quatro professores e nove bolsistas - começa um trabalho ambicioso, que pretende realizar diversas ações para valorizar o patrimônio cultural da região. Dentre as metas estão a criação de um centro de memória em um antigo casarão que faz parte da história da comunidade e o registro de conhecimentos tradicionais, a partir da catalogação de tipo de agricultura, artesanato, culinária, músicas, danças, festas e do uso medicinal de plantas. Além disso, também está prevista a preparação de um censo demográfico da comunidade, bem como a confecção de cartilhas de turismo e de dança a serem oferecidas nas escolas e de um filme documentário que registre toda a experiência.

 Para o professor Umbelino, o mais importante de todo o projeto é que as ações estão sendo feitas de forma participativa, pois é essencial que os moradores sintam que fazem parte do processo, já que isso fortalece os laços de pertencimento com o território. “Trata-se de um grupo marginalizado, que fica de fora das políticas públicas em geral. Desta forma eles podem se sentir empoderados, verificando a importância deles como grupo dentro da sociedade”, garante o coordenador.

 Uma destas ações participativas aconteceu no campus Campos Centro, a partir de uma oficina sobre atrativos turísticos em áreas das comunidades quilombolas de Aleluia, Batatal e Cambucá, em Morangaba. Ao mesmo tempo em que eles puderam aprender um pouco mais sobre questões geográficas que atraem visitantes, puderam identificar quais pontos são interessantes turisticamente na região onde vivem, como cachoeiras, cavernas, territórios históricos relacionados à época da escravidão e patrimônios culturais. Tudo foi registrado a partir do programa Google Earth, que permite observar uma área via satélite e confeccionar mapas com os principais pontos.

(Oficina sobre atrativos turísticos aconteceu no campus Campos Centro.)

 Paulo Honorato nasceu e sempre viveu em Cambucá. Hoje ele é presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de ABC (Aleluia, Batatal e Cambucá) e presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Campos dos Goytacazes. Para ele, a ação do Instituto Federal Fluminense é muito importante por ajudar a fixar o homem no campo e nas regiões quilombolas, já que muitas tradições estão sendo resgatadas. “Através do projeto, podemos ter mais conhecimento, a fim de conquistarmos políticas públicas para a nossa região, como termos uma escola no campo, por exemplo. Estamos incentivando os jovens a não desmatar e a produzir agricultura orgânica”, conta ele.

 De acordo com o coordenador Umbelino, o projeto está sendo benéfico tanto para os alunos, quanto para a comunidade e, inclusive, para o IFFluminense. Para os estudantes, porque dá aos bolsistas vivência prática que os deixa em contato com a realidade local. Para os moradores, porque traz estratégias que podem ajudar a aumentar a produção de renda e a fortalecê-los enquanto grupo. E para o Instituto, porque está aliado à missão de inclusão social e à consolidação da comunidade local, dando a eles novas oportunidades.

(Moradores e equipe se reúnem em fundação de desenvolvimento das comunidades quilombolas do Imbé.) 

Sobre o projeto

 O projeto de extensão “Potencial Produtivo, Saberes Tradicionais, Biodiversidade e Memória Social em comunidades quilombolas do município de Campos dos Goytacazes” recebeu verbas do MEC, a partir do Programa de Extensão Universitária (ProExt), sendo a proposta melhor avaliada do estado do Rio de Janeiro dentro da linha temática “Preservação do patrimônio cultural Brasileiro” e estando entre as melhores do país. Ele também tem parcerias com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, através da pesquisadora Viviane Stern da Fonseca Kruel, e com a Superintendência de Igualdade Racial, vinculada à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. 


Tassia Menezes/Comunicação Social do campus Campos Centro