Projeto estuda variedades linguísticas do município de Cambuci
O projeto de pesquisa “Variedades linguísticas da cidade de Cambuci: da construção do corpus à discussão do preconceito linguístico”, coordenado pela professora de Língua Portuguesa do campus, Giselda Bandoli, visa à construção de um corpus onde serão registradas amostras de língua falada e escrita de habitantes do município.
A pesquisa será composta por depoimentos, com textos orais e escritos, de informantes da população, de ambos os sexos, faixa etária e níveis de escolaridade diversos, residentes na cidade e no campo. “A criação desse banco de dados com conteúdos de fala e escrita correspondentes tem como objetivo permitir a possibilidade de comparação entre as modalidades oral e escrita da língua, além de viabilizar o estudo e descrição de inúmeros fenômenos linguísticos variáveis, em contextos reais de uso da língua”, explica Giselda.
O projeto, que conta com o trabalho dos bolsistas Júlia Nogueira, Lucas Gomes e Nathália Moreira, alunos do 2.º ano do Curso Técnico Integrado em Agropecuária, está na fase de coleta de dados e transcrição dos textos construídos a partir das entrevistas e depoimentos.
(Bolsista Júlia Nogueira entrevista um dos informantes do projeto)
Giselda destaca que, além do mapeamento linguístico dos habitantes do município de Cambuci, a pesquisa está promovendo, entre os envolvidos no projeto, a discussão do preconceito linguístico enraizado na sociedade, a partir da leitura das obras “A língua de Eulália” e "Preconceito linguístico”, ambas de autoria de Marcos Bagno, renomado linguista brasileiro.
“Essa discussão se mostra muito necessária, já que vivemos em uma realidade em que muitos julgam depreciativa e desrespeitosamente a fala do outro, por isso a pesquisa está também procurando desconstruir mitos linguísticos cristalizados e difundidos, principalmente por um ensino conservador que prioriza apenas a prescrição de normas. Almeja-se, assim, o desenvolvimento de uma consciência linguística dos alunos, orientando-os para o respeito a toda diversidade, inclusive a diversidade linguística, pois respeitando a língua do outro, respeita-se também o outro, a sua identidade e a sua forma de compreender o mundo”, ressalta a coordenadora do projeto.
Giselda acrescenta que, após a coleta de dados e transcrição dos textos construídos, “a pesquisa caminhará para a análise de todo o material, para que fenômenos linguísticos sejam observados e estudados. Todo o material organizado posteriormente poderá ser publicado para que possa também subsidiar trabalhos de pesquisadores da área de Ciências Humanas e/ou outras áreas”, afirma.
(Bolsista Lucas Gomes durante entrevista a uma das informantes do projeto de pesquisa)